sexta-feira, 19 de março de 2010

E daí?!


Os seres humanos nascem com uma capacidade incrível de julgamento: bradam certo e errado, apesar de se embasbacarem ao explicar quais são os parâmetros para tal afimativa. E se invocam: são sabedores porque sim! Oras! É evidente!

Sabem, com exímio, (des)valoriza uma atitude, rejeitar ou adotar uma conduta como (im)perfeita (avaliando-a como a correta ou a mais conveniente ou a que mais vai satisfazer a sanha de vingança), cuspir na cara daquele que mais pode ajudar, recriminar aquele que mais precisaria de absolvição. É sim ou não, oito ou oitenta, preto ou branco: dualismo maldito que os afasta da realidade humana - a riqueza de talvez, de tons de amarelo, de cinza, de rosa.

Mas, não: julgamentos, esteriótipos. Se certeiros ou falhos, varia conforme o prisma analisado.

E ela... só eu a vi: e ela não é nada do que proferem acerca de sua existência.
Muitos comentam que ela teve de tudo e que tudo que a ela pertence foi presente do pai, da mãe, da sorte, do destino. Só não veem nela a luta e nenhuma graça de graça.
Já a excluíram como excluída, ignoraram-na como indiferente, desprezaram-na sem sentimento, paradoxalmente.
Só eu vi a reação do que sentiu.
Calafrio.
Choro. Medo
Rebeldia.
Só eu a ouvi quando fora rejeitada por sua própria semente; quando seus próprios criadores a esqueceram de propósito e a deixaram ao léu, ao destino inerte, à vida avalorada.
Corte de laços. Todos.
Só eu a vi passar fome, comer uma maçã e agradecer por aquele momento.
Só eu a vi beber água de banheiro, tremer de frio no chuveiro, querer morrer - só por um dia, um dia inteiro.
O padecer do corpo seguia o da alma e vice-versa.
Só eu a vi se rasgar de sangue por deixar de lado outros que ela considerava amigos - mas que não passavam de parasitas ou matérias amorfas que nada fizeram além de estagná-la.
Revolta pelo engano. O engano próprio - o pior.
Chorei junto quando a(s) pessoa(s) que lhe era(m) amada(s) a abandonou(aram) e ela se viu sem chão, sem céu, sem ar, sem nada.

Aprendeu, então, a respirar um outro ar, a ver um outro horizonte, a cuidar do que realmente possui ou está ao seu lado.
Eu a vi entendendo o mecanismo de defesa das pessoas e a refutá-lo, costurando suas feridas e escrevendo embaixo o motivo da cicatriz.
Aprendeu a beber e comer o necessário, a gastar o que pode, a investir no que lhe traz benefícios.
Coube a ela saber o significa axiologia, a como colorir, agir, (re)mexer.
Soube lidar com rechaços exteriores - e não está preocupada com isso.
Sabe o que importa.

E erra, ainda e para sempre - aquele, o relativo.
Mas não nega a sua natureza: renovação.

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