quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ordem?! Subverta-a!

"Minha irritação vem do fato de ter 36 crianças que necessitam ser acolhidas em algum lugar, por estarem sofrendo abuso sexual ou sendo espancadas e não ter onde colocar, com decisões determinando o acolhimento e mandados de busca suspensos por falta de vagas...
Adolescentes de classe alta que resolveram plagiar o clube da luta e estão usufruindo suas tardes se espancando(por mim, podem fazê-lo até morrer).
Quatro anos de [vara de] infância não é fácil, não temos Executivo, e tem-se no crack a saída para aqueles que não podem fazer terapia.
Fracos são os que pensam ser fácil ter apenas 5 reais e não optar pela promessa mágica de cura imediata, ou pelo menos de esquecimento do problema social por algum tempo.
Quem nunca quis dormir para esquecer algo? Talvez tenho meus dias de fúria por ter apenas 700 crianças e adolescentes sob "minha guarda", muitas delas diariamente "parindo" filhos de relações com seus próprios pais, pois no "morro" é usual 7 dormirem na mesma cama.
Se isso foi forte, pense que depois o genitor-pai quer ter relações com a filha-neta.
Tenho apenas 8 conselheiros tutelares para uma CAPITAL, os quais nem condeno pelo desespero, pois precisaria no mínimo de 100 para a demanda.
Ações Públicas ajuizadas com suas liminares cassadas pelo TJ, as quais pretendiam dar alimento, educação e um mínimo de sobrevivência, mas há o entendimento da não interferência entre os poderes.
Duplicar a expresso sul? Dupliquem pelo amor de deus as instituições de acolhimento, o atendimento e orientação a classe menos favorecida.
Poderia escrever horas a fio, o que levo nas costas não tem como valorar o peso".


Desabafo de uma colega, Carolina Schmidt, que passa a ser admirada por mim não só pelo trabalho que exerce, mas pelo estômago que ainda tem.

E nem venha dizer "eu sei como é".
Não! Você não sabe como é. Você não sabe o que passa na alma da Carol. Você não sabe as impressões que esses fatos trarão para a vida dela.
Você não sabe.

Mas eu sei que ela é guerreira, e que vê o mal e faz o bem que pode.
E quando puder, fará um bem maior, quiçá subverta essa ordem decadente de "cumpra-se" e "i-se" sem o tato humano necessário para, REALMENTE, dar uma pacificação social.
Não a pacificaçã social genérica, mas a pacificação para o caso, a solução eficaz para uma maleza que se entranha na sociedade e é perpetuada pelo próprio estado (com letra minúscula mesmo: ele não merece a maiúscula).

De nada serve a nossa teoria se não podemos trazê-la à prática em benefício dos que não conseguem ver nenhuma escolha de vida melhor.

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