domingo, 29 de agosto de 2010

Memória auditiva - OMG :D

Não sei onde ouvi, nessa semana que passou ainda, que a memória olfativa pode trazer uma série de lembranças em maior quantidade do que qualquer outro sentido. E isso é fato muito sério para mim: nesses dias, senti o cheiro da faculdade (lá pelo 3º ano), do meu primeiro namorado, dos dias de sol na praia e dos de chuva em casa, nas férias.

Mas, neste ano, minhas lembranças auditivas estão extremamente aguçadas, especialmente com músicas, que são quase que o clipe da minha vida :D

E, mais particularmente ainda, são músicas que me lembram lugares - mais excepcionalmente aiiinda, músicas que me lembram Floripa... ah, Floripa:

Para o início do dia, com sol:


Para o trânsito caótico:


Para um pensamento perdido:


Minha prima linda e rebolativa Jeh :*



Meu primo quando eu quero estudar (aushaushuahsuhaus):


Para dançar no TICEN:


Para o coração:




No cansaço:


AMO FLORIPA (L)

sábado, 28 de agosto de 2010

(des)conexa aurora

  
Às vezes, olho para trás. Não de forma saudosista, mas só para eu poder ver onde estou no presente. O passado me serve de referência.

Em algumas dessas vezes, lamento tantos erros que cometi, principalmente os que se referem a outras pessoas, sejam as que não me fizeram bem, sejam as que eu não tratei bem.

Como forma de preservação da minha sanidade, tenho por raras as vezes em que não pude dispensar um tratamento bom a alguém - mas isso também é relativo. Nas oportunidades em que vi que fiz um mal ou quando fui alertada disso, procurei retratar-me e entender a razão do meu comportamento equivocado.

Já as pessoas que não me fizeram bem... bem, na verdade, isso depende do que eu esperava delas - agora estou bem mais lúcida com relação a isso. Muitas não corresponderam às minhas ansiedades, mas mais porque eu estava dissociada do que realmente havia entre nós - hoje eu vejo.

E vejo, também, quanto tempo eu perdi com isso. Não com essas pessoas diretamente, mas com fantasias perdidas de minhas ansiedades outrora desconhecidas e, por isso, perigosamente descontroladas. Comecei a me enxergar e, assim, foi possível ver a nitidez dessas outras pessoas - a nitidez de seus disparates.

Mesmo que indiretamente, perdi tempo com elas porque queriam me passar uma imagem que eu, sim, aceitei. Uma imagem de dignidade suprema, de vaidade, de segurança, que fora admirada por mim e, por isso, quis estar perto delas para, quem sabe, aprender, melhorar, crescer. Na intimidade com tais pessoas, percebi: sua dignidade fora comprada numa concessionária, sua segurança, num shopping, sua vaidade, em outro país. Com bens materiais e superficilidades, fizeram sua armadura de estabilidade, venderam sua imagem e ainda tiveram lucro. Além dessa máscara, contudo, há vazio, concupiscências às custas dos outros, interesses pegajosos e mesquinhos. Há testes de personalidade: tentemos isso para ver até onde ele/ela vai ou sejamos assim para ver quem ele/ela é mesmo. Não digo nem que inexiste sinceridade, digo que inexiste objetividade e verdade consigo mesmo.

Há, sim, perda de tempo em devassar o outro, em esmiuçar seu mente e seu corpo em troca de satisfação lasciva e corrupta. Há a concorrência de quem pode mais, de quem tira mais, a fim de que uma hierarquia seja estabelecida: eu posso mais que vocês. Concorrência desenfreada que não dá oportunidade à cooperação. Soberba para ter segurança. Segurança para se sentir forte e não ser atingido pelos outros. Não ser atingido em sua pequenez, não ser atingido em suas fraquezas - que faz de conta que não as possui.

Hoje eu vejo grandes chorarem e se desiludirem com suas companhias, com seus cargos, com sua vida. Vejo grandes não sabendo onde se achegar para um conforto, para um abraço, para uma possibilidade de confiar em alguém - pelo amor de Deus. Acabo concluindo (talvez erroneamente) que tais também se iludiram, como em algumas vezes eu fiz. E, talvez, hoje eu também esteja chorando por essas desilusões e me perdoando pelas fantasias que eu criei para construi-las e mantê-las.

Vejo, também, que não só me afastei de muitas pessoas que não foram objetivas nem comigo nem com elas próprias, mas me afastei de mim mesma. Mas não de mim EU, mas de mim alguém que aqui havia, que se alimentava de coisas que hoje nem fazem mais sentido para mim, que se vestia e se maquiava de um jeito que, atualmente, não condiz com o que sinto que sou mesmo.

Esses dias ouvi uma psicóloga falando sobre identificação e em como as pessoas usam estilos e comportamentos criados por outrem para se identificarem com a sociedade até atingirem o nível de se identificarem com o que são, realmente. Passei a pensar bastante nisso e ainda não cheguei a uma resposta sobre o que acontece/u comigo, mas pressinto que seja algo equivalente - mesmo eu crendo que nunca imitei ninguém para eu poder ser eu... ou em raras vezes, na adolescência, em que me sentia insegura e me apoiava nas imagens de pessoas mais fortes que eu.

E, agora, todas as imagens se quebram - as aparências dos outros já tinham se quebrado, mas, hoje, são as minhas. E eu que achava que não tinha - daqui a pouco, estarei só no miolo de tanta lascas que tiro de mim.

E as pessoas com as quais perdi tempo me ajudaram a chegar nesse ponto: ao não corresponderem uma fantasia que nem sabiam que existia, desiludiram-me, ajudaram-me a ver a realidade (sem entrar no questionamento do que é realidade e se ela realmente existe) e poder fazer algo por mim mesma.

Vejo, assim, que não sendo pessoas que se fazem presente em minha vida (as minhas queridas pessoas eternas, que valem por si só), tais foram-me pessoas de imagem-passagem-mensagem: com suas imagens que escondem um oco, passaram pela minha vida e me deixaram uma mensagem. Uma mensagem não sobre elas, mas sobre mim.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Lunettes - Qual o tipo de óculos que mais combina com o seu rosto?


Bah, olha que tal: é só selecionar uma foto sua, escolher o óculos e a márrica é feita.
Adorei :D
Daqui, ó: http://www.krys.com/simulateur

:*

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Riso, grito e gozo do bem amado


 Você não pensa em mim. Você nem sabe o que pensar sobre mim, pois não me conhece. Você pensa em seus desejos, que são ansiados por imagens e situações que te deram prazer e que se assemelham, de alguma forma, ao que eu represento/apresento ser. Sou como qualquer um possível encaixe para as tuas satisfações.

Você não me quer. Você nem sabe o que é me querer. Você quer preencher suas necessidades físicas e afetivas e pouco importa se eu, efetivamente, poderia preenchê-las. O que importa é a sua fantasia.

Você nem ao menos me vê. Você vê qualquer uma que possa distrai-lo, ocupá-lo, amá-lo do jeito que pensa ser o perfeito. Qualquer pessoa, assim, pode ser alvo de seu olhar indiscreto, de seu abraço constrangedor, de seu jeito que insinua de forma devassa. Uma devassidão que não é boa, que é quase suja.

Você não me ama. Nem vai me amar. Porque você ama a si mesmo e, em seu coração, nao há lugar para mais ninguém. E, além disso, porque você não vai amar quem não vai satisfazer as suas carências.

domingo, 22 de agosto de 2010

Revelações em caos


 Revelaram-me que, quando era criança, eu assombrava os outros com a naturalidade com a qual eu tratava a morte. Aos sete anos, dizia:
- O tio está doente? Mas vai morrer mesmo algum dia...
Era rapidamente interceptada por algum parente:
- Ai, Grazielly, não fale assim, querida...
E eu, rapidamente, respondia-lhe:
- Ah, mas tu também vai morrer, oras.
Em seguida, outro parente me chamava a atenção:
- Para, guria!!
E eu, com a maior naturalidade:
- E tu também vai morrer.
- Mas não é para falar assim, menina!
- Oras, mas vai acontecer, não vai?



Grazielly AB, desde a mais tenra idade assombrando os outros :D

Cruzes!
 
Alguém pode me explicar porque algumas pessoas gostam de se rotular conforme as comunidades do orkut? Querer impor limites ontológicos a si mesmo já é meio estranho, imagine só se colocar em cercadinhos que advêm dessa rede social.

A little bit

 Talvez tenhamos um pouco mais de paz quando nosso sistema de percepção emotivo parar de selecionar, somente, o amor eros como única resposta certa às nossas necessidades. Será quando passaremos a  aceitar e a pôr em igual nível hierárquico o amor philia e o amor ágape.

sábado, 21 de agosto de 2010

De plantão

 
Determinar regrinhas como "homens são desse jeito", "mulheres são de tal maneira", "faça isso e ganhe fácil quem você quiser", é superficial e inútil. A complexidade humana de seus gêneros não pode ser resumida violentamente a normas programadas sob pena de perder toda a sua riqueza, espontaneidade e criatividade. Agir sob tais regras é, fatidicamente, ceder ao que há de mais temoroso no mundo dos propensos realistas: fantasiar alguém, manipular situações, fantasiar um relacionamento, iludir você mesmo. Perde-se tempo, trunca-se o coração e vicia-se numa brincadeira que não retrata a realidade, apesar de ter esse viés.

ownnn



Daqui.
O Eminem já tinha voltado há mais de um ano, mas nenhuma música dele havia me afetado tanto quanto "Love The Way You Lie", possivelmente pela mistura da voz doce da Rihanna, pela melodia (repetitiva mas) suave e pela levada que só o Eminem sabe fazer.

O clipe, também, atinge a alma: a sonoridade intensa e macia misturadas com o visual. Não tanto pelos belos atores (Megan Fox e Dominic Monaghan), mas pelas cenas que interpretam.

Sugiro cenas 1.23 e 2:40 :D



Só a maior parte da letra que não curti: é algo como "bate que eu gosto".

Now you get to watch her leave
Out the window
Guess that's why they call it windowpane

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Caos masculino XIII - Zumbis

Eu não sei  o que acontece com algumas pessoas que resgatam do baú histórias esquecidas e si mesmas da mente de outras pessoas.

Foi o que aconteceu, com o que segue: história de 5 meses atrás, em que as partes deixaram de se falar por causa conveniência de uma, que não mais ligou, e da outra, que não veio atrás. Ok, nem é tão antiga assim, mas esquecida como se tivesse ocorrido há uns 20 anos - se minha imaginação é foda supimpa, minha memória para esse tipo de assunto também: faço questão de, simplesmente, esquecer os fatos sórdidos e ficar com a lição. Mas não me venha desenterrar passado e querer dar uma de bonzinho, depois de falar para os outros que me mandou praquele lugar.

Email dele:
Sei que não deveria estar te escrevendo esse email pois sei q te magoei muito, mas quero muito te dizer  que um dia eu vou ter a oportunidade de falar com vc... tudo o q aconteceu comigo ta.
mas quero muito teu perdão.[...]
Resposta dela:
Oi, Fulano. Vc não me magoou, fique tranquilo.
Afinal de contas, fui eu que não quis mais falar com vc.
Só não acho nada legal vc ficar falando mal de mim por aí. Isso é coisa de guri pequeno.
Mas se tu precisa ficar falando que "me mandou à merda" pra tu se prevalecer e passar por bonito na frente dos outros (como se tu tivesse dado o fora em mim), faça o que quiser :D
Sinceramente,  eu não me preocupo com isso. quem eu sirvo é quem se preocupa.
E, se tu PRECISA de perdão, ok: tá perdoado (mas nem sei pelo quê).
E tua história é TUA, não precisa contá-la para mim. Não preciso de explicações e nem me interesso por saber o que aconteceu: você é quem sabe da sua vida.
Não estou sendo grosseira: estou sendo sincera ao deixar claro que vc que é reponsável pelos teus atos e que isso não tem nada a ver comigo :D
Fica com Deus. 
Orra, 'tá loco.
São nessas consequências que a gente deve
começar a repensar os contatos ¬¬

Diálogo entre botões


- O que ele quer, afinal?
- Eu não sei... uma hora, demonstra ser um bom amigo e dá um aperto de mão; outra hora, olha com a alma e abraça forte. Demonstrações de amizade e relacionamento amoroso se intercalam. Eu não sei.
- Não consigo lê-lo também. Seu comportamento não é conveniente: é vacilante, dúbio.
- E o que pensas: preferias que se abrisse, caso suas intenções sejam de amor?
- Mas acho que não é amor. Na verdade, não sei direito o que é amor; porém, parece que quase sinto o que não é amor... e sinto que não seja este comportamento que vejo, essas idas e vindas de outras pessoas. Essa falta de parceria constante com o suposto objeto/sujeito amado. Só se ele quisesse evitar percalços em outras relações... mas por que se silenciar? Bom, entrementes, seria difícil acreditar em algum sentimento. Minhas convicções ainda não desestruturadas não me permitem avançar e enxergar essa possibilidade como válida.
- E se for amizade, te sentirias, quiçá, menos querida por alguém como deveria ser ou queria que fosse?
- Não. Por enquanto, basta-me o que temos.
- E nos restamos sozinhos? Sem amor?
- Não. é só olhar para o lado e ver o quanto de amor temos - mas não do jeito egoísta que queremos. E lembra-te que a afirmação de que o ser humano só em feliz se viver com sua alma gêmea aristotélica é uma das piores mentiras que nos inventaram. Então, que seja como nossa vontade alcançar e como a complexidade de nossa existência permitir.

Caos lógico e sugatório



Acho engraçado como algumas pessoas pulam de um relacionamento ao outro. Na verdade, pulam em de uma pessoa para outra, mendigando atenção e satisfação de suas necessidades. E, quando uma se torna deveras enfadonha, repetitiva ou insuficiente (visto que já sugaram a força vital dela), simplesmente a abandonam ou a xingam ou a ignoram - cospem no prato que comeram.

E lá, de novo, estão sugando amando novamente.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Caos meu aqui



Tenho sérios problemas com pessoas que demonstram algum tipo de carência ou que buscam intimidade logo de cara.

Excetuando, lógico, os casos em que a identificação é escancarada e não há como negar uma amizade quase que instantânea, na maioria das vezes demoro para criar laços - apesar de adorá-los e, com eles,enfeitar a vida de quem estiver por perto. Não é por demasiada desconfiança, mas por realidade mesmo: já abri muitos (a)braços sem a devida correspondência. E o que fiz? Bem, aproveitei a brisa que pôde, assim, chegar ao meu peito. "O abraço correspondente", pensei, "deixa para outra hora ou para outra pessoa".
Muitas vezes, transvisto minha realidade com purpurinas rosas, coraçõezinhos, estrelinhas douradas e prateadas - tudo por conta do que estou sentindo aqui dentro - o que me faz desconsiderar o que se passa ali fora.

E, ali fora, normalmente, não existe um arco-íris emotivos e arraigado na alma: há apenas interesses. E não vou negar que todos temos interesses em tudo. Mas os que abalam a estrutura policromática da alma são os que não são lealmente recíprocos, em que há surdinas e coisas embaixo do pano. Consigo, com certa facilidade, farejar essa espécie de aproximação. Nas oportunidades em que tenho dúvidas, no entanto, prefiro restar paciente para firmar algum laço.
Ainda mais porque, como disse meu irmão (quando eu tinha 10 anos e cheguei chorando da escola porque algumas coleguinhas não eram legais comigo), em alto e tom retumbante: Grazy, fique feliz se você tiver um amigo em sua vida!!! A vida é dura e traiçoeira se você não estiver com os olhos bem abertos!!!

Há ocasiões diferentes, ainda, em que tenho problemas com as outras pessoas: as vezes em que já tenho um certo tipo de laço formado e não ajo como as pessoas gostariam que eu agisse. Por conta disso, alguns já me chamaram de imprevisível e outros já pararam de conversar comigo. Não, não faço nada grave: apenas não entro na internet porque tenho outros compromissos ou ignoro uma piada infame, por exemplo.

Ora, volto à raiz do que defendo: já busco encontrar a inconsciência dos meus atos para lutar contra o que não me for racional, vou procurar algo fora que me obrigue a agir de tal forma a nutrir a carência agradar os outros? Não, oras bolas. Carência traz relação parasitária, doentia. Já correspondência, ah, a correspondência soma e alegra, porque advém de espontaneidade dos envolvidos.

Ah, existe, ainda, uma espécie de falta que faz com que uma pessoa, de cara e superficialmente, já se alie a mim e me veja como a melhor pessoa do mundo. Mas ela não sabe NADA sobre mim. NADA. Apenas se encantou porque eu ri de um jeito legal para uma amiga ou porque eu comprei chocolate na cantina. Não sei, parece que alguma atitude ou qualidade minha preenche, de certa forma, o vazio de alguém e bum: quero ser teu amigo eternamente. E não é bem por aí, mesmo porque amizade e relacionamento não é um convite para ser amigo como no orkut ou uma simples clicada na mudança de status de solteiro para namorando. A vida não é imediata como apertar o enter.

O pior, no entanto, é quando ouvem "não será possível porque tenho compromisso com trabalho e/ou estudo". Eu, sinceramente, não sei direito porque me olham torto depois que digo isso. Não sei se é porque talvez não acreditem na minha resposta, se é porque não me veem como alguém que se importa com trabalho/estudo (só por que sou mulher e loira, mané?), se é porque as pessoas não estão muito acostumadas em ver uma garota se preocupar com seu futuro e deixar de lado festas, baladas, barezinhos, cantadas e pegações. Não entendo muito bem a razão para a estranheza e a indiferença, não mesmo.

A única resposta que posso imaginar, no momento, é que são pessoas imediatistas e de egoísmo descontrolado. Digo isso porque, ao contrário, tenho outras poucas pessoas ao meu lado que, ao saberem da minha indisponibilidade temporária, alegram-se e ainda falam "quando puder fugir, me dá um toque... se eu também puder, fazemos alguma coisa". Ou então: "bom, mas final do ano você vai para a praia, né?".

Vejo que, essas do meu lado, projetam seus planos e relacionamentos e não vivem no desvairado imediatismo que nada edifica, como aquelas que me fecham a cara do nada. E agradeço muito por eu pertencer a um grupo de pessoas cujos laços envolvem dias, meses, anos, e não somente momentos passageiros e estéreis de uma noite.

Não sei, mas ainda pareço uma peça deslocada de um quebra-cabeças diferente no qual estou inserida.

domingo, 15 de agosto de 2010


Não!
Para muitos, não é o suficiente!
Para muitos pseudos, é preciso que o indivíduo seja aceito por um grupinho fechado em regras e hipocrisia para que possa, sim, ser digno de alguma coisa.

Hipócritas!

Ciclo

arte: http://elenakalisphoto.com/

A natureza egoísta do ser humano faz, per se, que o indivíduo se ame (independentemente se possui uma imagem falsa ou ilusória de si mesmo). Ama o que lhe interessa, o que é seu, o que lhe é comum.

Assim, por seus sentimentos naturais, tende a ser indiferente àquilo que não participa da sua noção de "eu":  ignora o outro, o diferente. Intitula-o como excêntrico, errado, errante, ridículo, numa possível tentativa de constrangê-lo a mudar e a se tornar aquilo que pode ser admirado: o próprio constrangedor.

O eu procura no outro o em si para poder amá-lo... para poder se amar.

Caos masculino XII - caos feminino X - Isso que dá não saber selecionar amizades



Depois de tantas ligações interrompidas, visto que ambos estavam ocupados em algum momento, ele, um antigo conhecido sem "desconfiômetro" para entender o quanto é chato com suas piadinhas (fato que ela tinha esquecido com o decorrer do tempo), retorna a ligação:

- Olá, Fulano! Há quanto tempo! Como está?
- Pois é... Estou bem! E tu?
- Bem, bem. Pois não, diga...
- Nada! Agora já resolvi o meu problema. Pra tu ver o quanto tu é inútil para mim, guria, hehehe...
- ... Mas tu achas que eu quero ser útil para uma pessoa como você? Não, muito obrigada!
- Ah, tu não queres ser útil pros teus amigos??
- Para "amigo" como você, não. Para que querer ser útil a alguém me me chama de inútil? Tenho amor próprio, né?
- Hm... e o teu cachorro, como está?
- Foi doado.
- E tais morando onde?
- No mesmo lugar. Mais alguma coisa, ô Fulano?
- ... não... não...
- Então tá. Beijo.
- Bei... tu tu tu tu tu...





 Bem feito para mim que, na adolescência, achava que todo mundo era amigo ¬¬

Ainda bem que  tenho  aprendido um tanto sobre  o tema amizade :D~

sábado, 14 de agosto de 2010

Caos masculino XI - A consideração



Ele, com o objetivo de se fazer centro das atenções e mostrar aos amigos que tem mais intimidade com ela do que os outros, questionou, meio revoltado:
- Tu não vais me dizer que ias embora sem despedida com um um beijo e um abraço?

Ela se volta a ele, com uma das sobrancelhas erguida, já percebendo a sua intenção e profere, em alto e bom tom para atingir os ouvidos dos amigos dele:
- E tu achas que tu és quem para me cobrar alguma coisa, ainda mais com essa intimidade?

- É que eu tenho muita consideração por ti, defende-se ele.

- Ah, sim. Se tem tantas consideração, não deverias me cobrar nesse tom arrogante. Mas já que deste ensejo a isso, aproveito e me despeço, mas sem beijo e sem abraço. Até. 

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Caos analítico II - o menino invisível


Criança, ninguém o ouvia: a família deixava-o de lado (era somente centro de preocupações em suas necessidades básicas físicas, e não em suas necessidades básicas afetivas), os coleguinhas o desprezavam por não fazer parte da mesma classe social (a média ou a alta).

Na escolinha, percebeu que era observado quando tirava boas notas e isso passou a ser seu objetivo. Aluno e filho exemplar ("esse menino tem futuro"), estagiário modelo, empregado de ponta. Não incomodou ninguém com relação ao seu objetivo profissional porque todos sabiam que, por si só, restaria bem  colocado no mercaod de trabalho. Nada lhe faltaria, pensavam. Mas pensavam com base no modelo político-econômico em que ainda vivemos, e não fundamentados no modelo de amor a que anseiam os seres humanos.

Em poucas vezes, então, sentiu-se amado verdadeiramente, mas sabia quando era valorizado: quando era destaque nos estudos e no trabalho. Passou a ver nestes uma possível tábua de salvação: aventurou-se em estudos para ser professor e palestrante, já que, assim, além de ele ser ouvido, poderia ser admirado, amado, querido por seus alunos.

Mas o receber implica em doar: não soube, em suas experiências docentes, proporcionar um ambiente de conforto e confiança a seus alunos. Por consequência, recebeu mais hostilidade do que boa recepção de seus discentes. E frustrou-se. Após anos de magistério, perdeu seu foco e quedou-se à rotina e às aulas expositivas autoritárias. Morreu em vida.

E o menino em seu interior ainda ambicia por amor, mas não sabe como buscar, nem quando, nem em quem.

Ideal


E a bagunça se instala e trata de arrumar suas confusões para permanecer pelo tempo que deixarem.
Após a queda de ídolos, depois da descoberta de que os ideais não são tão certos assim (na verdade, são bem ideais, pois impossíveis de serem alcançados), queda-se ao caos, novamente.
Ao redor, nada com lógica, todos andando sem rumo - quando não em círculos -, buscando uma satisfação momentânea para essa existência sem respostas certas.
O projeto ideal é visto como tal: tão utópico, tão longe, tão impossível de concretização, tão falso. Não é um ideal que se perfaz em meta, é um ideal que se transveste de realidade e só leva à ilusão. É um ideal mascarado de possível realidade que nunca chegará.
Apesar dos ideais-meta também utilizarem a ilusão do possível perfeito para guiar os que os querem alcançar, estes, ao menos, proporcionam um caminho de lutas e gratificações equivalentes.
O ideal falso, não. O ideal falso é um dos fatores que mais enganam a tomada de decisões - remetem ao pensamento "se não der certo, ao menos tentei e sorri deveras". Não. Não dará certo, de fato, e o caminho propórcionará choro, lamento e um bom tempo para retornar.
Quando se tem a (pre)visão disso, para-se. E o pseudo-objetivo se esvai como fumaça. E, então, é possível observar o redor: confusão.
Até a empreitada a outro objetivo - falso ou meta.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Caos analítico I - menina confusa



Tive dó daquela menina-mulher enquanto ele relatava que era "passada" e já tinha se relacionado com não sei quantos caras conhecidos dele.
Ele riu. Eu me silenciei, pensativa, esperando a próxima chacota a que ela seria submetida às suas costas.
Ele gargalhou sobre um fato que contou. Eu perguntei se ele estava gostando dele.
Ele se resumiu a dizer que, se sentisse algo pela garota, teria ficado com ela quando ela deu oportunidade. Riu mais ainda e emendou: ela é cheia de problemas.

Minha compaixão, assim, encontrou uma raiz: carência. Aquela menina, cheia de problemas, cheia de complexos, buscava aceitação ao se tornar, precoce e imaturamente, uma mulher. Aprendeu, com a tal maré de erotização humana exacerbada, a se saciar saciando-os.

No entanto, reflete, dessa maneira, uma motivação que não é a real: simboliza aos outros uma promiscuidade que não pertence ao seu caráter, pois se pode entender promiscuidade como a qualificação comportamental de quem extrapola, conscientemente, seus desejos sexuais.

Ela, não: seu comportamento é inconsciente e se caracteriza por buscar preencher o vazio, não o do corpo, mas o da alma.

Insegurança por imaginar que não será aceita como é.
Carência por não ser aceita como é ou por projetar nos outros uma atitude que eles não são capazes de lhe proporcionar.

Confusão. Confusão de vontades, confusão de atitudes.

E dissenso. Dissenso entre o que eu pensava e a gargalhada do tal cara.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010



O amor ri daqueles que o limitam em grupinhos, em seitas, em palavras, em representações.
E sua gargalhada é reconfortante - e ruborizadora, porque ri de mim, inclusive.

E ri para mim.
E sorri e convida.