quinta-feira, 30 de junho de 2011

Olhei para dentro de uma loja de relance e imaginei ter visto meu pai, mas era um outro senhor.
Se fosse, teria parado o carro no trânsito das 18h, ligado o pisca-alerta, descido do carro e entrado naquela loja.
Chamar-lo-ia pelo nome e o abraçaria: "pai, eu te amo. Obrigada".
E iria embora.






segunda-feira, 20 de junho de 2011


Certa vez, existiu uma alma que sabia que era luz. Sendo uma alma nova, ansiava por experiência. "Eu sou a luz", dizia repetidamente. Mas todo o seu conhecimento e todas a suas palavras não podiam substituir a experiência de ser a luz. E na esfera onde essa alma surgiu, só havia luz. Todas as almas eram sublimes e magnificentes, e irradiavam o brilho da Minha grande luz. E por isso a pequena alma em questão era como uma vela sob o Sol. No meio da luz maior - da qual era parte - não podia ver a si mesma, experimentar-se como Quem Realmente Era.

Acontece que aquela alma desejava muito conhecer a si mesma. Tão profundo era esse seu desejo que um dia Eu lhe disse:
- Você sabe, Pequena Alma, o que deve fazer para satisfazer o seu desejo?
- Ah, o que, Deus? O quê? Eu farei qualquer coisa! - disse ela.
- Deve separar-se do restante de nós - disse Eu - e então evocar a escuridão.
- O que é a escuridão, ó Santíssimo? - perguntou a pequena alma.
- O que você não é.

E a alma compreendeu. Afastou-se do todo, chegando a ir até outra esfera. Nela, teve o poder de experimentar todos os tipos de escuridão. E o fez.

Contudo, no meio daquelas trevas, gritou:
- Pai, Pai, por que me abandonastes?

Vocês têm feito isso em seus momentos mais difíceis. Entretanto, eu nunca os abandonei. Estou sempre ao seu lado, pronto para lembrar-lhes Quem Realmente São; para chamá-los de volta ao lar.
Por isso, sejam uma luz na escuridão, e não a amaldiçoem.

E não se esqueçam de Quem São no momento em que forem rodeados pelo que não são. Mas louvem a criação, mesmo quando tentarem mudá-la.

E saibam que aquilo que fizerem no seu momento de maior sofrimento poderá ser a sua maior vitória. Porque a experiência que criam é uma afirmação de Quem São - e de Quem Desejam Ser.

(Walsch, N. D., in Conversando com Deus)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Determinados atos e palavras, realmente, são inexplicáveis.
Algumas vezes, deixei meus óculos ou as chaves do carro em alguma dimensão paralela e me perguntei:
"por que raios eu faço isso comigo?"
Como é que eu vou querer que os outros me expliquem determinados atos?





Mas eu sempre acho meu óculos ou as chaves.
E aprendi a prestar atenção no que faço.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Só o nós



Se eu não tiver os olhos abertos e um coração atento,
de nada adiantará que a mais linda e incrível beleza esteja na minha frente.
Aprendo constantemente que vida é feita de dois polos:
o meu e o outro.

Nessa intersubjetividade, residem os sentidos.
Para essa intersubjetividade, preciso sair de dentro de mim. Só assim te alcanço.
Para essa intersubjetividade, precisas sair de ti. Só assim me alcanças.
Aos nossos sentidos, então, nada mais é necessário.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Bom dia, dias!

Pessoas discutindo causa menos embaraço do que pessoas se beijando.
Insistem mais nos debates do que nos consensos.
A proteção do nosso ego é mais forte do que a proteção da nossa espécie.
Há tanta força na manutenção de preconceitos e na separação do "eu" e do "outro", apesar de o "outro" não ser um "não-eu", mas sim um "eu diferente".
Manter rigorismos tradicionais é mais fácil do que pensar e enxergar de uma forma diferente.

Preguiça ou medo?




um homem, quando está em paz, não quer guerra com ninguém...
para quem tem o pensamento forte, o impossível é só questão de opinião.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Merece Post III - E aí?!


Recebi, hoje, o seguinte comentário no post Caos masculino I*: bonzinho x malvadinha:

"Anônimo disse...
Eu na verdade fiquei um pouco revoltado sim... Acho estranho o fato do cara poder chegar e toda mulher pensar que ele quer sair pra fazer sexo... Acho até errado pensar que a pessoa dispensa o cara por se achar a ultima coca do deserto, e pensar que pode conseguir coisa melhor... Não sabe se o cara pode te fazer a pessoa mais feliz do mundo por uma noite ou pelo resto da vida... ok então...
Façamos uma experiencia, então. Proxima vez que sair com sua amiga, leve um papelzinho dizendo, FAVOR NÃO INCOMODAR".


Como é um comentário de um anônimo, não se pode falar em exposição ou agressão à imagem de qualquer pessoa. Assim, teço algumas ponderações, com muito prazer, dentro do corpo do que escreveram. Vejamos:

Eu na verdade fiquei um pouco revoltado sim...
Bem-vindo! Este é um lugar propício para os revoltados.
No caso em específico, no entanto, sua revolta frente a esse post pode indicar que algo parecido já aconteceu com você.
Ou interpretou equivocadamente o que escrevi.
Ou interpretou na linha do que aconteceu e só pensa diferente.
Ok :)

Acho estranho o fato do cara poder chegar e toda mulher pensar que ele quer sair pra fazer sexo...
Sexo!? Quem falou em sexo?!
Bom, eu não sei, pois em momento algum falei que qualquer um desses caras queria "sair pra fazer sexo".
E dificilmente eu tenha pensado isso no momento.

Acho até errado pensar que a pessoa dispensa o cara por se achar a ultima coca do deserto,
Também não gosto de prepotência, mas cada um que sabe escolher com quem vai se relacionar, ainda mais quando a outra pessoa é prepotente.

e pensar que pode conseguir coisa melhor...
Também considero equivocado o pensamento de "há pessoa melhor para mim". Não há absoluto nisso. Mas, como disse anteriormente, cada qual sabe de si e cada um sabe o que é melhor para si.

Não sabe se o cara pode te fazer a pessoa mais feliz do mundo por uma noite ou pelo resto da vida...
Não posso dizer por mais ninguém, só por mim: não deposito o "me fazer feliz" em ninguém além de mim. Esperar que alguém me faça a pessoa mais feliz do mundo é adiar a minha felicidade (eu teria sido infeliz até hoje esperando o Artur me fazer a pessoa mais feliz do mundo!).

ok então...
ok então...

Façamos uma experiencia, então. Proxima vez que sair com sua amiga, leve um papelzinho dizendo, FAVOR NÃO INCOMODAR.
Qualquer pessoa, ao se aproximar da outra, há de ter o mínimo de sensibilidade para saber se tem ou não abertura para manter uma conversa.
Nessa ocasião, fomos bem-educadas com as pessoas que nos interpelaram. Contudo, não entenderam, desde o início, que não estávamos procurando ninguém para "nos fazer as pessoas mais felizes do mundo", por uma noite ou pelo resto da vida - apesar de termos deixado isso bem claro.
Sabemos muito bem que a maioria dos debates desse tipo iniciam-se com uma má comunicação. E nós nos comunicamos claramente de forma verbal e não verbal (além de falar claramente o que queríamos e o que não queríamos, não estávamos vestidas nem nos portando de modo a atrair atenção).
Talvez o problema tenha sido, usando uma expressão sua, que alguns caras se achem "a última coca do deserto", pois devem acreditar que, na insistência, poderiam fazer com que mudássemos de ideia ou que desmascarássemos a suposta e malfadada "sedução" de dizer "não" no lugar de "sim" (atitude que acho o absurdo, como já escrevi em post anterior).

E, por fim, a ausência de qualquer papelzinho ou plaquinha, por acaso, indica INCOMODE-ME?

domingo, 5 de junho de 2011

Passado enraizado


Parei, não sei quando, e senti: o que existe, de fato, é só o agora.
É sério.
Ok, isso tem uma conotação filosófica, mas, nem por isso, menos real.
O real é agora.
Ok, muitos falam isso, mas quantos o sentem de fato?

Sentir o presente é deixar de trazer todas as lembranças passadas como se elas ocorressem agora - não, não ocorrem. Vivemos em incessante processo de (re)(des)construção e estamos permanentemente em mudança, escolhendo sempre qual caminho seguiremos.

Agarrar-se em um acontecimento bom para manter um estado estático do ser é iludir-se.

Insistir, por exemplo, em um relacionamento em ruínas, que não possui nenhuma probabilidade de recuperação, só porque, um dia, o outro se encaixou em seu padrão de identificação, é manter-se em uma prisão relacional que impede qualquer forma de emancipação, por mais que todos insistam que a relação já está fadada ao fracasso.

Se o outro não foi visto com a devida liberdade de existência, se seus defeitos foram ignorados para que ele pudesse se enquadrar no estereótipo desejado, foi impedida a observância de suas mutações vitais. Assim, foi ignorado o conhecimento de quem ele é de verdade. Como insistir, portanto, em um relacionamento cujas pessoas negam em conhecer (relativamente) umas as outras (bá, isso volta ao conhecimento de si mesmo - assunto para outr momento). Não se engana somente o outro; engana-se a si mesmo.

Manter-se em um lugar que, outrora, trouxe diversos benefícios, mas que, agora, não há mais nada a oferecer é obstar que outros lugares possam lhe dar mais, é evitar o crescimento em outra localidade.

É importante, sim, lembrar de acontecimentos bons, mas não como uma pedra de salvação, mas para firmar valores humanos que merecem ser reiterados. Se o relacionamento não tem chance de trazer mais felicidade ou se o local não possui mais atrativos, por que não mudar?

E as mágoas, os dissensos, os conflitos passados? Passaram.
A partir disso, muitos extraem experiências, dentre elas "não posso confiar em tal pessoa", "não tenho condições de tentar isso", "não posso confiar em mim mesmo", "o certo é agir de tal modo".
Mas a "tal pessoa" pode tornar-se confiável, pode-se lutar pelas condições, pode-se conhecer mais a si mesmo e, assim, ser mais seguro de si, o certo pode-se tornar errado, preconceituoso, maléfico à sociedade.
Um processo, feito pelo presente.
Tudo muda... e manter uma situação desagradável passada no presente é engolir cotidinamente a amargura.
Semrpe há uma outra maneira de se encarar a vida. Sempre.

O passado deixa raízes que nos sustentam, sim.
Raízes emocionais, culturais, protegidas.
Algumas delas, fixam-nos numa zona confortável onde conhecemos tudo, todos os passos, todos os tempos, todos os cantos, todos os sons e sabores. Zona de segurança, mesmo que inexistente na realidade, mas viva por ilusão em nossa mente.
Dissociamo-nos, assim, do que é vivo. Tornamo-nos autômatos manipulados por dores e amores que em nós apodreceram e apodrecem diariamente em nosso oco, porque assim queremos.
Essa raízes impedem a mobilidade vital. Já estão mortas, mas insistimos em lhes destinar seiva para suportar a sua realidade de ilusão.

A vida, contudo, só recebe inovação se, em nosso consciente, deixarmos morrer tais raízes.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Falsos aplausos



Todos queremos aplausos.
As batidas das mãos inflam o que chamamos de ego e nos elevam às alturas, às nuvens, à sensação de sonho realizado.
Recebemos aplausos porque quem os faz concorda conosco. Eles e nós temos algo de comum, compartilhamos preferências que devem ser exaltadas, principalmente para o fortalecimento daquilo que eles acreditam.
Mas não somos iguais.
Em algum momento, pensaremos diferente, agiremos de uma forma despadronizada e defenderemos posições não-usuais.
E as pessoas se assustam com o diferente. De início, elas acham o diferente errado, mas se saírem um pouco de sua superficialidade, verão que o que está mesmo errado é o medo de mudar, que resta impregnado em seus corações. Infelizmente, contudo, não são capazes e/ou fortes o suficiente para enxergar em si o equívoco e continuam apontando o erro no outro.
Assim, não aceitam que os outros mudem - pois precisam de mais e mais pessoas que pensem consigo para o fortalecimento do que são. Enquanto os outros afirmam, tácita ou expressamente, que estão certos, não há necessidade de mudar nada.
Afinal de contas, pensam, como a maioria vai estar errada?



São nesses momentos em que nós, que somos capazes de pensar diferente, não ouvimos mais os aplausos.
No início, é assustador. O silêncio é tamanho que ouvimos o caminhar nas lágrimas por nossa face e os gemidos que se tornam ecos infindáveis ao nosso redor. Estamos sozinhos.
A diferença real é que, no nosso palco, nas nossas escolhas, não vamos ficar tentando agradar a plateia para receber novamente os aplausos.
Não.
Aceitamos o silêncio.
Um pouco depois, a única coisa que conseguimos ouvir são nossos próprios passos, seguindo o caminho que nosso coração nos apontou ali atrás... nosso verdadeiro coração, o espiritual, e não o egótico.
Ainda no silêncio, ouvimos outras batidas: os corações dos que estão do nosso lado, dos que firmam, dos que também estão em silêncio porque se assustaram com o abandonar dos outros.
Sorrimos: estamos e não estamos sozinhos. Somos nossa melhor companhia e nossa melhor solidão.
Enxergamos, então, que não precisamos de aplausos.
Não queremos a fantasia dos gritos da multidão que só aceita aquilo que ela impõe como certo.
Não queremos nos iludir com os apoios falsos, cujos personagens são fictícios e só estão do nosso lado enquanto nos voltarmos às suas vontades egoísticas.
Não.
Queremos vida, e vida em abundância.
Queremos humanidade no lugar de confrontos; cooperação no lugar de competição; amor no lugar de cifras.
Queremos a afirmação do que realmente somos no lugar de aplausos.