quinta-feira, 28 de abril de 2011
Caos revolts - Batida
Dia de chuva.
Rua de mão única. Duas pistas.
Eu trafegava na pista esquerda, para convergir à esquerda na bifurcação logo à frente.
O cara de moto, um pouco à minha frente, na pista direita.
De repente ele dá pisca.
Penso, pela lógica da via: ele vai convergir junto comigo, mas continuar na pista da direita.
Engano crasso: o intuito dele era convergir numa ruazinha à esquerda, antes da bifurcação.
Sim, você está lendo certo: da pista da direita, ele queria convergir cegamente para a ruazinha, anterior à bifurcação, à esquerda.
E, de fato, foi o que ele tentou fazer!
Resultado: bateu com tudo na lateral direita do meu carro, afundando e arranhando quase toda a sua extensão.
Durante a batida, que agora ecooa dentro de mim em formato slow, freei o mais que pude, fazendo o carro derrapar, quase batendo em outros carros e numa árvore.
Nesses momentos, não choro. Como já me falaram, consigo permanecer o mais fria possível.
Deixei o carro como estava, liguei o pisca-alerta, saí do carro e fui até o motociclista.
Um homem de seus 50 anos. De chinelo. Carregando uma CPU.
A primeira coisa que pergunto:
"Como é que tu me dá uma dessa?", oras, visivelmente o cara parecia querer se matar.
E depois:
"O senhor está bem?"
Ele nem me responde; simplesmente se levanta, levanta a moto e a leva até a calçada.
Enquanto isso, eu olhava a extensão do dano:
"Puta que o pariu!!! Lá vou eu pro martelinho..."
Perguntei de novo se ele estava bem e, novamente, ele me ignorou e apenas olhou para a mão, que sangrava por causa de um arranhão.
"Beleza", pensei, "ele quer dar uma de indiferente, eu que não vou ignorar isso". Fui até o carro, anotei a placa da moto, voltei até a calçada e disse:
"Olha, como a gente pode fazer isso? Eu tenho um compromisso agora e não posso me atrasar e não pretendo chamar a polícia..."
E ele, com a cara mais lavada do mundo:
"Eu não vou pagar nada. Se quiser chamar a polícia, chama. Eu vou dizer que tu que me cortou a frente"
Puta que o pariu! Puta que o pariu!
Acredita nisso?
E eu:
"Ok, vamos fazer um b.o., então".
Naquele momento, estava me fodendo para qualquer compromisso. O cara quer ser um pilantrão e não arcar com as consequências, ótimo! Se não é uma pessoa que se responsabiliza pelos seus atos, há quem o force a fazer isso, além da vida.
Veio polícia, foi feito o b.o.
"Se vocês não entrarem num acordo, vão ter que pegar o b.o. lá não sei onde e pagar R$35 ao cofres públicos", disse o policial.
Poderíamos até compensar os danos, mesmo a responsabilidade sendo dele. Ele quebrou só o espelhinho e arranhou o tanque. Arrumar a moto é barato; eu já tive duas e sei como é.
Mas vi, desde o início, que o cara ficou carrancudo e nem dava brecha para uma conversa.
Eu me limitei a agradecer os policiais.
Nem olhei mais pro cara. Em casos assim, não adianta bater boca ou tentar entrar num consenso.
Fui embora.
Fiz o que tinha que fazer e, voltando para a cara, aquela pontada... agora, sim, eu choro.
Não tanto pelo prejuízo, mas pela canalhice desses filhos da puta que colocam a culpa de seus erros nos outros.
Chorei de raiva... e estou chorando ainda.
E choro de raiva por todos que conheço que dão uma desculpa esfarrapada por não assumirem seus atos.
É muito fácil dizer que os outros que cortam a frente, né?
Diz que a culpa é do sofá, diz que a culpa é da chuva, é da moça no carro, é do pisca, é de Deus, é do caralho a quatro!
Mas a tua incapacidade de ser honesto e tua falta de caráter tu não enxerga!!!
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