segunda-feira, 31 de maio de 2010

Arti*manhas femininas (in)conscientes



Não é de se estranhar o receio da maioria dos homens quando se deparam com mulheres que sabem argumentar, que propõem projetos e que decidem seus problemas e o dos outros porque, infelizmente, isso ainda é raro.

Vivemos em uma sociedade em que, apesar do movimento feminista (que remanesce, no meu ponto de vista, com mais erros do que acertos), ainda se depara com uma visão depreciativa do feminino – o que, igualmente, não é motivo de espanto, já que muitas mulheres empregam sua natureza mais para a manipulação e feedback de defesas do que para sua própria evolução como ser humano.

Explica-se: a natureza emocional da mulher é usada para criar agitação desnecessária, tempestades em copo d’água, escândalos de choro e lamentações. Esse sentimentalismo é vazio, não ajuda em nada - apenas manipula. Se algo dá errado nos planos da mulher, se alguém sofre, se se surpreende negativamente, chora, lamenta-se. O choro é uma ação que somente poderá trazer algum alívio, mas não um resultado efetivo.

Gasta-se energia desnecessária nas lágrimas ao invés de empreender esforços em envolvimento, em compromisso. Como distingue Osho: é empatia, não apenas simpatia.

O esteriótipo de sentimentalismo da mulher a sedimenta em uma imagem de incapaz, de ineficaz, de ser que precisa de tutela como se não possuísse condições de se autodeterminar. A mulher chorosa que se mígua frente a uma situação triste, portanto, está vinculada à imagem de um salvador, de um homem que a abrace e a proteja. Todavia, tal é um paradigma amplamente equivocado que não só frustra o desenvolvimento das mulheres que cedem a ele como sentencia ao homem hetero-afetivo a eternidade infeliz de conviver com alguém que precisa, sempre, ser salva, impondo-lhe um encargo que, a médio ou a longo prazo, representar-lhe-á o fracasso da totalidade de seu eu masculino. Isso porque precisará "investir" seu tempo em salvar a mulher, ao invés de investir em sua própria evolução como ser humano e como casal.

Há tempos acho tristes os homens que, jocosamente, dizem que o lugar da mulher é servi-lo, encostando a barriga no fogão ou no tanque. São dignos de piedade, realmente, pois não conseguem enxergar que eles mesmos criam ou pretendem perpetuar uma condição parasitária: a mulher lhe serve, mas, para isso, o homem precisa sustentá-la, mantê-la e suportá-la quando, não podendo exercer seus potenciais humanos, cansar-se da rotina do casamento.

O pior, no entanto, não é a pequenez dos infelizes homens que riem de tal situação. O agravamento observa-se no comportamento da própria mulher, que dá reiteração a essa espécie de pensamento ao não impor-se com sua natureza envolvida, sabendo só sentar e chorar.

Molda, dessa forma, sua sensibilidade de acordo com sua conveniência (consciente ou inconscientemente): faz papel de ingênua, ou de sedutora, ou de menininha mimada dependendo do objetivo a ser alcançado - só não se expressa como realmente é e acaba, portanto, deturpando sua inteligência, sua função intuitiva e suas qualidades sensíveis.

É a ratificação do protótipo da adolescente segundo o qual a garota passa a enxergar o mundo de dentro do carro do namorado, segundo leciona C. Dowlling. A mulher passeia pelo mundo do homem. Ao entrar no carro dele – que são as instituições dele – a mulher está meramente excursionando. Ela não tenta sentar-se no banco do motorista, fazer as coisas do jeito dela, provocar mudanças. Ela não tenta alcançar o poder sobre sua vida.

Professa a rançosa cultura medieval, esculpida no cristianismo, que defende que o homem é a cabeça da família e a mulher, submissa, é o corpo familiar, cujos movimentos, ímpetos, emoções, palpites são intimamente dependentes do que a/o cabeça determinar. Remanescerá mascarada, atrás do homem, escondida pela relação parasita-hospedeiro mantida com seu par, ou com seu pai, com seu irmão.

Assim, será a eterna passageira no automóvel do homem; será o corpo que obedece, não tem sentidos senão o tato limitado pelo querer do homem. E este, crendo que domina o relacionamento, impinge a sua própria condenação de não se realizar plenamente.

Contudo, são pouquíssimos os homens esclarecidos sobre essa visão, são raras as mulheres que honram não só o que têm entre as pernas, mas também o que guardam dentro de si - o que torna, por óbvio, a maioria das pessoas limitadas quanto ao pensamento de que a mulher não precisa ser salva por ninguém, a não ser por ela mesma.

domingo, 30 de maio de 2010

Caos nacional



Comentário em Cultura do Controle.

Esses dias, passando por um bar com uma televisãozinha ligada em futebol e alguns homens ao seu redor, percebi como se unem com o fim de comemorar uma possível vitória, após uma longa concorrência. Vitória que não é deles, mas fazem como se fossem: perderam dinheiro na cerva, tempo com a família e consigo próprios. Apenas elevaram sua pseudo-estima. Ilusão.

E, na copa, isso se estende às mulheres, que se unem aos homens (depois de acirradas discussões sobre o fato de eles curtirem futebol em detrimento delas - que dizem não entender o hobby) e, juntos e felizes, torcem para a vitória de um símbolo vazio, formado por um time cuja importância se dá, apenas, pelo modo com quem faz o jogo. Claro, não são questionados seu caráter, nem sua integridade, nem sua atitudes ou opiniões. O que importa é o jogo - dane-se o que o time é na vida particular.

Depois da copa, voltam as brincadeiras machistas sobre futebol acompanhados de loiras quentes e loiras geladas, que são servidas pela mulher rabugenta porque teve que buscar a bebida na geladeira, como se não tivesse autonomia de dizer "não", chutar o balde (de gelo) e largar o mandrião.

E, com essa consciência, vão às urnas felizes com a pseudovitória ou tristes com o fracasso nos campos. Apesar disso, continuam esperançosos: "daqui a quatro anos, a copa será nossa".

Enquanto isso, daqui a sempre, o governo sempre será dos outros.

E, ainda, esperam que, com esse tempo, o time se prepare, que seja reformulado, que um ídolo novo surja.
E esperam que, depois desse tempo, haja uma reviravolta no governo, como num passe de mágica, e que os aparentes governantes tenham piedade de nós e administrem com vistas ao nosso bem comum.

Como gostam de ilusão.

Caos masculino VIII - Mecanismo de defesa




Mais uma formatura.
Festa. Festa com um motivo especial cuja razão ainda consegue superar os ímpetos animados dos que só pensam em caçar.
Mais uma oportunidade de observação do comportamento humano - não por vontade, mas como minha própria natureza manda.

Encaminhei-me ao local sabendo o que poderia me esperar, pois, minutos antes, o namorado da formanda/formada intimou-me: "Tu vens, né?! Quero te apresentar um colega nosso que é da tua área".

Primeiro pensamento: "Tsc, tsc... que queridos por querererem que eu esteja com alguém, namorando. Querem me ver feliz, eu sei. Mas, bah, eu estou bem feliz solteira - daí, aqui, surgem os links sobre não estar com alguém por carência, mas porque a pessoa deve ser especial e fazer o outro tão feliz do que já é e mimimis".

Segundo pensamento: "Tsc!!! Um da minha área! Que não cheire vademecum ¬¬".

Nenhuma produção especial para alguém, como sempre. Arrumo-me para mim, e não para parecer uma posta de carne exibida no açougue (e chamar atenção dos homens) ou um avestruz que sente a necessidade de exibir seu rabo para seus pares (e chamar a atenção das mulheres).

Chegando lá, como sempre, encontro conhecidos e sempre há um puto que lembra um fato indiferente da tua vida e comenta: "Poxa, beltrano e tu não deram certo, né?!".
- Pois é: cada um seguiu seu caminho. Melhor assim. Ah, e não tenho interesse nenhum em ficar falando sobre o beltrano.
- Por quê? - questiona com espanto.
- Porque é passado e, por felicidade, não volta mais. Bem, dá-me licença que vou procurar a mesa da minha amiga.

Na mesa, cumprimentos a todos os conhecidos e, ainda: "Fulana, este é sicrano; sicrano, fulana".
Normalmente sou meio indiferente a quem me apresentam, pois não espero muito dos outros, apenas o mínimo de respeito e urbanidade - e só. Como havia a expectativa da minha amiga de o cara apresentado ser parecido comigo (o que, provavelmente, foi falado para ele também), tracei, por humor e por facilidade da minha natureza, características iniciais do perfil da figura: tem postura, não encara, solta piadinhas meio sem graça, não tem muita ginga, sorriso bonito.

De repente, o esperado: chamou-me para dançar. A princípio, quieto. Começou, então, a perguntar sobre a "área", soltou-se e se sentiu na liberdade de fazer gracinhas sobre a dança e sobre os outros. Não vou relatar as brincadeirinhas aqui, mas apenas comento que era o tipo de gracinha que não se faz com quem não se conhece os limites. A prepotência é uma das respostas para explicar essa falta de traquejo.

No início, até ri; mas chega uma hora que, simplemente, tem que ignorar.

Terminando a dança e indo para próximo à mesa, já me desloquei para o lado contrário de sua posição: dá para notar que é comportamento de quem quer uma certa distância, certo? Errado! Ele, ao menos, não notou isso. E me chamou outra vez para dançar. Em dado momento da dança, eu comecei a arrumar meu vestido (que era tomara que caia) e me surge a gota d'água:
- Deixa que eu arrumo, hihihi - e o ser teve a empáfia de segurar o meu vestido nas costas.
Tirei delicadamente a mão dele e disse:
- Não, obrigada!
- Ah, a responsabilidade é sua, hihihi...
- Sim, toda a responsabilidade sobre mim é minha, inclusive a do meu vestido.

Terminou a música e intimei meus amigos: "sintam-se obrigados a me salvar, já que o cara não entende nem um comportamento nem um corte verbalizado!"

Dito e feito. Fui mais protegida do que um animal em extinção (só porque eu tenho a sorte de minha espécie não ser comercializada para a produção de roupas e tamborins); mas não sem uma insistência do fulano, ao que respondi, duas vezes: "não vou dançar com você porque estou dançando com meu amigo" e "não quero dançar: estou descansando" (eu estava com os pés sobre uma cadeira e bebendo água).

Observação rápida de seu comportamento: além dos sumiços repentinos de quando recebia uma negativa, mantinha a postura e o sorriso - que, percebia-se, era forçado.

Respeitando-se máscaras mode ON, portanto... como sempre.

Até que percebi que ele forçou o mecanismo de defesa dele (além da postura exagerada e do sorriso) e passou bem perto de mim em uma da músicas em que ele me convidava para dançar e se portando como se dissesse "não vou mais te convidar para dançar". O que eu fiz? Nada, oras: era o que eu queria.

Este, então, foi o ponto final para ele: normalmente, mecanismos de defesa servem para que os outros reajam de forma a correpondê-los a fim de que sejam exitosos e, assim, sejam fomentados a criar um círculo vicioso. Ou seja: ele passou por mim escrachadamente como alguém que me esnobava, esperando que eu respondesse à sua atitude indo atrás dele e pedindo para que voltasse a dar atenção a mim. É um exemplo clássico de mecanismo de defesa de quem se sente "rejeitado".

O lado bom de ter tino de observador é saber notar essas situações e poder raciocinar como reagir ou agir, como lhe for conveniente. Eu agi, ignorando. Não se dá alimento para mecanismo de defesa: corta-o pela raiz.

Assim, em menos de cinco minutos, ele veio se despedir no melhor momento da festa, com a postura e o sorriso:
- Foi um prazer te conhecer!
- Igualmente.

E um amigo, para mim:
- Gra, ele não tem nada a ver contigo, né?
- Não, de jeito nenhum. Não sei como vocês imaginaram uma coisa dessas ¬¬
- Hahaha... ele cheira vademecum, né?
- Sim, hahaha.



A percepção da alteridade é imprescindível para que eu possa realmente conhecer uma pessoa. Se eu me fecho um mundinho idealizado e parcial, passo a ser prepotente, cheio de mecanismos de defesa (para que suas carências sejam suprimidas) e ainda saio pensando que o que deu errado foi porque os outros são inferiores (se sou narcisista) ou porque eu sou inferior (se eu me vitimizo).

Abrir-se aos outros implica em se conhecer e lutar contra si mesmo.





p.s. (des)necessário 1: não tenho nada contra quem cheira vademecum, gosta de manuais de receitas de bolo e sabe artigos de cor (já cedi a essas letras e ainda terei que me debruçar e muito sobre isso). É só uma brincadeira que faço de quem pensa que essa é a verdade e que não consegue enxergar a verdade do outro.

p.s. (des)necessário 2: como consta no "Aloha" deste blog, "essas são verdades parciais e convenientes". As opiniões aqui expressadas não representam um caráter universal; ao contrário: o fulano ali pode ser, na visão de outras pessoas, o cara mais genial e gente boa do mundo. Cada um abstrai para si o que lhe é de interesse. E, no meu bem particular pensamento, não é estilo de comportamento que se concilia com o meu.

sábado, 29 de maio de 2010

Are u ready?


Desde sites de notícias até os blogs cômicos, está difícil não ler uma reportagem ou um comentário acerca de um menino de 2 anos que fuma alucinadamente cigarros.
  
É um fato que assusta, sim, que nos faz dizer WTF e tudo o mais - principalmente pela idade da criança.
Alerto (se isso é preciso) para o fato de que isso não está muito longe de nós, não.
A maioria das pessoas preferem negar a realidade próxima a ter consciência dos fatos ao seu redor porque não tem estômago para conviver com o fatídico ou não tem coração para tentar modificá-lo.

Basta olhar para o lado, como fiz, certa vez, em um terminal de ônibus.
Aos passos apressados de todos, inclusive aos meus, ative-me a duas crianças que não deveriam ter mais que 8 anos de idade: os dois, igualmente, no caminhar febril da manhã, vestidos com roupas largas e boné, andavam contra mim, conversando sem o ar inocente ainda comum da infância.
Um vinha à frente, o outro o seguia com um cigarro aceso na boca. Concentrei neste, seguindo-o com o olhar e, quando percebi, estava parada no meio de um corredor incessante de pessoas indo-e-vindo, fitando aquela figurinha que me diminuía à medida que seguia seu rumo.
De repente, os sons me trouxeram ao presente.
Olhei a meu redor, pensando "alguém viu isso?!?". Ninguém me via. Óbvio: se não viam aquela punhalada na humanidade, como iam enxergar a sua decorrente perplexidade?

Segui o meu caminho indignada... comigo mesma. Indignada por não ter tirado o cigarro daquela boca, por não ter abraçado forte aquela criança (para que ela não pudesse escapar facilmente, hehe) e por não ter lhe dito que tudo que contaram a ela é mentira.

*Frustração mode ON.

Fuck Yeah!




















\o/\o/\o/


Obaaaa!!!!





Formatura da Báááá S2



Parabéns, gatona :***
:D



quinta-feira, 27 de maio de 2010

Reconcilie-se


A arte maior é o jeito de cada um.

Sua postura, suas tendências individuais, seus (des)gostos e (des)afetos.

Sua vontade embaixo do que seus pais disseram, do que seus amigos deturparam, do que sua parceria afetivo-amorosa quis, mostra qual o aroma da tua alma, que pode ser um pouco azedo, às vezes salgado demais, ou então um amargo raro ou um suculento e macio doce - mas é verdadeiro, é seu.

Quando se fecham os ouvidos, atinam-se os toques, o ânimo e o querer. Ao tapar um pouco os ouvidos, ouvem-se os sonhos e os planos esquecidos, os rompantes alegres de se transmutar em algo diferente, dá-se corda ao coração e afaga-se a estima: você é só você, não é mais ninguém.

Assim, para que dar ouvido a quem diz que você não vai conseguir, que sua meta é alta demais, que seus projetos são inalcançáveis?

Qua a razão de ouvir quem prefere que você fique estagnado ao seu lado a voar e libertar-se? Se for para saciar alguma individualidade, sacie a sua e não a de alguém que ainda não vê a própria capacidade de quebrar barreiras e livrar-se das amarras.

Encontre-se consigo mesmo e expresse a arte que grita por conciliação de seu aroma com seus atos, pensamentos e emoções.



Viver dias de sol (CBJ)

Não deixar ninguém controlar sua vida
Acorde e repense tudo de novo
Se libertar do que te atrasa a vida
Agora é hora de virar o jogo
Não deixar ninguém interferir
Não se anular, viver dias de sol
Não deixar que a vida passe em vão
Sem que eu possa errar tambem
Não deixar qu a vida passe sem que eu possa enlouquecer
Lembre-se que eu sempre me importei
Mas o vento é livre e o tempo vai seguir
Não importa o que aconteça, você sempre terá o seu valor
Não perca a esperança

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Confraternização... seiiii...


Certa vez, alertaram-me: "em determinados tipos de eventos sociais, só rola putaria bagunça".

É verdade.

Pode demorar, mas, em algum momento, você toma conhecimento das entrelinhas do que aconteceu em determinada festa, naquele aniversário, na domingueira de pagode.

E você se agradece: fiz bem em não ter ido -  já que você dispensa essa espécie de "confraternização", em que os grupinhos masculinos listam quem primeiro vão "pegar" ou quem pega carona com quem, em que os grupinhos de fêmeas analisam friamente os carinhas vestidos de gola polo listrada e farejam quem poderá lhes proporcionar mais diversão.

Ah, dá para escrever muito sobre isso, mas hoje não vejo mais razão para analisar algo que me é indiferente.







Só me agradeço por não ter ido (e agradeço aos testemunhos reais da situação :D ).
Não é minha culpa a sua projeção!


:D

Parceira e violenta [!!!]

Alguém aí luta?





XD~

Vira-lata e violenta [!]

Abusa e sustenta, parceiro... abusa e sustenta que tu não perdes por esperar!

Gata e violenta [?]


O objetivo principal da minha vida, como ser humano, não é ser vista como um exemplo de beleza e nem desejada por mãos e bocas masculinas e pênis outros apetrechos anatômicos (o que não é nada mal como objetivo secundário de uma mulher, he he he).

Objetivo, sim, ser vista como um exemplo de pensamento crítico, que quebra paradigmas mofados, e citada como autoridade de argumento com argumento de autoridade (principalmente por aqueles que usam a subestimação dos outros como seu primordial fator de engrandecimento pessoal).

:D

Bom dia, vida de mortal!



Logo cedo, na padaria:

Senhora 1:
- Oi, minha amada! Tudo bem?

Senhora 2:
- Tudo, e você? Vejo que engordou, hein?

Senhora 1:
- Estou bem... que nada: emagreci uns quatro quilos! Sabe como é a quimioterapia, né?

Senhora 2:
- Sei, sim... quando tive que tirar uma mama por causa do câncer, também tinha emagrecido.

Senhora 1:
- Sim, eu me recordo.

Filha da senhora 2:
- E a Gertrudes, souberam? Morreu, né?

terça-feira, 25 de maio de 2010

...

Ela:
- Hahaha... tu adora pegar no meu pé, né?

Ele:
- É que senti tua falta ontem... verdade... :~

Ela:
- nhmm... :~







p.s.: Andréa, essas reticências são permitidas e até desejadas S2



SUSTENTA??

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sou marginal e tatuada, sim, e daí?

*só não fumo :P

Coloquei um rap, ajeitei-me na cadeira e vamos lá falar algo sobre mim  - com inspiração advinda do post da Fernanda Renaux (recomendo!), no blog da Cultura do Controle, sobre um assunto que há tempos já estava remoendo.

Naquele post, a Fernanda comenta ser uma transgressorinha de estimação, no sentido de que tornaram-na "um idolozinho doméstico: a revoltadinha da titia; a chatinha com personalidade forte (forte, eu?), a menina que preferia os livros aos meninos (eufemismo para não dizer que eu não preferia os meninos)".

Identifico-me com ela no que se refere a ser apelidada de revoltada (sem a sutileza do diminutivo), o que nos proporciona o encontro no caótico da transgressão de regras - aquelas inúteis, chatas, convenientes (só para o "social" ou para a imagem) e que refogem de toda individualidade. Unimo-nos da identidade autônoma.

Divirjo, contudo, na estimação dos outros, pois me situo em posição totalmente contrária: a do medo.

Desde criança não ia a festas familiares de aparência - preferia o distanciamento à falsidade da maioria das pessoas. Isso continuou, por consequência, na minha adolescência; consigo contar com uma certa facilidade todas as vezes em que fiz um social, fui a uma festa, a uma balada.

Sempre noticiei a superficialidade de tais ambientes - e quem me conhece e me é companhia há anos sabe bem de como eu repiso essa observação. Já frisei tanto que até me canso em quando me vejo a responder para alguém acerca das minhas razões de preferir uma cama aconchegante, um sofá e um bom livro, um jantar e ótimas companhias: é a essência das pessoas com que quero ter contato.

A diversão de bar, o lazer da dança, o encontro de fim de tarde? Só tenho plena alegria com quem já conheço, de quem sei o cheiro, de quem sinto falta da risada. Gosto de quem sabe conversar sobre as profundezas de um amor, as sutilezas de um toque e de um olhar, o susto de uma descoberta argumentativa, o soco que é uma maldade ao ser humano. E, noooo, eu me espanto de isso ser tão raro atualmente.

É isto: gosto do que está por trás dessa crosta que usamos para viver em sociedade. Gosto de laços, porque os formamos na cor que queremos e do jeito que a intersujbetividade permitir; gosto de raízes, porque fugi de casa quando adolescente e sei o que é querer criar tudo do zero (e voltei, com o rabinho entre as pernas e, fatidicamente, tive que criar tudo do nada). Gosto de pertencer a algo sincero e gosto de gerar reciprocidade de um abraço. Gosto de uma galera unida e parceira. Gosto de companhia. Gosto de envolvimento, oras.

Gosto de intimidade. Para isso, para ficar perto, para chegar junto, não consigo fazer faces nem usar máscaras. Quando não me agrada, não me agrada e pronto: eu falo, com delicadeza, mas na cara. Posso até demorar para digerir o que está acontecendo, o que estou sentindo, mas expresso o que sinto sem medo.

No passado, tive problema com namorado e com amiga que imaginaram que eu estava indo contra a pessoa deles, e não somente contra uma ideia que eu não achei interessante ou coerente. Evitaram o meu argumento, achando que era ad hominem, e lá se vai uma resenha a pedir desculpas do além.

Mas uma hora cansei da irreflexão e da falta de alteridade de outro. Passei a dizer sim como sim e não como não e não mais pedir desculpa por algo que não fiz de errado. Por isso, certa vez, confundiram minhas palavras e intitularam-me de grossa. Que seja. Se entende mal e não pergunta para esclarecer, que continue me achando grossa (fui grossa?).

Os íntimos sabem o que se passa aqui dentro. Como diz o Rafa, é por causa da minha franqueza e da minha personalidade forte - sou um forte maleável, macio e flexível. Sei reconhecer quando erro, principalmente quando erro comigo mesma. E cansei deveras de errar comigo, por me envolver com pessoas que não era os meus e que não me conversavam nada além de trivialidades supérfluas - digo as supérfluas porque eu gosto das trivilialidades do Ser: um sorriso, o respiro, o vento, pássaros, verde-folha-nova, toque carinhoso, sol-ouro-reluzente, cheiro de chuva e grama, um olhar que diz muito, brisa da madrugada.

Assim, além de "grossa", chamaram-me de "nada a ver". Que seja. Não pretendo ser tudo a ver para quem disse isso - o que implicaria em eu ser fútil, ter preocupações de tendências da moda ou do BBB, ou de tentar pegar aquele gato que tem o carro tal.

Não, obrigada.

Por fim, decretaram: temos medo de ti. E mantêm distância. E agradeço.

Sei que a distância inicial fora declarada por mim, quando me ausentei dos sociais, quando neguei ficar com o queridinho, quando preferi estudar a sair para festar, quando me resignei a ficar sozinha a ter que suportar alguém que não sabe proferir o que eu e os meus entendemos. Não, obrigada.

Têm medo porque do que sou feita lhes é desconhecido, porque eu quero é moer esse vidrinho fino da sociedade - se eu não quebrei alguma parte, é porque eu não a vi ainda. Sou diferente, o que implica em dúvidas, em interrogações, em questionamentos limitados. Por corolário da limitação, suas respostas são limitadas: ela não tem nada a ver.

A ver com o que eles conhecem? Rá, não tenho nada a ver mesmo.

Tão logo comecei a pensar, entrei em discórdia com o mundo. Na juventude amiúde ficava amedrontado, pois supunha que a razão estava com a maioria. Helvetius foi o primeiro quem me alertou. Então, após cada novo cnflito, o mundo perdia cada vez mais, e e cada vez ganhava (...). O mundo tornou-se para mim vazio e ermo (...) (Schopenhauer, in A arte de conhecer a si mesmo).

domingo, 23 de maio de 2010

Intersecção entre blogs - Cultura do Controle



Vira o disco e muda o passo porque esse papinho já cansou:
Long Play, no blog Cultura do Controle.



E, de lá, copiei o comentário do Sandro Sell, um dos professores do CESUSC:

"Grazi: você e sua poética ríspida como cacos de vidros e sensível como a pele da nuca, põe a gente num estado de semi-desespero e semi-encantamento. Você é desassossegante, guria!
Abraço, Sandro".

:D

O objetivo é desassossegar, mesmo XD

Vai esperando, malandro...

Vai vendo...
Talvez passa, talvez não passa.



Eu ri de tanta raiva, hahaha ¬¬²³

Dica do Fabiano Geros ;)

=X

"A gente pensa e escolhe não no interesse da verdade, mas para sentir-se bem. O próprio Westen reconhece sua dívida mais antiga: "Freud descobriu esses processos há décadas, usando o termo "defesa" para descrever os processos pelos quais as pessoas adaptam seus resultados cognitivos de maneira a evitar sentimentos desagradáveis como angústia e culpa".

O que fazer com isso? É possível desistir da verdade, considerando que o mundo é um vasto teatro em que as subjetividades se enfrentam e que o que importa é apenas a versão de quem ganha a luta (retórica ou armada).
Ou, então, talvez seja possível amparar a verdade, preservá-la de nossas próprias motivações. Podemos, por exemplo, desconfiar de nossas idéias, sobretudo quando nos sentimos particularmente satisfeitos com o entendimento da realidade que elas nos proporcionam. Pois a verdade (com o curso de ação que, eventualmente, ela "impõe") é geralmente pouco gratificante e de acesso trabalhoso".

Contardo Calligaris, in Raciocínios Motivados.

...

AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!


Ainda bem que existem pessoas como o Lu que me lembram da legitimidade de nossas escolhas ante à ausência de sentido da vida em si.

=D

Intersecção entre os Caos Relativos X - por coincidência de Criolo Doido e Hannah Arendt


''As pessoas não são más, mano, elas só estão perdidas... ainda há tempo'' (Criolo Doido in Ainda Há Tempo)... ou, parafraseando Hannah Arendt, talvez não seja estupidez, mas irreflexão (in A Vida do Espírito. p. 18).

sexta-feira, 21 de maio de 2010



A sua preocupação com o cosmos do seu umbigo é tão imensa que você nem enxerga que, apesar de lhe falarem sobre decisão, não lhe dão nenhuma.

Nem percebeu que nenhuma vontade fora manifestada, não é mesmo?

São os ossos do ofício de um ego temeroso e carente de "que digam (parte de) o que quero ouvir; então, concluo a meu favor porque, afinal de contas, sou legal".

Se você não aprender a olhar para além de si, continuará se enganando com os eufemismos dos outros e ainda reclamará quando lhe falarem a verdade de forma grosseira - porque somente com o grito de alguém poderá erguer os olhos para fora de si.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Por que gosto de rap?


Todos temos os mesmos interesses, embora falemos linguagens diversas.




(Desconsiderando, lógico, alguns erros de português =P ).
Shock, aposto que esse tu ainda não ouviste ^^ :*

Oh, gosh II



"It's clear that you're upset with me!
Finally found a girl that you couldn't impress..."

:D


oh, gosh!


Não vou contra ti: vou contra tuas ideias que tanto insistes em me impor.
Entende: tua realidade não me serve, mas teu ser me apetece.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Choice?


 que o que aconteceu entre todos nós ontem é passado, aprendam.
a partir de hoje, tudo se renova, tudo pode acontecer.
tudo pode continuar, caso entremos em um consenso...
tudo pode mudar, caso nos mantenhamos em silêncio.

Coffee?


E, de novo, bates a minha porta e me pedes um café
Sabes que eu o sirvo doce, sutil e com o ar puro e livre
Apesar da força do meu preparo e da franqueza da minha água.
Conseguiste moer o grão, ver através da aparência
Alcançando a saciez em cadência e a essência do ser.
Tu já conheces o meu aroma, já provaste o que sou
Sei bem que vens em busca da liberdade e de quebra - por que não?
Queres um abraço quente, um beijo ao leite e um suave pão.
De novo, preciso o que aviso:
Querer uma nova prova, chegar novamente à porta,
são o teu único risco.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Eu queria, por uma vez só, que tu visses o que te espera aqui, ó
Sem a necessidade de eu berrar a ti, afirmando que não te deixo só
Sem a desnecessária explicação do que (des)fiz alguma vez
Somente com o comprometimento nós, perdidos no tempo.
Este desespero transmutado em vontade,
Esta angústia ocasionando sensações físicas,
Este silêncio que me faz olhar para o lado e procurar a saciedade.
A loucura que é tudo isto me apavora
E eu, de novo, tenho que combater tudo isso com minha alma só
E minha maquiagem que borra, e meus olhos que não veem direito
E tu, que não vês nada.
Nada além do teu medo.

Thankx, babies :*


Eu ia desenvolver o seguinte pensamento: "Sério: eu devo ter algum problema com determinação ou decisão. São raríssimas as vezes em que não sei o que quero para mim."

Mas mudei de ideia. Ao invés de tecer sobre algum ponto negativo de algumas pessoas, vou me dedicar a agradecer um positivo (mas não se acostumem =P):

Agradeço a todos os que me seguem e os que me leem (os "anônimos" que mandam email's e os amigos que não têm perfil para comentar - e comentam no corredor, ao celular, na rua).

Não só agradeço por me lerem, mas, principalmente, por vocês terem consciência de quem são e de que são pessoas que esperam mais da vida; por isso, estão prontos para tomar uma decisão quando precisarem e prontos para honrá-la com atos - mais do que com palavras.

Claro que o caminho (de cada um) não é fácil; por vezes, há vacilo, temor. Mas sabem que a vida deve ser tomada pelas rédeas e "seguuuuraaaa, peão, porque sou eu que to no comando dessa porra porr*!!!".

Enfim, agradeço a todos que têm noção de que, a cada segundo, a vida se renova e que tudo pode ser diferente.

Agradeço porque me identifico com quem veste a camisa, com quem diz "eu quero isso e vou fazer de tudo pra que dê certo", com quem pega na mão oferecida e diz "eu to contigo; vamos", com quem não tem barreiras e afirma "sinto tua falta e te quero na minha vida", com quem olha nos olhos e não precisa dizer nada, porque se sente.

E se der tudo errado? Levantam-se, cicatrizam-se e seguem em frente. Sabem que cada experiência (boa ou ruim) é uma oportunidade de crescer. Aí, então, aproveitam e/ou criam outra oportunidade e dizem, novamente: "seguuuuraaaa, peão, porque sou eu que to no comando dessa porra porr*!!!".

Obrigada :~


p.s.: thiiii... o post SLOW está no forno... he he he :*

segunda-feira, 17 de maio de 2010

nHam? Como assim?


 

O que eu não entendo é como se pode extrair conclusões sem nenhum argumento ou fato incontroverso... quanto sofrimento se perpetua (inutilmente) enquanto uma dúvida não é sanada.








Vamos conversar, minha gente, vamos conversar... 

domingo, 16 de maio de 2010

Direito de defesa e autonomia sexual feminina


Após a terceira insinuação de que seria algo que não sou, obrigo-me a pensar alto e a me erguer em minha defesa e em proteção à conduta de muitas mulheres que são tachadas de moralistas, reprimidas ou castradoras.

Em meus relacionamentos, já ouvi muitos nãos dos homens que amei [?]: estavam cansados, indispostos, inseguros, deprimidos, ocupados e enfins.
E começo questionando: se, nós, mulheres, podemos ouvir não, por que não podemos proferir um sincero não sem sermos tachadas de moralistas, castradoras ou puritanas?

Atualmente, a maioria das mulheres que conheço produzem sua subsistência material e são felizes consigo mesmas. Ou seja: são completas em si e se renovam quando e como querem, não dependendo doentia e emocionalmente de ninguém.
Assim, se se aproximam de alguém, não buscam manutenção material (pois não vão querer deixar de lado sua autonomia e nem virar parasita de um homem) ou um preenchimento de carência. Elas querem conhecer a alma masculina e saber o que o homem pode lhes oferecer que seja diferente do comum ou do que elas já possuem. E não me refiro a nada material (óbvio). Faço referência a uma personalidade firme, a um caráter forte, um coração aberto e a uma mente renovada. É muito? Creem que não.

Não querem príncipe, pois são realistas o suficiente para saber que todos são imperfeitos (inclusive elas). Não pretendem um absolutismo de personalidade, caráter, coração e mente corretos, mas observam a prevalência das boas intenções e os atos sinceros e solidários. Farejam isso facilmente.

Nessa linha de raciocínio, com a lucidez do que querem e do que não querem, sabem muito bem que é relativamente fácil ter sexo. Em qualquer lugar, com qualquer cara, em qualquer horário do dia, têm ciência de que, se quiserem, vão fundo nelas. Só que, na maioria das vezes, elas não querem só isso.

Como descreve muito bem Andréa Beheregaray no seu blog (descrição que utilizo para explicação minha colocação), tais mulheres querem não esse "sexo culpado e vulgar tão presente na nossa cultura, é de outra ordem. É o sexo sagrado. Mas não confunda sagrado com religião e seu puritanismo pecaminoso. Sagrado no sentido de mergulho de alma, existência. Então, quando isso ocorre o sexo não se esgota na carne, e também não vai residir no que há de platônico em você. Ele será o encontro disso, carne e alma que juntos criam um terceiro espaço de prazer" (grifo nosso).

E, em diálogo com o post da minha amiga, não são mulheres tristes conforme entende o senso comum: são mulheres bem situadas no momento histórico em que vivem, conhecem as angústias de sua sociedade e sentem a tristeza dos tempos de hoje - exatamente por tal motivo não se rendem à superficialidade, à falta de explicações, ao laissez-faire sócio-sexual reinante.

Por lógica, não se comprometem com a moral risível da sociedade, não se comprometem com o que o homem pode pensar ou deixar de pensar, não se prendem aos convencionalismos da vizinhança ou dos colegas. Seu compromisso a priori é consigo mesmas. Se seu corpo não quer, não há artimanha ou brincadeirinha que as faça ceder ao convencimento (aliás, o corpo feminino não é para brincadeirinhas infantis nem para satisfação de carências não suprimidas na fase pueril).

Não se podam, não se castram. Quando não querem, não querem. É simples: corpo não tem tesão para o ato. Simples. Mas, quando querem, querem. Nem dor de cabeça é empecilho. Nem febre, nem dor de garganta, nem pneumonia. Nem lugar: em construção, em cima de moto, em carro (dentro ou em cima), em elevador, no banho, na pia da cozinha, na praia. Nem hora: à noite, de madrugada, depois do almoço, ao chegar do trabalho. Nem nada... exceto o não masculino. Faz-se o que, então? Respeita-se a vontade do parceiro, já que essas mulheres não levam a negativa para o lado pessoal. Simples [2].

São sinceras consigo mesmas: respeitam seu corpo, seus sentimentos, suas vontades. Respeitam sua personalidade e têm autonomia para escolher o que lhes é próprio para cada momento. O seu não é não. O seu sim é sim, querido, e uasdis wuhncopwe sek uwehbvopsdsjdf ushduweowoejf!!!!!!  (mode censura: ON)

No caso comentado, especificamente, repisa-se que não é questão de regras (que seria uma compromisso irracional com a moral): a negação não é dada porque é pelo primeiro encontro, ou o segundo, ou porque se conhecem há pouquíssimo tempo, ou porque se conhecem há anos. Não. É uma questão de tesão (o sexual e o motivador). Simples [3].

Como o próprio Warat profere ao explicar como a castração nos impede de nos conhecermos e de alcançarmos a libertação, ele também aponta que se fazem necessários limites, que é o respeito a si mesmo e ao outro, permitindo a consubstanciação da existência do eu e da alteridade (in A Ciência Jurídica e Seus Dois Maridos). Assim, desrespeito não é ter desejo pelo corpo feminino, mas é tentar devassá-lo em detrimento à personalidade e à autonomia da mulher.

Sabem o que querem, quando querem, como querem. Assim como os homens.
E sabem expressar suas vontades, assim como seus parceiros.
E sabem exercer sua autonomia e dizer não. Assim como os homens.

Tudo isso porque não têm medo de ficarem sozinhas, caso algum recalcado negue-lhes um próximo encontro por causa da negativa: antes só (e feliz consigo mesma) do que mal acompanhada (ao lado de um homem que não é Homem e não sabe respeitar um não).

p.s. 1: homens que são Homens, obrigada por entenderem que não há generalizações no texto. Amamos sua existência. Seríamos muito gays caso vocês não existissem (conotação comportamental e de cores).

p.s. 2: certa vez, enquadrei-me como puritana, mas retiro o que disse.
(mode censura: OFF)


Fake

Tu és um dos primeiros a afirmar que "só os verdadeiro comparecem na firma e cantam rou com o flow".
E, com isso, és o primeiro a expressar a falsidade de sua superficial identidade, que não sabe o que é rua, não sabe o que é sentir o que se canta nas rimas, desconhece o que motiva o MC e o que o faz chorar e sorrir.
És o primeiro a negar a essência dos meus, que tu queres que sejam teus, mas que tu não sabes o que é pertencer a algum laço de parceria e de um mano.
Tu não sabes o que é raiz, tu não honras a tua coroa nem o véio, não enxergas quem te faz bem nem agradece aos céus por ter um trampo que te mantém.
Não sei quem tu és no fundo, já que só vejo casca. Nem tu sabes, na real. Apesar disso, só sei quem tu não és: tu não és irmão, tu não é amigo, tu não é o que poderia ser, na essência.
Tu não és um dos meus. Tu não és do rap, nem do verdadeiro, muito menos dessa cultura.

sábado, 15 de maio de 2010

Inquietação


Charles, sensiblizado pela realidade do post anterior, retratou a repugnante consequência de tomarmos ciência disso: "Sempre sabemos desses casos, mas facilmente esquecemos.O que de fato sempre ou quase sempre deixamos para trás".

E questionou-me:  "Mas agora eu te pergunto, o que podemos ou posso fazer? Penso que você terá uma melhor visão do que a minha ..."

E, aqui, eu escrevo que os projetos que já planejei são inaplicáveis por ausência de conscientização maior de que somos todos responsáveis por esse tipo de situação maléfica. Então, chorando, eu escrevo que não sei mais... mudar tais fatos, sozinha ou em dois, e ver resultado efetivo? Bem, é da resposta que advém meu pessimismo.

Ninguém vê que somos nós que fazemos a sociedade, pois é nela onde nos identificamos... Identificação é identidade, como me fala Maffesoli. Vivemos em constante troca de percepções e tatos, moldamo-nos aos outros pela convivência e expomos nossos pensamentos com o cuidado para não sermos tachados seriamente de loucos.

Todos vemos isso, sim, Charles, mas ninguém faz quase nada. Muitos (a maioria) está preocupada em trocar de carro, em se vingar do vizinho que ouve som alto, em comprar uma bolsa Guess e um tênis Nike, em ir ao McDonald's e se entupir de gordura saturada, em ir às festas badaladas, fazer-se aparecer e ter uma imagem estampada num jornal, num site, numa revista, e... só.

Sim, um dia também intentarei trocar de veículo, mas não creio que tal seja o objetivo da existência de um ser humano. No meu humilde domínio da minha realidade que escorre por estes dedos, penso que o ser humano é muito mais que isso - assim, fica fácil entender a minha indignação frente à inércia de cada indivíduo anônimo que critiquei neste blog.

Certa vez, fui repreendida sutilmente por uma colega de estudo: "Ninguém está aqui para bancar o super-homem e salvar os adolescentes infratores de suas vidas restritas e desacreditadas!!!".

Puta que o pariu!!! Por que raios estudamos, então, direito?! Por que temos pensamento crítico e queremos quebrar paradigmas? Não há verdade absoluta, aprendemos no primeiro ano da faculdade - mas não haverá uma vivência coerente de bem-estar a todos? Ah, sou bem idealista e minha meta é uma utopia: o que significa que o caminho é longo, certo (e a chegada, impossível) e não restrito aos interesses supostamente altruístas de quem "estuda direito e fala bonito sobre Marx, Sartre, Hegel, Schopenhauer".

Não quero verbalizar flores e não poder plantá-las e vê-las florescer. Não falo do que não acredito - falo do que tenho esperança. E se eu digo que pretendo conversar com adolescentes infratores, por exemplo, não é para usá-los como mero objeto de estudo de um artigo: é para tentar sentir o que eles passaram, o que eles sofreram e tentar tirá-los da mentira que lhes contaram sobre a sua existência. Sim, quero tentar ser uma super pessoa que não se resigna a tais acontecimentos - ou uma pessoa sonhadora, coitada, pois tem fé em algo melhor e, segundo creem muitos, nada de bom/melhor pode se esperar da humanidade.

Faço do meu próprio peito, por vezes, o escudo contra a reprodução de atitudes e pensamentos alienados que demonstram o comodismo das pessoas diante das mazelas da sociedade, que estão, ali, ó, na sua vizinhança, na sua família, quiçá na sua vida. Não é simples sair da zona de conforto e bater de frente com as práticas massificadas, que são convenientes por egoísmo podre e se preocupam com a moda na próxima estação. Só sei que eu prefiro a guerra pela paz à paz calada - pois paz sem voz, não é paz: é medo.

Então, Charles, eu te digo: cada um, enquanto não conseguimos nos unir conscientemente, que faça a sua parte, que responda pelo que a vida lhe pede porque, se tu presencias uma cena de injustiça, será que não é por que a vida sabe que tu tens condições de modificá-la? Eu tento fazer o que posso -  mas minha alma sofre por saber que não é o suficiente.

Mas creio na luta cega que não vê a verdade, pois não é absoluta, mas que se sente no coração  ao ver o sorriso de uma criança, ao sentir o agradecimento de uma mulher, ao se aquecer com o abraço de um pai... ao ver um jovem vencer onde nem erva daninha vinga (cf. Emicida, in Ooorra...).

Charles, e a luta é uma prática diária, a cada período, a cada hora, quando tu menos esperares. Então, não te alienes, vigia, tem lucidez para teus atos, respostas, omissões e até pensamentos. Tem noção da tua existência e do que ela representa, pois a vida não te dará uma resposta: ela te dará todas. Cabe a ti escolher uma delas. Ou mais.

Mas, sobre isso, não gosto de dar respostas que não seja a mim mesma. Aos além de mim, prefiro dar perguntas, como tu me deste.

Então: o que a tua existência representa para ti?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ordem?! Subverta-a!

"Minha irritação vem do fato de ter 36 crianças que necessitam ser acolhidas em algum lugar, por estarem sofrendo abuso sexual ou sendo espancadas e não ter onde colocar, com decisões determinando o acolhimento e mandados de busca suspensos por falta de vagas...
Adolescentes de classe alta que resolveram plagiar o clube da luta e estão usufruindo suas tardes se espancando(por mim, podem fazê-lo até morrer).
Quatro anos de [vara de] infância não é fácil, não temos Executivo, e tem-se no crack a saída para aqueles que não podem fazer terapia.
Fracos são os que pensam ser fácil ter apenas 5 reais e não optar pela promessa mágica de cura imediata, ou pelo menos de esquecimento do problema social por algum tempo.
Quem nunca quis dormir para esquecer algo? Talvez tenho meus dias de fúria por ter apenas 700 crianças e adolescentes sob "minha guarda", muitas delas diariamente "parindo" filhos de relações com seus próprios pais, pois no "morro" é usual 7 dormirem na mesma cama.
Se isso foi forte, pense que depois o genitor-pai quer ter relações com a filha-neta.
Tenho apenas 8 conselheiros tutelares para uma CAPITAL, os quais nem condeno pelo desespero, pois precisaria no mínimo de 100 para a demanda.
Ações Públicas ajuizadas com suas liminares cassadas pelo TJ, as quais pretendiam dar alimento, educação e um mínimo de sobrevivência, mas há o entendimento da não interferência entre os poderes.
Duplicar a expresso sul? Dupliquem pelo amor de deus as instituições de acolhimento, o atendimento e orientação a classe menos favorecida.
Poderia escrever horas a fio, o que levo nas costas não tem como valorar o peso".


Desabafo de uma colega, Carolina Schmidt, que passa a ser admirada por mim não só pelo trabalho que exerce, mas pelo estômago que ainda tem.

E nem venha dizer "eu sei como é".
Não! Você não sabe como é. Você não sabe o que passa na alma da Carol. Você não sabe as impressões que esses fatos trarão para a vida dela.
Você não sabe.

Mas eu sei que ela é guerreira, e que vê o mal e faz o bem que pode.
E quando puder, fará um bem maior, quiçá subverta essa ordem decadente de "cumpra-se" e "i-se" sem o tato humano necessário para, REALMENTE, dar uma pacificação social.
Não a pacificaçã social genérica, mas a pacificação para o caso, a solução eficaz para uma maleza que se entranha na sociedade e é perpetuada pelo próprio estado (com letra minúscula mesmo: ele não merece a maiúscula).

De nada serve a nossa teoria se não podemos trazê-la à prática em benefício dos que não conseguem ver nenhuma escolha de vida melhor.

um ser só



"Vem a chuva molha o meu rosto,
provo do mel me lembro do seu gosto,
olho da janela vejo um jardim.
Vou a praia a tarde cai, que maravilha,
o vento traz o teu perfume de baunilha,
é como se o mar quebrasse só para mim.
Vou me emaranhar por entre os seus cabelos
dormir contigo afastar seus pesadelos.
E quando o Sol chegar seremos um, um ser só.

E deixa a mesma tristeza, em saber que não és minha
que não te posso alcançar"

Afraid

Não é o que temes que é o problema;
o problema é o teu próprio medo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O dia de hoje é o da traição



O dia de hoje é o da traição. Da traição mais oculta à traição mais parva, aquela na cara, mas que não vemos. E não é uma questão de semântica, de conceitos, de discrepância entre os entendimentos. Não. E, igualmente, não houve ilusão ou erro. Não. É uma questão de perversidade, maldade, de egoísmo e de individualismo.

É o dia em que as traições foram descobertas e se entrelaçaram, formando a tão falada cama-de-gato, em que se deitam os não tão puros de coração, os que acreditam um pouco na solidariedade e os que creem na parceria e, tolos, no outro. E nós, que cremos quando conveniente e que estávamos desatentos, olhando para frente, observando o próximo passo a ser dado e não nos atentamos para o chão.

É um dia de clareza de fatos, em que o silêncio se revelou barulhento em outra dimensão - a encoberta.

Nesse caminhar do sol, que ilumina quase tudo que está sobre a face do mundo, o que estava oculto e preparando o bote deslizou por pernas e picou nossa pele, fazendo-nos olhar para isso, para o que rastejava, o que estava embaixo de nossos pés se escondendo de forma vil.

À luz do meio-dia, a traição mostrou a sua face, encarando-nos e perturbando-nos com um sorriso parcial e macabro. Incitava à nossa reação, mas mantivemo-nos no susto, na inércia, no wtf?!?

Eles sabiam o que era pretendido; elas articularam a tomada de decisões e manipularam o convencimento para tanto. Elas propuseram uma mudança inesperada e desnecessária; eles se omitiram quanto à participação. Silenciaram-se, no ontem, perante o sol e brindavam às sombras e agiram e obtiveram êxito, de fato. Nessas horas, a cabeça dele rolou, mas a dela será posta num troféu - e ela não está nem aí. A importância dele baseou uma atitude. A dela, num pedido.

Com isso, fomos colocados na bandeja, com uma maçã na boca, impedindo-nos os nossos brados, com as mãos amarradas, obstando nossos gestos, com as pernas imobilizadas, sem espaço para correr, fugir, socorrer-se. E o pior: com a alma paralisada com a ação do veneno.

A traição mostrou sua forma e plantou indignação. Mas não importa mais o que pensemos, o que façamos contra seu modo, o quanto vociferemos: apesar da descoberta das jogadas, dos secretos, dos contatos mantidos no obscuro, teve êxito. Atingiu o seu objetivo e ainda nos imobilizou.

Mas, não houve paralisação total: os pensamentos mantêm-se livres. A imaginação desbrava qualquer limite. Uma estatégia se monta como consequência, meio que sem querer, meio que por instinto, por sobrevivência, por vingança.

Uma vingança não de re*ação, mas de ação: expurgam-se os obscuros, primando pelos que amam à luz, mesmo que traga descoberta de juízo negativo, pois são os raios que ajudam a focar mais o que já é desfocado: a nossa percepção - não precisamos de mais engodos; temos os nossos próprios (somos sombras por dentro). Por isso, andamos à luz e para a luz.

Uma ação diferente, no momento propício, se a claridade assim a quiser. Senão, não perdemos nada. Mas, de todo modo, mantemos a nossa fé, a nossa integridade sincera, nossos atos firmes.

Uma ação própria, porque vamos à luz, pois conhecemos bem o escuro.

O dia foi de vocês.
Mas a noite é nossa.

=]

Agradeço os presentes palpáveis, mas os sentimentos desvendáveis são meus preferidos...
Um presente de Thiago, querido :*


Espera o tempo como se tivesse hora marcada,
a ansiedade invade, toma conta, lhe rouba a alma.
Mesmo prometendo não criar tantas expectativas,
que ironia, sem pensar, nem titubeia.
Chega apressado, vários passos largos,
como se não pudesse chegar atrasado.
Respira um segundo, que mundo maluco,
tenta não pensar muito.
Abre a janela, logo vê ela, foi válida a espera.
Falam de si, sonhos viris, coisas gentis.
Acredita ser ela, tenta não, mas se entrega,
nunca viveu nada que se assemelhasse àquela.
Vive o momento, parece não ter tempo,
doce período de alento.
Quando percebe já era, os minutos nem esperam,
vai-se com vontade dela.
Passa todo o resto arrastado, segue a inércia do inevitável,
tenta lembrar de como foi afável.
Segue o dia mudo, a noite cega ao escuro, parece esperar o próximo futuro.
De repente uma nova aurora, relembra coisas de outrora,
não a quer mais na janela, tem esperanças de vê-la à porta.
Que coisa é a distância, traz consigo o ardor da ânsia,
compensada por outra lembrança.
De novo a hora marcada, seus sonhos quase criam asas,
em busca de viver o que se sonhara, vem sempre em busca de cuidar da sua jóia rara,
na expectativa de que ela o aceitara.
Vem ser o que se sonha, realiza minha esperança, faz-se matéria em frente a minha criança;
droga, vai-se novamente como quem se desencontra.
Mas amanhã uma nova aurora, e de novo a vontade de outrora, na esperança de materializar sua senhora;
quem me dera pudéssemos nunca mais ir embora.

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domingo, 9 de maio de 2010


Cada pessoa com a qual nos preocupamos é uma perda num momento futuro.
Poucos, atualmente, lutam para que esse momento seja o mais tardio possível.




O escuro não é tão tenebroso porque não estamos sozinhos nele.



Alguns laços são inexplicáveis, desafiam a lógica, a razão.
Alguns laços, simplesmente, devem existir.

sábado, 8 de maio de 2010

Maldita hierarquia social


Há bem pouco tempo, eu era bem condescendente com algumas pessoas que se espantavam: direito? nossa! pós-graduação?! poxa!! concurso?! ah, é?! bens materiais?! puxa vida!!
De uma certa forma, eu equiparava as linguagens e mostrava que cada qual, na sua vida, trilha um caminho específico e que vitórias e fracassos são relativas e blá blá blá -  (ou mimimis, em homenagem ao meu querido Maicon).
Equipava, assim, egos - mesmo sabendo que eu estava sendo medida pelas minhas aquisições e não pelo que sou... afinal de contas, o mundo capitalista, o egocentrismo, o eurocentrismo, o ter acima do ser e tudo o mais e blá blá blá.
Mais que isso, até! Não queria passar uma imagem que não sou: alguém que cheira vademecum cru, sem nenhuma base crítica, expurga as identidades ao redor e infla a sua vaidade dizendo "eu sei da verdade" (espécie de pessoa com a qual convivi muito na faculdade e ainda convivo em dose menor).
Eu queria aplicar, efetivamente, o princípio da igualdade na minha vida.
Resultado: igualando-me aos que não se oportunizam uma melhoria de vida e, por consequência, aos que não cuidam da própria existência, passei a ser tratada não como igual, com respeito à minha identidade e aos meus pensamentos, mas como mais uma desses iguais de massa de manobra.
Causa: eu mesma não me valorizei: valorizei mais o outro, lendo seu modo de interpretação, diminuindo-me nessa maldita hierarquia criada pela sociedade.
Erro crasso: desconsiderei as regras do jogo social e quis transplantá-lo ao mundo crítico, sem sua abertura à conscientização.
Corolário: seguir o que já ouvi há tempos: se tu aprendeste a falar difícil, fale difícil.