Perguntaram-me se eu tinha assistido ao casamento. Qual casamento? teria sido a minha resposta imediata se eu já não estivesse entupida de tanta informação sobre príncipes, princesas, vestidos, moda, casamentos, conto de fadas e apensos cuspida e ruminada pela mídia.
Não, não assisti: passei a manhã em oficinas de pintura e lataria fazendo o orçamento para consertar o carro.
E, possivelmente, se não tivesse esse compromisso de inopino, teria passado fazendo outras coisas mais reais do que assistir ao casamento.
Também não quero saber do vestido azul marinho, turquesa, mar, céu, nublado e chuva que está bombando nas lojas e nas revistas de moda. Moda é tendência; tendência passa; o que passa assim rápido demais (ainda mais por ser manipulado pelo sistema político-econômico, mas econômico do que político) não deixa frutos; o que não deixa frutos, não deixa aprendizado; o que não deixa aprendizado, não aprimora o crescimento humano. O que eu gosto, eu gosto, como o xadrez - mas não porque está na moda, mas porque eu gosto. Um mínimo de bom senso: se o xadrez estivesse enquadrado () como ridículo e isso representasse minha exclusão social, eu não usaria - afinal de contas, sempre há algum tipo de prostituição troca pela aceitação ou, no mínimo, tolerância.
E eu não gosto de azul marinho, globo, marquesa ou dúbio. Não me cai bem. Fico com cara de doente. E mesmo que ficasse bem, não gosto - me lembra os uniformes escolares da escola pública que estudei no ensino fundamental. Passado. Passado é passado, não se recicla, não se renova, não se torna presente ().
Também não quero namorar, casar, flertar ou o que quer que seja com nenhum príncipe. Muita segurança, provavelmente muito ego, muito mimimis de etiqueta da era das trevas, eu nem ia poder encostar no rapaz, nem abraçá-lo ou beijá-lo, nem vê-lo a qualquer momento - compromisso a ser marcado com uma antecedência dos dermatologistas ou dos oftalmologistas: seis meses e, no caso de alguém desmarcar a consulta, três meses. Não, obrigada. O feeling de um relacionamento pertence ao presente ou a um presente próximo (equivalente a um futuro não distante), não para um futuro longíquo, incerto e eventual. E o belo trato humano é tão simples, é tão sutil, se despido das regras absurdas que muitos insistem em perpetuar.
Participar da realeza? Tudo construção nossa, meus queridos. Tudo invenção humana, convenções sociais, estereótipos hierárquicos. Todos já participamos de uma realeza e a maioria de nós prefere mendigar ou se iludir com a vida dos outros.
Entendo o sonho, a utopia, a fantasia das pessoas. Tudo bem. Não vou julgar ninguém, não (ainda não sou paga para isso, hohoho). Só não me vejo projetando uma vida que não condiz com a minha, pois, enquanto eu estivesse viajando na Europa, minha vida está aqui ardendo por mim, convidando-me para dançar um ritmo único, o meu ritmo, o nosso ritmo, dizendo-me para ajudar a fazer a batida que representa o core, que representa a respiração humana, que desvenda a simplicidade do que é estar vivo em si.
Conto de fadas, vestida de azul marinho e com um príncipe monótono e metido à perfeição (e envenenado pela etiqueta e pelo perfeccionismo)?
Não, não quero.
Conto de fadas* é curto demais para toda a profundidade existencial que sinto e que quero experienciar cada vez mais, juntamente com uma infinita paleta de cores (e sombras e batons e vestidos e tudo que puder) e com o cara que não tenha problemas em ser imperfeito.
own
*E correr um risco de beijar um sapo que vira um sapo-boi ou um boi?
Não, to fora!
Hehehe, não precisava entrar para realeza, nem usar vestidos e anéis e tal, mas uns beijinhos do Harry eu não dispensava de jeito nenhum!!!
ResponderExcluirBeijos!
Hehehe
ResponderExcluirHmmm... não faz meu tipo :P
:D
Bjão, Déa :*
Esse foi o post que eu mais me identifiquei!
ResponderExcluirVocê está certa eu tudo que falou!
Beijão
Karlinha *-*!!!
ResponderExcluirSegue bem-vinda :D
Imaginei que você fosse se identificar, mesmo... ainda mais nas partes da mãozinha, hehhe
Bjão :*