sábado, 8 de maio de 2010
Maldita hierarquia social
Há bem pouco tempo, eu era bem condescendente com algumas pessoas que se espantavam: direito? nossa! pós-graduação?! poxa!! concurso?! ah, é?! bens materiais?! puxa vida!!
De uma certa forma, eu equiparava as linguagens e mostrava que cada qual, na sua vida, trilha um caminho específico e que vitórias e fracassos são relativas e blá blá blá - (ou mimimis, em homenagem ao meu querido Maicon).
Equipava, assim, egos - mesmo sabendo que eu estava sendo medida pelas minhas aquisições e não pelo que sou... afinal de contas, o mundo capitalista, o egocentrismo, o eurocentrismo, o ter acima do ser e tudo o mais e blá blá blá.
Mais que isso, até! Não queria passar uma imagem que não sou: alguém que cheira vademecum cru, sem nenhuma base crítica, expurga as identidades ao redor e infla a sua vaidade dizendo "eu sei da verdade" (espécie de pessoa com a qual convivi muito na faculdade e ainda convivo em dose menor).
Eu queria aplicar, efetivamente, o princípio da igualdade na minha vida.
Resultado: igualando-me aos que não se oportunizam uma melhoria de vida e, por consequência, aos que não cuidam da própria existência, passei a ser tratada não como igual, com respeito à minha identidade e aos meus pensamentos, mas como mais uma desses iguais de massa de manobra.
Causa: eu mesma não me valorizei: valorizei mais o outro, lendo seu modo de interpretação, diminuindo-me nessa maldita hierarquia criada pela sociedade.
Erro crasso: desconsiderei as regras do jogo social e quis transplantá-lo ao mundo crítico, sem sua abertura à conscientização.
Corolário: seguir o que já ouvi há tempos: se tu aprendeste a falar difícil, fale difícil.
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