Já ouviram falar na expressão "pessoa aleatória" ou "pessoa peguete"? São os sinônimos de "pessoas lanchinho".
São as pessoas que se fazem de lanche para as outras - sim, no sentido pejorativo do termo: são passatempo, fazem-se um flerte entre as refeições principais, imputam-se à dispensabilidade.
Em suma: não são o prato principal. São um tanto faz como um tanto fez.
E, por um desígnio de forças que acredito que sejam Deus, são poucas dessas que se deparam à minha frente - poucas se criam, na verdade. Eu deixo germinarem um pouco para ver se a intuição está ou não certa: quando vejo que é erva daninha, arranco o mal pela raiz.
Claro que cada um possui seu livre arbítrio para escolher o que quiser de seus corpos e almas. Mas não dá para aceitar a reciprocidade do dispensável: se você aceita um lanchinho no meio da noite, tenha certeza que será um lanchinho da mesma forma. Via de mão dupla inexorável que traz enjoos pela indigestão.
E quando você investe em um prato, achando que é saudável e lhe trará benesses de toda ordem, e, pelo gosto, verifica que é um puta de um fast food gordurento, de massa intragável e... fútil?! Bah!
Perdeu tempo e ainda se contaminou, não é?
Ou vomita ou defeca - porque, se absorvido pelo organismo, será aquela gosma que implica com seu músculo - aquela reserva que nem para energia serve.
A comunidade internacional - Eduardo Galeano
O frango, o pato, o pavão, o faisão, a codorna e a perdiz foram convocados e viajaram até a cúpula. O cozinheiro do rei lhes deu as boas-vindas:
- Foram chamados – explicou – para que me digam com que molho preferem ser comidos.
Uma das aves se atreveu a dizer:
- Eu não quero ser comida de nenhuma maneira.
E o cozinheiro colocou as coisas no seu lugar:
- Isso está fora de questão.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir