terça-feira, 15 de outubro de 2013

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Curiosa época em que os sentimentos tornaram-se gélidos ao se verbalizarem em compartilhamentos, em silvos e em atos de curtir.

O amor esfriou.

Felizes e possivelmente completas as pessoas que, hoje em dia, sabem o que é um olhar, um abraço, um afago, um cumprimento, o toque.

Curiosa época em que, muito além do ser e do ter, prima-se pelo parecer. Não se é feliz nem se tem convívio, mas se aparenta a socialização intensa. É-se tímido, mas se fotografa desinibido. Aparenta-se. No vazio - que só é vazio porque se desconhece o interior. E nem se busca conhecer, porque o exterior lhe urge mais.

O amor esfriou porque ele se aquece no interior, no questionamento, na ausência de barreiras externas, no conforto, no desapego consciente e na consciência de se compartilhar. Mas se com-partilhar com o outro requer mais do que aparência; requer essência.

O amor, o que goza e o que sofre - ambos no fogo- , pede essência. Aparência só concede o tédio.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

É...

Algumas mães criam seus filhos para serem homens.
Outras, para continuarem sendo filhos.



quarta-feira, 31 de julho de 2013

Paz

Paz sem voz não é paz: é medo.

A minha paz reside no consenso: o entrelaçamento de ideias e de almas simplesmente me fascina. A entrega daquilo que poderia ser só meu para tornar-se teu é uma das mais valiosidades que posso oferecer.

É a aventura da essência, ameaçando o ego, que se envolve na fusão de algo maior que si mesma. Pode parecer cansativo, mas isso, para mim, deve ser constante. Não que represente o abandono completo de si, mas sim a renúncia de alguma estrutura impeditiva de alcançar algo maior e restrita somente a mim.

Algumas estruturas são dolorosamente viscosas à própria identidade - é o que é gritado pelo ego. Outras, simples de afastá-las, como uma pena. E todas representam uma perda que é vitória: a da paz com o outro.

A minha paz demanda diálogo. O aberto, o verdadeiro, o de esperança. O aberto para com o entendimento do outro; verdadeiro no que se propõe; na esperança de que a importância está na união, e não na razão inidvidual.

Vejo que muitos se fecham pelo medo, aparentam-se pelo status e não esperam mais nada além de guerra. Guerra velada contra os outros, numa batalha infindável por definições correlatas e entendimentos semelhantes e guerra contra si mesmo, na luta para alimentar o medo de se perder.

Sem diálogo, sem entendimento, sem compreensão? Sem voz. Sem voz, não é possível paz. Paz, com voz. Paz, sem medo.

 

"There are times when people don't mean what they say. Behind all their hurtful words are hopes that someone will understand their cryptic pleas for help and comfort
There are times when hugs can solve everything."
 


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Conveniente

E ainda continuamos assim.

O que interessa é o conveniente. Tudo que o extrapola, entenda-se como toda a liberdade de expressão, é indiferente.

O conveniente é o padrão de benefícios que são oferecidos pela presença ou distância e, assim, tornam-se invisíveis todas as possibilidades e escolhas advindas da riqueza de ser a plenitude, e não de simplesmente parecer o que querem.

Por consequência, surge a tendência de enquadramento ao conveniente, a limitação da própria essência a tal conveniência. E isso é brutal: um dia, simplesmente, acorda-se e não se acha mais. Sua identificação só existe na conveniência, sua especialidade só remanesce no que for condescendente.

É em estado latente e marginal que se potencializa a vontade de existir mais, dançando, rindo, na observação, na prática. É nessa marginalidade em que se encontra a necessidade de identificação: nossa identidade sedimenta-se no outro... e em qual outro poderá se dar o potencial que, agora, é invisível?

O identificável de agora é limitado: diversão, cheiro, aconchego, suposições que carecem de esperança, interesse passivo. Mas há muito mais disso e diverso que surpreende pela necessidade de espelho: apreciação instantâneo e duradoura, conversas e tempo de qualidade, interesse ativo, esperanças iluminadas e solidárias aos desejos.

Há muito mais já invisível do que conveniente. Há muito mais já perdido do que o que se tenta, às custas da identidade, manter em salvação.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

V ou F



Hoje foi ouvido que você nunca esteve aqui cem por cento. Ou algo assim.
Não é uma frase sem impacto, por óbvio. É uma frase que diz: "e você? Vai continuar na inércia ou fazer alguma coisa?". É uma afirmação que provoca a reagir, instiga a mudar a atitude.

Mas, em qual sentido?

Não sei se é possível afirmar que que foi feito o impossível, como se habitua, mas se tem a certeza de que muito do possível foi feito. Às vezes, esforços além do humano foram insistências na manutenção do laço ou na provação de sentimentos.
Não há como mudar para o esforço, pois este já era um padrão. Um esforço de pacificação, de alteridade, de agrado. Pode não parecer, mas muita coisa foi pensada, planejada e posta em ação, por mais que, para você, possa parecer natural. Muita coisa foi pensada com cuidado e com carinho para o seu conforto e descanso.

Não há mais forças para tentar mais. Sinto muito pelo meu vigor apaixonado ter se esgotado nas tentativas de supressão da minha liberdade de pensar, agir e sentir.

A única alternativa que se vê para tal estado é que nada mais de esforço terá resultado.
Inicialmente, então, conclui-se pela desistência. E, depois, pela inércia qualificada, que se diferencia da normal. A normal é a indiferença; a qualificada, contém a torcida.
A torcida, a preferência para que dê certo, apesar de não se poder fazer mais nada. A preferência de que todos aqueles esforços não tenham sido em vão.?

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Na maior parte do tempo, precisamos de modelos comportamentais, únicos ou entrelaçados, que nos conduzam à melhor decisão - do mínimo ato à grande previsão de mudança de rota.
São modelos a posteriori: temo-nos pela experiência, erros e acertos, nossos, de outrem. Raras são as perspectivas a priori, em que já sabemos como nos conduzir instintivamente e tal forma é a mais adequada, considerando-se diversas variáveis e variantes.
Humanizamo-nos, de fato, com o tempo.

terça-feira, 12 de março de 2013

:)
Parece que a perda se alastra: desânimo, apatia, falta de forças para brigar pelo que antes fazia diferença.
A sensação geral é de anestesia depressiva, que impede de se movimentar e sair do foço das desilusões e crenças quebradas.

O projeto que seria o apogeu da vitória precisava de um outro esforço para se completar... o que não foi percebido. Esse outro esforço tem seu próprio tempo, e sua própria vontade, o que não vou, equivocamente, levado em consideração no momento do planejamento e da assunção de riscos.

Os riscos foram assumidos: novo lugar, novas problemáticas, novo contexto. Um contexto que, agora, torna-se pesado demais para se carregar sozinho. Um contexto que, de repente, desfaz-se aos pedaços: é uma estrutura aramada e pouco concretada (ainda em construção), linda na planta, mas que, agora se despedaça na minha cabeça e me tonteia.

Na tontura, perdem-se imagens, limites, sentimentos e esperanças. Na tontura, procura-se o chão para se ter estabilidade. E, nesse chão, só se vê o chão: imutável, apático, lugar-comum daqueles que não sabem quem são e nem sabem para onde ir.

Não sei quem sou. Não sei mais o caminho. Não sei mais quem pode estar do meu lado.

A solução temporária é ficar parada e só cuidar para que o resto não desmorone.

sábado, 2 de março de 2013

Osho rompe (como sempre) como o senso comum e afirma que a confusão é para poucos, é para os inteligentes. Somente aqueles que se mantêm presentes em seu cotidiano e abertos às experiências inter*subjetivas são capazes de se sentir confusos, eis que a certeza de qualquer coisa é indício de mediocridade.

O pensamento conforta a alma, que se vê confusa diante de tanta instabilidade criada por ela própria: a conexão com outra pode ser fácil, mas nem sempre se traduz em concretização de projetos.

E o conforto é mais doce quando se percebe de que ela viveu e acreditou, por fé, no amor.

A confusão é-lhe a benção de sua fé e de seu coração: é a possibilidade de se re*conhecer e de se re*aprofundar. É a benção das novas possibilidades e o desarme das estruturas que se petrificavam.

Tudo, então, se renova e se refaz.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Não tinha teto, não tinha nada

Naquela casa cinza há um silêncio rasteiro, omissivo e enebriante. A letargia que sua névoa provoca é sufocante, causa cegueira e oferece a passividade estanque.
As circunstâncias mudam, mas o núcleo de sua estrutura mantém-se intacta pela força que se dá ao silêncio. Poucas vozes, fracas e roucas, chegaram a se erguer, mas foram brutalmente forçadas a emudecer.
Calaram-se as forças internas e poucas forças externas conseguem lá adentrar: somente para mais alguns dias, para mais uma semana.
A desordem povoa a alma do lar que se faz uma cela aberta, onde os que lá estão devem seguir as ordens: silenciar-se. Apenas banalidades são ditas; poucas verdades são abertas... e nenhuma revelada. Os que lá permanecem seguem essas regras, que não são as determinadas: são as veladas. O silêncio é a regra de ouro... o ouro que formou as correntes e as mordaças. 
 
O ímpeto da descoberta espera o momento, mas se fortalece antes para que não seja encoberto pela névoa emudecedora.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Just A Dream

Foi só um sonho...


Quem serei eu se continuá-lo? Quem serei eu se quiser acordar ou sonhar outra coisa?

Para você, meu querido: esse e o próximo post.

domingo, 6 de janeiro de 2013

ur so biautztiful


"Em momentos de segura soberba, é claro ver que agir é muito simples e impor seus pensamentos é ainda mais - desde que você se mantenha recluso em seu ego e não se importe com os demais ao seu redor. Mas, quando você quer se abrir à atmosfera de crescimento interpessoal, é preciso que você se abra, inicialmente, contra si mesmo. É preciso de abrir de modo a colocar à prova todas as suas seguranças: suas crenças, hábitos, comportamentos, manias, preconceitos. Na sua abertura, tudo pode ser questionado, inclusive você mesmo. É aí que está a potencialidade de grande dano ou de grande evolução para si mesmo. Um dos maiores conflitos que se mostram, então, é que o questionamento que alveja sua existência e razões é emanado de outra pessoa. Uma pessoa que, muitas vezes, não demonstra a mesma facilidade de abertura ao encontro interpessoal e que, em muitas outras vezes, é o alvo de sua própria arrogância... o outro como diverso de você e, por isso, estranho ou equivocado. Pelo trovão de agora, lembro que adoro chuva, especialmente porque esse tempo me faz ficar em casa com ela, dividindo mais que 24 horas diárias de mútua presença marcante. Em um dia, temos uma vida. E como eu aprecio a presença dela. Tanto que, por ela e por mim, com o objetivo de nos tornarmos cada vez mais nós, abro-me numa resolução quase infinita de não magoá-la, de não interferir em suas vontades, de querer realizá-la e de, especialmente, não quebrar climas. Resolução quase infinita porque meu ego aqui gosta de fazer escândalos internos e, em algum momento, esse eu tem um limite: o limite do "deu". A revolução e a tormenta homérica que cada escândalo endógeno provoca me faz, juntamente com os questionamentos dela, a questionar minha própria estrutura existencial. O caos se estabelece e, aparentemente, toda a construção mental desmorona. Em poucos instantes, contudo, vejo que o "deu" não é tanto assim, comparada à esperança de eu tê-la sempre por perto. Tenho mais força e posso lutar mais contra mim. Sim, eu consigo... eu consigo lutar para mantê-la em meus braços nesses dias chuvosos. Só preciso de menos de mim".