terça-feira, 25 de junho de 2019

das violências

Noite
Temperatura boa
Fone no pescoço para ouvir eventuais passos
Seriedade
Olhos abaixados e desviados para não chamar olhares
Boca fechada, prensada

Dispersão
Olho ao lado da outra rua e sorrio com a música
Um olhar encontra minhas pernas
Ele anda paralelo a esse caminho, olhando
Olhar de violência, de redução
Meus olhos não significam nada, mas meu corpo, sim
É uma categoria de possibilidades para uma masculinidade doentia
Que tem MEDO das mulheres
Que aprender a odiar o feminino desde cedo
Que tem medo de si, de sua afetividade
Que odeia sua insegurança, sua vulnerabilidade
E que, talvez, sei lá, uma forma de matar seu feminino é submeter quem o represente
Não importa

Importa em olhar para baixo
Baixar a música do fone
Procurar, nas ruas, caminhos seguros
Seja com luz para aparecer
Seja escuro, para se esconder
Sempre depende

Pimenta
Spray
Não tem, não pode, ilegal
Mas e esse olhar que violenta
Um corpo que se tensiona, que se esconde, que se protege
De um olhar?
Um corpo que tenta viver em toda a sua complexidade de potência
Mas é reduzido na relação
Mas é limitado pelo outro
O outro insiste em se fazer sujeito
Esse outro que insiste em reduzir o corpo em objeto
Um objeto que satisfaz aquilo que crê ser homem,
[mas é violência.

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