As pessoas sempre vão se aproximar de você com algum objetivo: porque elas se identificam com você de alguma forma e querem te conhecer mais, ou porque elas se distinguem de você e acabam, dessa forma, às vezes, aproximando-se para refutar suas ideias.
Particularmente, experiencio mais a primeira hipótese e, na verificação da segunda, acabo por eu mesma me afastar porque não me é interessante manter aproximação com nenhuma pessoa que que refutar ideias sem o mínimo de diálogo. Havendo diálogo, ok, vamos conversar.
Ultimamente, algumas pessoas se aproximaram de mim. Algumas vezes, não considerei, de início, questionar-me qual a razão de sua proximidade, considerando que o que eu queria estava acontecendo; os meus interesses eram atingidos - tal proximidade - e é isso que me importava. Mas nesse troca-ganha-perde dos encontros, o dinamismo é muito mais complexo do que isso.
Em algum ponto desses relações, alguém apresenta uma expectativa. E essa expectativa, como já devo ter comentado aqui ou em algum outro lugar, geralmente é baseada em uma projeção do que você acha que a pessoa é ou de como ela vai se portar. Mas, ah, a liberdade de viver é bem maior do que uma expectativa para, quiçá, preencher alguma carência afetiva.
De início, digo "geralmente" porque criamos expectativas baseadas no que as outras pessoas falam. E, vamos lá, não chego a apontar as expectativas romantizadas de "vou te amar eternamente" ou "quero viver sempre ao seu lado". Falo de esperas mais simples, como: "vamos sair neste sábado" ou "farei um jantar para você". Quando isso não acontece, quando ocorre, sim, um perdido ou uma displicência do que fora combinado, BUM: essa pessoa não tem palavra. Ok, concordo que qualquer imprevisto pode acontecer... mas a existência de uma relação pressupõe a participação de, no mínimo, duas pessoas. Para que isso funcione, nada melhor que diálogo, transparência, atenção. Se não há isso, vamos lá: a pessoa não cumpre com sua palavra, simplesmente; ou, além de não cumprir com sua palavra, ainda acha que a outra pessoa não é digna de qualquer tipo de conversa. É algo que a moral, a mais humanista possível, sabe bem explicar.
E a liberdade de a pessoa falar, omitir-se, ser displicente com ela e com os outros? Bem, a liberdade não é algo que possa ser vista de um prisma linear, exatamente porque há o convívio com outras pessoas. Por essa liberdade, busca-se igualdade (com todas as discussões que envolvem o assunto) e busca-se o mínimo de comprometimento com aquilo que a própria pessoa se propõe a fazer. Se não é capaz de fazer ou não quer, não fale, não se comprometa falaciosamente.
Agora, as projeções criadas por aqueles que idealizam as outras pessoas. Aparentemente, tais pessoas não possuem uma abertura suficiente para se permitir conhecer a outra pessoa; muitas não querem perder tempo, criam a fantasia, se comprometem por algum determinado plano de vida que criou, sozinho, em sua mente, e coloca a outra pessoa no script - e ai se ela não andar conforme o que o monólogo indica.
Diversas discussões originam-se porque não enxergamos a outra pessoa como ela realmente é: queremos que ela se enquadre no que nossa mente produziu com as peças que conhecemos de tal pessoa. E a mente engana porque sempre está sempre nos orientando para aquilo que nos dá mais satisfação: manter-se afastado para não e envolver, criando a figura de uma pessoa ruim; ou manter-se próximo, com a figura de alguém que corresponde a todos os nossos tipos de ideiais.
Muito dizem que vivemos em um mundo em que as pessoas estão vazias. Pode-se até concordar com tal afirmação, mas de forma relativa: as pessoas estão vazias de permissão se conhecerem, de liberdade de amar, de empatia, alteridade - e, sim, serei bem clichê. Mas estão cheias de apontamentos aos outros, de julgamentos, de expectativas que suas próprias frustrações ou necessidades criaram, mas que não conseguem enxergar porque é mais fácil, sempre, culpar o outro.
O que mais ouvimos por aí é "você deve ser assim", "você deveria ter agido de tal forma", "você tem a obrigação de fazer tal coisa". O que menos ouvimos é "faça suas escolhas: mantendo-se consciente, elas te levarão para o melhor lugar par você".
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Senta: lá vem a história
Finados.
Até esse ano, não tinha alguém falecido com que lembrasse com nitidez. Em, 2015, contudo, esse ano de extremos de conquistas e de perdas, lembro vividamente da minha avó, que faleceu no primeiro semestre.
Quando da sua morte/passagem, não percebia o quanto seria atingida por esse acontecimento. Há alguns anos não mantínhamos um contato próximo e nos víamos somente em poucas festividades da família. Mas, o que eu não via e agora sinto com profundidade, era que era ela que unia bravamente nossos familiares.
Além do sentimento de vácuo familiar, envolve-me, desde essa época, um niilismo com que luto diariamente e por conta de tal que me esforço para encontrar sentidos.
Somos tão breves. Somos tão frágeis.
Nessa efemeridade existencial, que, se formos conscientes, veremos nos atacar todos os dias, temos que fazer escolhas. E uma das escolhas mais difíceis que fazemos é o sentido que daremos à nossa vida: qual a cor da nossa vida; qual o seu ritmo; qual a sua direção; por qual objetivo entregaremos nossa existência.
Para pessoas programadas ou que não questionam a ordem e a estrutura das construções que nos são colocadas goela abaixo desde que nascemos, é fácil: segue-se a maré, o fluxo contínuo do rio, a caminhada, entrincheirada, da manada. O sentido é aquele nos nos indicaram; a cor é a que já conhecemos, a do nosso grupo social; o cheiro também é conhecido; bem como os objetivos, geralmente, serão os resignados do "nascer, crescer, trabalhar, reproduzir, morrer", com alguns intervalos de festividades, lazer, reproduções de sentidos aos outros, etc.
Mas, para os que ousam manter-se na pergunta infantil "Por quê?!"... ah, a liberdade é imensa, mas a responsabilidade sobre a sua própria vida também o é. E o fardo disso também. Lá na frente, ao olharmos para trás, não indicaremos nosso dedo a alguém em quem imputarmos nossa suposta direção equivocada; estaremos diante de nós mesmos, fazendo o balanço das opções que tínhamos e das escolhas que fizemos. Será a nossa cara que fitaremos quando nos arrependermos de algo; ou será a nossa expressão de alegria de que nos emocionará ao concluir por boas caminhadas.
A morte nos dá o tapa na cara para nos acordar para a nossa vida. Ela paralisa, faz-nos pensar sobre a nossa própria existência. Como sou feita de questionamentos, essa parada é-me dolorida demais. Envolvida, ainda, pela força do meu ascendente aquariano e abandonando a tradição canceriana (n]ao que acredite, mas vai que...), a decisão de qual fluxo injetar toda essa energia é demorada - demanda várias opções, possibilidades, variáveis, hipóteses, fatores...
Mas, apesar da dúvida do que se quer exatamente como sentido da vida, tem-se a certeza do que não se quer como tal. Não se quer palavras vazias, promessas não cumpridas, expectativas em cima de pessoas que não cumprem o que falam ou que são adormecidas para sua própria existência.
Nesse período, convivi como nunca. Aproximei-me de várias pessoas, com o intuito de compartilhar momentos e conhecer o seu sentido da vida. Não cabe a mim julgá-las pelas suas escolhas de vida, mas sei examiná-las no que se refere a minha pessoa.
Ouvi sobre muitos planos, conheci muitos projetos de vida e fui envolvida em muitos deles. Contudo - não sei se é porque estou vivendo demais e meu ritmo está bem acelerado -, as coisas demoraram demais para acontecer, ou não aconteceram.
Muitas pessoas fazem a sua realidade, criam e recriam a sua vida. Outras, somente têm planos - e só.
Disso, tem-se uma certeza que já faz diferença: o sentido macro da vida é a sua própria realização e seu compartilhamento. A sombra e a nebulosidade de projetos de vida não satisfazem ninguém - só alertam para o fato de que a vida passa rápido demais para ficar ao lado de pessoas que não fazem acontecer.
E é aí que eu olho para meu espelho e pergunto: o que EU estou fazendo acontecer?
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