sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Caos analítico I - menina confusa
Tive dó daquela menina-mulher enquanto ele relatava que era "passada" e já tinha se relacionado com não sei quantos caras conhecidos dele.
Ele riu. Eu me silenciei, pensativa, esperando a próxima chacota a que ela seria submetida às suas costas.
Ele gargalhou sobre um fato que contou. Eu perguntei se ele estava gostando dele.
Ele se resumiu a dizer que, se sentisse algo pela garota, teria ficado com ela quando ela deu oportunidade. Riu mais ainda e emendou: ela é cheia de problemas.
Minha compaixão, assim, encontrou uma raiz: carência. Aquela menina, cheia de problemas, cheia de complexos, buscava aceitação ao se tornar, precoce e imaturamente, uma mulher. Aprendeu, com a tal maré de erotização humana exacerbada, a se saciar saciando-os.
No entanto, reflete, dessa maneira, uma motivação que não é a real: simboliza aos outros uma promiscuidade que não pertence ao seu caráter, pois se pode entender promiscuidade como a qualificação comportamental de quem extrapola, conscientemente, seus desejos sexuais.
Ela, não: seu comportamento é inconsciente e se caracteriza por buscar preencher o vazio, não o do corpo, mas o da alma.
Insegurança por imaginar que não será aceita como é.
Carência por não ser aceita como é ou por projetar nos outros uma atitude que eles não são capazes de lhe proporcionar.
Confusão. Confusão de vontades, confusão de atitudes.
E dissenso. Dissenso entre o que eu pensava e a gargalhada do tal cara.
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Aquela menina, cheia de problemas, cheia de complexos, buscava aceitação ao se tornar, precoce e imaturamente, uma mulher. Aprendeu, com a tal maré de erotização humana exacerbada, a se saciar saciando-os. [2]
ResponderExcluirGrazy, muita delicadeza ao tratar da aridez a que tantas vezes o nosso trabalho nos expõe... e que é a vida lá fora! Parabéns!
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ResponderExcluir=*
Confusão. Confusão de vontades, confusão de atitudes. [2]
ResponderExcluirBlééé