Curiosa época em que os sentimentos tornaram-se gélidos ao se verbalizarem em compartilhamentos, em silvos e em atos de curtir.
O amor esfriou.
Felizes e possivelmente completas as pessoas que, hoje em dia, sabem o que é um olhar, um abraço, um afago, um cumprimento, o toque.
Curiosa época em que, muito além do ser e do ter, prima-se pelo parecer. Não se é feliz nem se tem convívio, mas se aparenta a socialização intensa. É-se tímido, mas se fotografa desinibido. Aparenta-se. No vazio - que só é vazio porque se desconhece o interior. E nem se busca conhecer, porque o exterior lhe urge mais.
O amor esfriou porque ele se aquece no interior, no questionamento, na ausência de barreiras externas, no conforto, no desapego consciente e na consciência de se compartilhar. Mas se com-partilhar com o outro requer mais do que aparência; requer essência.
O amor, o que goza e o que sofre - ambos no fogo- , pede essência. Aparência só concede o tédio.