segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"Sapo tenta comer insetos em smartphone"

Daqui.




Para ver como a tecnologia traz ilusões não só para os sapos, mas para os humanos que creem que muitos sapos são humanos - e ainda tentam beijá-los!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ritual de cativeiro


Essa época do ano... sempre com luzes, vermelho, verde, dourado, arrependimentos, promessas, inovações.
É algo que traz um conflito aqui: as obrigações de intersubjetividade que deveriam ocorrer durante o ano, agora, transvestem-se em rituais de ceia, troca de presentes, abraços e sorrisos.

Não sei, mas não consigo mais colocar um embrulho de presente nessa situação e enxergá-la desse modo tão pragmático para mim.

Para quem anseia por alteridade em cada ano do dia, buscando respeito e consideração para si e para os outros, é um certo fardo um socialismo desses - que, ao contrário, do que se promove, tornam os contrastes gritantes.




Também não me fantasio de ovelhinha branca perto da manjedoura, clamando por socorro ao ver os lobos que se encontram longes das luzes do presépio. Minha parcela de resposabilidade por tal percepção é grande, especialmente por ter a tendência de afastamento para a observação da convivência humana. Isso, sim, é um peso; mas também, por muitas vezes, é uma salvação - até de mim mesma.

Ora, mas claro, por conta disso e por tudo que enxergo (o mínimo do que quero) ao redor, crio em mim barreiras para não entrar na magia do natal do ano novo. Para começar, "magia do Natal" lembra coca-cola e aquele maldito jingle. Pampampam pampam pam. Vermelho, da cor do rótulo. Época triste capitalista. Mais triste ainda é a invasão desse tipo de coisa no sistema nervoso - sistema raivoso, nesses momentos.

O natal é aclamado desde setembro, outubro, no comércio. E, na roda dos engraçadinhos, desde fevereiro, esboçam o jargão "chega, natal". Presentes, promoções mil que enchem minha caixa de entrada, afirmando que aquela é a oportunidade da minha vida e que o preço tão baixo é justificado pela minha suposta necessidade de presentear todos os parentes, conhecidos e desconhecidos. Ora, o preço é justificado porque as lojas, empresas e tudo o mais precisam se livrar dos estoques do ano passado para a entrada dos produtos que vão ser objetos de lavagem cerebram no ano que vem.

Aliás, por falar em estoque, é a época do ano para revirar os estoques mentais e sentimentais, pedir perdão por tudo o que fez de mal, abraçar os magoados e os feridos, cantar músicas felizes e agradecer pelo ano que passou. É a fase, juntamente como ano novo, de jogar fora o antigo e se renovar com o novo. Mas isso depois do verão e do carnaval, onde são criadas mais toneladas de inutilidades e superfluosidades emocionais, dores de cabeças etílicas e, enfim, a consciência de que precisam pagar as dívidas que foram feitas nesta época de paz.

Época de paz? Vocês já viram o caos que estão as lojas? E as ruas, nos finais de semana? Isso sem falar na correria que é fazer a própria ceia de paz. Discutem com quem preparará tal comida - por ser um encargo ou por cada um se julgar melhor que o outro. Na entrega dos presentes, pode ter certeza, quase ninguém restará contente com o que ganhou. Mas não importa o presente? Lógico que não importa... então, para que dar? O que importa é a pessoa? Então, porque a birra quando essa mesma pessoa prefere estar em outro lugar?

Utilizando-me da linha de raciocício da Andréa Beheregaray, na Crônica Virtual "Amar É Flertar Com a Morte", o que criamos são fantasias para determinadas situações, e não a expectativa de estarmos entre pessoas queridas, independentemente da ocasião. Fantasias criadas, manejadas, articuladas, manipuladas para a segurança psicológica e para poder afirmar a outrem que "as festas foram maravilhosas, tal qual manda o figurino do papai noel". E quem ousar criticá-las ou extirpá-las será ferozmente acusado de falta de sentimento, de comoção, de coração.

Mais um tiquito sobre o natal, aqui.

sábado, 10 de dezembro de 2011


Eu sei que lá no fundo
Há tanta beleza no mundo
Eu só queria enxergar
As tardes de domingo
O dia me sorrindo
Eu só queria enxergar
Qualquer coisa pra domar
Peito em fogo
Algo pra justificar
Uma vida morna
Se o mundo acabar hoje eu estarei dançando
Se o mundo acabar hoje eu estarei dançando
Se o mundo acabar hoje eu estarei dançando
Com você
Não esqueço aquela esquina
A graça da menina
Eu só queria enxergar
Por isso eu me entrego
Ao imediatismo cego
Pronta pro mundo acabar
Você acredita no depois
Prefiro agora
Se no fim formos só nós dois
Que seja lá fora


É tanta opressão em teu ser que ele se abafa, que ele se transforma em automatismos de produção e necessidade de reconhecimento. Mas o sacrifício nunca será reconhecido na medida necessária para a satisfação-sensação de "missão cumprida". Sempre haverá sangue e cansaço demais, sono e risos de menos.
Perdeste-á de ti mesmo e, talvez, nunca mais te encontrarás. Buscar-te-ás nos fossos mais sórdidos, na valeta mais fedorenta, nos olhares e nos aplausos dos outros (quaisquer), nas assinaturas dos superiores. Procurarás teu nome e tua honra lá, mas não acharás. Pensarás que está no chão do corredor central, nas vozes ao telefone, na convenção de despedida, na revista de tendências (qual mídia não é tal?). Mas não: voltas pra casa refazendo o caminho feito 2907327 vezes e nada achas.
Não cuidarás mais de ti: teu corpo não te importa, tua aparência é cuidada meramente por conta da necessidade de reconhecimento e opressão de perfeição estética. Teu interior não importa, mesmo que esteja despedaçado e em fiapos, fedendo de tanta água parada e matéria orgânica em decomposição.
Não te lembras nem do que é básico: direção, pedais, valores, princípios. Por óbvio, tudo se vai com teu ser.
Andarás sem rumo até que passes por uma rua aparentemente conhecida, sem saída, e te vês lá, na guia, vendo o vento dobrar, ouvindo as folhas das árvores e sentindo o calor do sol naquele dia frio. Esperando algo num tempo que não passa. Expectativa atemporal de que tudo volte a ser como era há um segundo. Não, como era há dois meses, ou há dez anos. Não sabe direito o que quer, não sabe dizer o que fez para estar ali. Como num sonho, começou do meio e ficou ali, sem fim. Só tem uma pequena vontade: que todas as pressões que tu sentes passe para que possa, novamente e sem amarras ou obrigações, sorrir.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011



Outra definição [...] da mão anônima
que a escreveu num muro do bairro de San Telmo,
em Buenos Aires, neste tempo de crise atroz.
[...] não se refere ao terrorismo internacional,
mas aos meios massivos de comunicação:
“nos mijam e os jornais dizem: chove”.
Eduardo Galeano, in O teatro do bem e do mal



Quem eu penso que você é?
Provavelmente um limitado confesso, que prioriza quem você é em detrimento de quem você pode ser.