Às vezes, olho para trás. Não de forma saudosista, mas só para eu poder ver onde estou no presente. O passado me serve de referência.
Em algumas dessas vezes, lamento tantos erros que cometi, principalmente os que se referem a outras pessoas, sejam as que não me fizeram bem, sejam as que eu não tratei bem.
Como forma de preservação da minha sanidade, tenho por raras as vezes em que não pude dispensar um tratamento bom a alguém - mas isso também é relativo. Nas oportunidades em que vi que fiz um mal ou quando fui alertada disso, procurei retratar-me e entender a razão do meu comportamento equivocado.
Já as pessoas que não me fizeram bem... bem, na verdade, isso depende do que eu esperava delas - agora estou bem mais lúcida com relação a isso. Muitas não corresponderam às minhas ansiedades, mas mais porque eu estava dissociada do que realmente havia entre nós - hoje eu vejo.
E vejo, também, quanto tempo eu perdi com isso. Não com essas pessoas diretamente, mas com fantasias perdidas de minhas ansiedades outrora desconhecidas e, por isso, perigosamente descontroladas. Comecei a me enxergar e, assim, foi possível ver a nitidez dessas outras pessoas - a nitidez de seus disparates.
Mesmo que indiretamente, perdi tempo com elas porque queriam me passar uma imagem que eu, sim, aceitei. Uma imagem de dignidade suprema, de vaidade, de segurança, que fora admirada por mim e, por isso, quis estar perto delas para, quem sabe, aprender, melhorar, crescer. Na intimidade com tais pessoas, percebi: sua dignidade fora comprada numa concessionária, sua segurança, num shopping, sua vaidade, em outro país. Com bens materiais e superficilidades, fizeram sua armadura de estabilidade, venderam sua imagem e ainda tiveram lucro. Além dessa máscara, contudo, há vazio, concupiscências às custas dos outros, interesses pegajosos e mesquinhos. Há testes de personalidade: tentemos isso para ver até onde ele/ela vai ou sejamos assim para ver quem ele/ela é mesmo. Não digo nem que inexiste sinceridade, digo que inexiste objetividade e verdade consigo mesmo.
Há, sim, perda de tempo em devassar o outro, em esmiuçar seu mente e seu corpo em troca de satisfação lasciva e corrupta. Há a concorrência de quem pode mais, de quem tira mais, a fim de que uma hierarquia seja estabelecida: eu posso mais que vocês. Concorrência desenfreada que não dá oportunidade à cooperação. Soberba para ter segurança. Segurança para se sentir forte e não ser atingido pelos outros. Não ser atingido em sua pequenez, não ser atingido em suas fraquezas - que faz de conta que não as possui.
Hoje eu vejo grandes chorarem e se desiludirem com suas companhias, com seus cargos, com sua vida. Vejo grandes não sabendo onde se achegar para um conforto, para um abraço, para uma possibilidade de confiar em alguém - pelo amor de Deus. Acabo concluindo (talvez erroneamente) que tais também se iludiram, como em algumas vezes eu fiz. E, talvez, hoje eu também esteja chorando por essas desilusões e me perdoando pelas fantasias que eu criei para construi-las e mantê-las.
Vejo, também, que não só me afastei de muitas pessoas que não foram objetivas nem comigo nem com elas próprias, mas me afastei de mim mesma. Mas não de mim EU, mas de mim alguém que aqui havia, que se alimentava de coisas que hoje nem fazem mais sentido para mim, que se vestia e se maquiava de um jeito que, atualmente, não condiz com o que sinto que sou mesmo.
Esses dias ouvi uma psicóloga falando sobre identificação e em como as pessoas usam estilos e comportamentos criados por outrem para se identificarem com a sociedade até atingirem o nível de se identificarem com o que são, realmente. Passei a pensar bastante nisso e ainda não cheguei a uma resposta sobre o que acontece/u comigo, mas pressinto que seja algo equivalente - mesmo eu crendo que nunca imitei ninguém para eu poder ser eu... ou em raras vezes, na adolescência, em que me sentia insegura e me apoiava nas imagens de pessoas mais fortes que eu.
E, agora, todas as imagens se quebram - as aparências dos outros já tinham se quebrado, mas, hoje, são as minhas. E eu que achava que não tinha - daqui a pouco, estarei só no miolo de tanta lascas que tiro de mim.
E as pessoas com as quais perdi tempo me ajudaram a chegar nesse ponto: ao não corresponderem uma fantasia que nem sabiam que existia, desiludiram-me, ajudaram-me a ver a realidade (sem entrar no questionamento do que é realidade e se ela realmente existe) e poder fazer algo por mim mesma.
Vejo, assim, que não sendo pessoas que se fazem presente em minha vida (as minhas queridas pessoas eternas, que valem por si só), tais foram-me pessoas de imagem-passagem-mensagem: com suas imagens que escondem um oco, passaram pela minha vida e me deixaram uma mensagem. Uma mensagem não sobre elas, mas sobre mim.
...não lembro.. já te disse o quanto eu gosto de ti??... do jeitinho que vc é, tem sido atraves dos tempos e momentos... aprendo contigo!! bjo minha pérola!!! peace!!!
ResponderExcluiroinnnnn :~
ResponderExcluirbrigada, marcelo :**
Aproveitar o gancho e deixar registrado que também gosto muitão de ti amiLga!! És especial :)
ResponderExcluirQuase morri quando abri os links do post!
Post FANTÁSTICO :) Só mostra o quanto és sensível e inteligente!
beijo Grazy amada :)))
Oin... brigada, Juuu x)
ResponderExcluirRetribuo o elogio: sabia que acho que comecei a ficar mais doce (ou menos ácida) sob influência tua? :D
bjão, doce Juli :*