terça-feira, 10 de agosto de 2010

Caos analítico II - o menino invisível


Criança, ninguém o ouvia: a família deixava-o de lado (era somente centro de preocupações em suas necessidades básicas físicas, e não em suas necessidades básicas afetivas), os coleguinhas o desprezavam por não fazer parte da mesma classe social (a média ou a alta).

Na escolinha, percebeu que era observado quando tirava boas notas e isso passou a ser seu objetivo. Aluno e filho exemplar ("esse menino tem futuro"), estagiário modelo, empregado de ponta. Não incomodou ninguém com relação ao seu objetivo profissional porque todos sabiam que, por si só, restaria bem  colocado no mercaod de trabalho. Nada lhe faltaria, pensavam. Mas pensavam com base no modelo político-econômico em que ainda vivemos, e não fundamentados no modelo de amor a que anseiam os seres humanos.

Em poucas vezes, então, sentiu-se amado verdadeiramente, mas sabia quando era valorizado: quando era destaque nos estudos e no trabalho. Passou a ver nestes uma possível tábua de salvação: aventurou-se em estudos para ser professor e palestrante, já que, assim, além de ele ser ouvido, poderia ser admirado, amado, querido por seus alunos.

Mas o receber implica em doar: não soube, em suas experiências docentes, proporcionar um ambiente de conforto e confiança a seus alunos. Por consequência, recebeu mais hostilidade do que boa recepção de seus discentes. E frustrou-se. Após anos de magistério, perdeu seu foco e quedou-se à rotina e às aulas expositivas autoritárias. Morreu em vida.

E o menino em seu interior ainda ambicia por amor, mas não sabe como buscar, nem quando, nem em quem.

4 comentários:

  1. e falam pra esse menino que há muito amor lá fora, mas o que se tem é o julgamento, há paixão , diferente de amor...
    amor...

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  2. Teu blog está lindo.

    Gosto das imagens dele.

    :)

    beijos

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  3. É, Shock... a gente sabe que é bem diferente...

    Obrigada, Déa :))
    As imagens foram inspiradas nas qualidades das suas XD

    Bjão, queridos :*

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  4. Grazy, não curto sentir pena de ninguém, mas depois de ler este belo e triste texto fiquei com pena dele. aff
    Mas sempre há tempo. Nunca é tarde para fazer o que é certo :)

    Beijinhos e saudades migah :)

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