sábado, 7 de junho de 2014

Têm sido tempos difíceis. E, ao mesmo tempo, uma época de consciência.

Fechar-se para vínculos relacionais, em razão de você mesmo e do que você acredita, é quase uma autofagia, um tanto quanto necessária para você analisar de longe o que você precisa ver em detalhes.

Não sei se será um dos trabalhos mais importantes, mas sei que o que estou produzindo está sendo o mais correspondente aos meus anseios e às minhas (in)certezas. Vai do abstrato teórico de holos ao sangue e à miséria humana experimentadas na parcela que vejo da sociedade.

Na construção desse prisma multifacetado, em que impera a ingenuidade de dar uma resposta à complexidade social e jurídica, me são impostas decisões mais claras e mais condizentes com o que acredito. O meu trabalho que prima por uma ética consciente da moral coletiva e da atuação dos atores públicos, demanda de mim o abandono da hipocrisia e a adoção de um sentido em minha vida. Vem à tona, de uma maneira inexorável, a pergunta: por que você está fazendo isso?

É a pergunta que sempre faço aos outros, mas - grande erro - que havia deixado de fazer a mim mesma. Deixei-se levar pela perfeita tempestade de eventos e tornei-me, fatidicamente, reativa: deixei de criar na proporção que criava; esqueci-me de moldar positivamente as situações ou de transformá-las, com o ímpeto do que pode ser certo, a algo proveitoso aos envolvidos. Resignei-me a esperar e a reagir.

Assim, perdi as forças. Meu espelho e o seu reflexo eram-me estranhos e as possibilidades de um sorriso afetuoso eram caras.

Até que precisei me afastar e aproximar-me, de novo, dos pensamentos que me construíram. Pensamentos de racionalidade e de otimismo frente ao panorama negativo da humanidade. Pensamentos de resiliência e distinção de egos. De força vital e de possibilidade de mudança.

E isso atinge aqui: toda essa corrente inovadora de mentalidade aprofunda-se na minha pequena existência. E me afunda, me desconstrói, me separa. É onde eu vejo que estava afastada da minha base, que me parece ainda um tanto quanto turva - mas não porque ela assim é, mas porque meus olhos ainda estão enuveados.

Só preciso de forças, agora, para tornar a visão límpida.

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