sexta-feira, 30 de março de 2012

Aqui



Minha casa tem um hálito e uma temperatura diferentes quando você está aqui. Uma temperatura mais quente e úmida, um hálito de homem, forte. Duvido que saiba disso...
Eu, ao contrário, sempre soube, desde a primeira vez.
Até me incomodei, pois o meu feminino do ambiente acaba se mesclando e até diminuído por conta desse seu masculino. Mas me convenci: é um dos elementos cessionários necessários para a companhia.
O que eu não sabia é que minha casa mantém uma memória sua: mesmo na sua ausência, a mesma temperatura e o mesmo hálito são produzidos por ela, como um costume. Uma assimilação de vida, da sua vida, na minha própria casa.
Mas isso não substitui a sua presença; ao contrário, dorifica ainda mais a sua ausência.

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