segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Senta: lá vem a história



Finados.

Até esse ano, não tinha alguém falecido com que lembrasse com nitidez. Em, 2015, contudo, esse ano de extremos de conquistas e de perdas, lembro vividamente da minha avó, que faleceu no primeiro semestre.

Quando da sua morte/passagem, não percebia o quanto seria atingida por esse acontecimento. Há alguns anos não mantínhamos um contato próximo e nos víamos somente em poucas festividades da família. Mas, o que eu não via e agora sinto com profundidade, era que era ela que unia bravamente nossos familiares.

Além do sentimento de vácuo familiar, envolve-me, desde essa época, um niilismo com que luto diariamente e por conta de tal que me esforço para encontrar sentidos.

Somos tão breves. Somos tão frágeis.

Nessa efemeridade existencial, que, se formos conscientes, veremos nos atacar todos os dias, temos que fazer escolhas. E uma das escolhas mais difíceis que fazemos é o sentido que daremos à nossa vida: qual a cor da nossa vida; qual o seu ritmo; qual a sua direção; por qual objetivo entregaremos nossa existência.

Para pessoas programadas ou que não questionam a ordem e a estrutura das construções que nos são colocadas goela abaixo desde que nascemos, é fácil: segue-se a maré, o fluxo contínuo do rio, a caminhada, entrincheirada, da manada. O sentido é aquele nos nos indicaram; a cor é a que já conhecemos, a do nosso grupo social; o cheiro também é conhecido; bem como os objetivos, geralmente, serão os resignados do "nascer, crescer, trabalhar, reproduzir, morrer", com alguns intervalos de festividades, lazer, reproduções de sentidos aos outros, etc.
 
Mas, para os que ousam manter-se na pergunta infantil "Por quê?!"... ah, a liberdade é imensa, mas a responsabilidade sobre a sua própria vida também o é. E o fardo disso também. Lá na frente, ao olharmos para trás, não indicaremos nosso dedo a alguém em quem imputarmos nossa suposta direção equivocada; estaremos diante de nós mesmos, fazendo o balanço das opções que tínhamos e das escolhas que fizemos. Será a nossa cara que fitaremos quando nos arrependermos de algo; ou será a nossa expressão de alegria de que nos emocionará ao concluir por boas caminhadas.

A morte nos dá o tapa na cara para nos acordar para a nossa vida. Ela paralisa, faz-nos pensar sobre a nossa própria existência. Como sou feita de questionamentos, essa parada é-me dolorida demais. Envolvida, ainda, pela força do meu ascendente aquariano e abandonando a tradição canceriana (n]ao que acredite, mas vai que...), a decisão de qual fluxo injetar toda essa energia é demorada - demanda várias opções, possibilidades, variáveis, hipóteses, fatores...

Mas, apesar da dúvida do que se quer exatamente como sentido da vida, tem-se a certeza do que não se quer como tal. Não se quer palavras vazias, promessas não cumpridas, expectativas em cima de pessoas que não cumprem o que falam ou que são adormecidas para sua própria existência.

Nesse período, convivi como nunca. Aproximei-me de várias pessoas, com o intuito de compartilhar momentos e conhecer o seu sentido da vida. Não cabe a mim julgá-las pelas suas escolhas de vida, mas sei examiná-las no que se refere a minha pessoa.

Ouvi sobre muitos planos, conheci muitos projetos de vida e fui envolvida em muitos deles. Contudo - não sei se é porque estou vivendo demais e meu ritmo está bem acelerado -, as coisas demoraram demais para acontecer, ou não aconteceram.

Muitas pessoas fazem a sua realidade, criam e recriam a sua vida. Outras, somente têm planos - e só.

Disso, tem-se uma certeza que já faz diferença: o sentido macro da vida é a sua própria realização e seu compartilhamento. A sombra e a nebulosidade de projetos de vida não satisfazem ninguém - só alertam para o fato de que a vida passa rápido demais para ficar ao lado de pessoas que não fazem acontecer.

E é aí que eu olho para meu espelho e pergunto: o que EU estou fazendo acontecer?

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