quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Relacionamentos

Mantenha-se afastado das pessoas que tentam depreciar sua ambição. Pessoas pequenas sempre fazem isso, mas as realmente grandes fazem você sentir que você, também, pode se tornar grande.
Mark Twain

Mas tirando-se tantos e tão grandes proveitos da amizade, o maior de todos é o que faz conceber belas esperanças, para tudo que possa sobrevir, e não deixa que desfaleçam ou se acovardem os ânimos. Porque o verdadeiro amigo vê o outro como a uma imagem de si mesmo. E, assim, se fazem presentes ou ausentes, fartos ou necessitados, poderosos ou fracos, e o que é mais difícil de crer, vivos ou mortos. Tal é a honra, o desejo, a memória que sempre os acompanha dos seus amigos. Deste modo, a morte de uns parece ditosa e a vida dos outros digna de louvor. Mas si se desterra do mundo a união da benevolência, nenhuma casa, nenhuma cidade subsistirá, nem ainda o cultivo dos campos poderá permanecer; e se por isto não se entende bastante quanta seja a força da amizade e da concórdia, poder-se-á entender. Porque, que casa há tão forte, que cidade tão estável, que os ódios e as discórdias não possam derrubar? De onde se pode conhecer quanto bem se encerra na amizade.
Cícero, in Diálogo sobre a Amizade, Cap. VII

 Quando não se sabe o que esperar de uma pessoa além de respeito e urbanidade, 
 (porque ela é uma incógnita de sentimentos e pensamentos e sua objetividade é tão gélida quanto quase desumana)
não se espera nada.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Em busca dos relacionamentos simples


Não adianta: sou nerd e vivo à observação, e não à curtição.

    Para quem questiona um pouco além do normal a vida, sabe que os relacionamentos entre os humanos é extremamente complicado, difícil, por vezes irritante.
    Você precisa respeitar a subjetividade do outro, mas é preciso que este também respeite a sua. Além disso, para que possam passar alguns momentos juntos e trocar quaisquer informações, precisam compartilhar interesses comuns: um livro, um dia de sol, a chova da noite anterior, um ter algo de que o outro precisa, e por aí vai.
    Não sei se é por eu pensar demasiadamente de forma analítica que eu chego a complicar a tentativa de muitos contatos que tenho. E isso tem um motivo: quero simplicidade.
    Pois é, para variar, mais um ponto paradoxal.
    Mas explico: os relacionamentos podem ser complicados, mas, na minha opinião, sua razão é simples: troca de interesses. Aí se pode citar a discussão sobre relações parasitárias que já falei anteriormente, mas esse não é o foco aqui. Além desses relacionamentos de sanguessuga, há os relacionamentos "normais", em que as pessoas, identificadas por algo que partilham juntas, unem-se. Unem-se em uma sala de aula, numa mesa de bar, num sushi-bar, numa balada, em casa, numa praça, em qualquer lugar. 
    Um ponto disso é fato, então: o interesse. Por mais sonâmbula que a pessoa seja, ela tem um interesse e vai querer satisfazê-lo. Até a pessoa mais abdicada e desinteressada demonstra interesse, sim: uma consciência de fazer o bem, de fazer o certo ou a sua parte.
    Interesse há, sempre. O que torna as coisas fáceis, certo? Sabendo se a pessoa partilhar de um interesse contigo, dependendo da prioridade de ambos, vocês se relacionam com mais ou menos intensidade. Ok. Até aqui, consenso total do que é simples em um relacionamento.
    Tenho conhecimento quase que absoluto de quais são os meus interesses nos relacionamentos que tenho e, sim, consigo demonstrá-los claramente (não sou do tipo que não é sim e que sim é talvez e talvez é mais ou menos). Não tenho por hábito mascarar nenhum sentimento - e muitos sabem o quão turrona eu sei ser (he he he).
    A questão é: exatamente isso que me complica os brios. Como eu sou clara, pretendo satisfazer meus interesses claros da forma mais clara possível. Ou, como sou simples, pretendo satisfazer meus interesses simples da forma mais simples possível. 
    Ora, simples porque não ambicio ganhar bens materiais de ninguém, não - o que poderia ser visto como difícil, já que todos dizem que a coisa não anda fácil. 

  
        Bens materiais, prioriza-se o que não se tornará um vício e se corre atrás do que vale a pena. Ponto.
     Mas, de relacionamentos, quero bens imateriais. São todos aqueles mimimis de amizade, respeito, amor, companheirismo, respeito, parceria, gentileza, respeito, alteridade, e todo o resto que os insensíveis tornaram clichê, como a própria palavra clichê. Assim, a outra questão que surge é: a maioria das pessoa não sabe nem o que é bem, nem imaterial, imagine saber transmiti-los a outra pessoa! É impossível.
    Aprofundando: algumas pessoas que desconhecem tais bens, desconhecem os seus próprios interesses. Apenas agem instintivamente para satisfazê-los, sem ter noção de suas motivações. Podem entrar aqui os mecanismos de defesa, os joguinhos de proteção, as estratégias manipuladoras que tornam o relacionamento mecanizado e deturpado: não há mais a liberdade da união pelo interesse em comum, há a sanha de se satisfazer independentemente do que a outra pessoa quer.
    Quem aqui já beijou alguém tendo a impressão de que a outra pessoa não estava nem aí para o teu corpo e estava só pensando em se satisfazer, levanta a mão:
    õ/
   Então, é sobre tais situações e outras tantas semelhantes das quais falo.
  Não sei vocês, mas para mim é extremamente complicado me relacionar com alguém que não demonstra seu interesse por mim (por mais antissocial que eu esteja, há, sim, uns e umas irreverentes com os quais mantenho contato). 


    Quando alguém que não faz parte do meu modesto círculo social se aproxima de mim, já penso: o que tu quer? Lógico que não vou perguntar isso porque vai parecer grosseria, mas que eu penso, penso. Sempre. E essa pergunta fica ecoando na minha mente de forma a tentar desvendar o que raios a pessoa quer. Seja consciente ou inconscientemente. 
   Muitas vezes, minhas conclusões são enganosas (para o lado bom e para o lado mau); por isso, tenho uma sutil sabedoria em me manter em contato com a pessoa até ter certeza do que ela quer comigo. 
    Muitas vezes, só quer conversar, como com qualquer pessoa, assuntos banais: novelas, vizinhança, modismos, chantagens, etc.. Logo que percebo, já aviso que não sou a pessoa adequada para satisfazer as suas ansiedades porque não me interesso por esses assuntos. Assim como comunico meu interlocutor em qualquer outra circunstância em que não lhe serei útil: Olha, me desculpa. Você vai perder tempo comigo porque não posso satisfazer esse seu interesse.
    É mais simples quando a pessoa tem ciência de seus interesses e os esclarece. Mais complicado é quando a pessoa quer alguma coisa, acha que está te enganando, pois finge que quer outra, e, ainda, desconversa quando tu abre o jogo, assevera que sabe o que a pessoa está tentando fazer e que não dará certo. Aí, é um cínico (riariariariaria). 
    No entanto, nada supera a dificuldade de travar um relacionamento com quem nem sabe o que quer da vida. Pqp, daí a coisa fica feia. Tu vês de longe a intenção da pessoa, tu lês todas as estratégias dela, prevês todos os seus passos e, quando tu vais explicar para ela sobre a impossibilidade de satisfazê-la, ela ainda sai se vitimizando, achando ruim e vociferando que você é grosseiro(a) e complicado(a).


     Ai, ai. E como se reage numa situação dessas? Reage-se agindo: segue-se a vida, em busca dos relacionamentos simples. 
    Óbvio que não ando com plaquinhas anunciativas do que pretendo com as pessoas, apenas tenho uma concepção um tanto quanto clara (mas não o suficiente) do que é um relacionamento e, já que tenho em mim parte do que sou, busco nas outras pessoas os sentidos que possam completar minha intersubjetividade.
    Mas, se não for possível, não vou fazer ninguém perder o tempo, não.
 Posso estar totalmente equivocada nesta opinião, mas acredito que, como a liberdade deve prevalecer nos relacionamentos (não a libertinagem, mas a livre escolha, sempre), não tem como você forçar uma situação que está nítido que não vai acontecer. Porque, por mais que você goste de A ou B, a personalidade dessas pessoas deve ser respeitada, bem como suas escolhas. Para tanto, é imprescindível que se saiba, primeiro, o que você quer de si, da vida e dos outros, e depois, se a pessoa X é capaz de corresponder às suas expectativas.
   Ainda há outro ponto a se considerar: você quer manter um relacionamento com A ou B? Então, além de respeitar sua subjetividade, respeite também suas escolhas. Por mais turrinha que a pessoa seja, não tente enquadrá-la a um perfil de perfeição que você tenha na sua mente. Deixe a pessoa ser quem é e você verá, realmente, se ela condiz com os seus interesses mais sinceros.
   Ok: está a fim de usar e abusar de alguém? Pergunte se tal pessoa quer ser usada e abusada. Clareza. Simplicidade. "Ó, sou assim: tu me aceitas desse jeito e arcas com as consequências de estar perto de mim?".
   Não é bom deixar alguém se aproximar com um tal objetivo que não possa ser correspondido. Trará incômodos a todos os envolvidos - ou um se frustrará, ou outro fará algo que não deseja só para agradar. Não é bom estar com alguém só pelo medo de ficar sozinho. Essa pessoa passa a ser objeto contra solidão e não uma pessoa que, realmente, vale a pena receber o afeto de "quero estar contigo porque gosto de você".
   Aliás, o pavor da solidão só reflete um sentimento: o pavor de estar consigo mesmo.




sábado, 25 de setembro de 2010

 

Nunca é o fim de nada. Por mais que diga "não te quero mais", adeus, xingue, brigue, chore, esperneie, em algum momento há de se deparar com aquela pessoa de quem você se distanciou, emocional e/ou fisicamente.
Em algum momento, vê-se que o mundo deu a volta, como dizem.
Deu uma volta e retornou àquela situação: você e a pessoa distanciada frente a frente.
E você abre sua boca e diz que ouviu aquela música que o fez lembrar-se dela. Se pudesse, ainda diria que queria que tudo fosse diferente, que queria ter tido coragem, que queria que a pessoa fosse mais forte e honrasse os sentimentos que ela nutria por ti e deixasse aquilo que a impossibilitava de, simplesmente, ser ela.
Se tiver espaço, ainda, você a abraça de corpo inteiro e fecha os olhos para que esse contato se eternize, para que a sensação fique registrada permanentemente e vívida nas lembranças.

Tive um amigo no passado que a música Yellow me trouxe para dentro. Ou melhor, deixou-o à superfície de meus sentimentos (já passou da meia-noite e não consigo pensar razoavelmente depois de mais de 20 horas acordada) e à vontade para que eu pudesse fazer alguma coisa para trazê-lo de volta para uma conversa, para mais um café, para mais um dos tantos chocolates napolitanos que comemos.
Mas, ele tem namorada e ela tem ciúmes até da própria sombra. Respeito. Mas registro aqui minha saudade, por mais que a nossa atitude de afastamento, naquela época, nao representasse o que sentíamos. Obrigada.




pqp, ainda tenho que tirar a maquiagem --'
zzz...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Foi tu que pediu...

No trabalho:
- Foste trabalhar na outra sala, não é? Mas fala sério: sentes saudades de mim...
- Sim, sim. Mas gosto também de poder pesquisar no silêncio.
- Hahaha. Mas eu nem te incomodo!
- Ah, incomoda, sim! Não é sempre, mas quando tu tiras para fofocar confabular histórias alheias bem quando eu estou lendo, tu é mestre!

No mercado:
- A conta somou R$ 15, 13.
- Toma R$ 15,15.
- Certinho! Obrigada!
- Certinho nada: tu me deves 2 centavos.
- Pode ser em bala?
- Não.
- Posso ficar devendo?
- Não.

Numa conversa:
[...] 
- Para que discutir, não é mesmo?
- Claro! Vamos concordar, então.
- Sim, vamos! 
- Ok! Concordamos que sou um gato?
- Não.

Numa conversa (2):
[...] 
- Ah, mas por que tu parou de falar comigo?
- Hahaha... claro que não parei de falar contigo... só não frequentei mais aquele café e era bem onde nos encontrávamos. Tive uns contratempos e não pude ir mais lá, infelizmente. Mas não há nada de errado.
- Ah, aham... sei. Vai dizer que tu não ficou com ciuminho porque eu fiquei com a Mariana?
- ?? Hahaha... e eu lá sabia que tu tinhas ficado com ela?
- Ah, não inventa...
- Sério. Não tenho porque mentir para ti, oras. Aliás, e eu lá tenho razão para eu ter ciúme de ti? Tu ficas com quem quiser, oras. Isso é problema teu. 
- Tu não sabias mesmo?
- Claro que não! A gente não se fala há mais de dois meses, rapaz! Tu acha que minha vida é ficar fuçando a internet pra ver o que tu faz ou o que tu deixa de fazer? Pelamor, hein?! Hahaha...

No telefone, depois de uns 5 minutos:
-  Desculpe fazê-la esperar! Estava conversando com alguém mais importante que você e que não podia esperar como você pode já que não é tão importante quanto ele fulano na outra linha.
- ¬¬ ... pois não.
- Então, quero te fazer três perguntas. Uma: tens 20 mil reais para me emprestar? (mais um metido a engraçadinho...)
- ¬¬ ... Não.
- Ok. Duas: tens 5 mil reais para me emprestar.
- Não.
- Três: podes me mandar aqueles documentos?
- Já separo e remeto-lhe em seguida.
- Hehe. Sim. Quando eu aparecer por aí, compenso-lhe com um chocolate...
- Não, dispenso.
- ...
- Mais alguma coisa, senhor?
- Senhor?! Senhor está no céu. Não sou tão velho assim, riariaria...
- Não lhe trato por sua idade; trato-lhe assim por educação.
- ...
- Os documentos serão remetidos ainda hoje.
- Ok. Obrigado.
- Ok, até.





Inconveniências dominando o mundo! 
Abriguem-se!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tapinha dói: na alma, na pele, na espécie


Sessenta anos de vida. Trinta e cinco deles dedicados ao lar, aos filhos e, especialmente, àquele homem que a esmurrava quase todo dia e a ameaçava de morte como em um cumprimento de bom dia e de boa noite.
Filhos crescidos e criados. Apenas o casal naquela construção que não era nem nunca fora um lar, mas sim um prédio de agressões psicológicas e físicas. O lar dele era o bar. O dela, o banheiro trancado e seus contidos gemidos e lágrimas.
Ao acordar, colocava a chaleira ao fogo: ao café. Preparava a mesa, cortava o pão feito na noite anterior antes de ele chegar em casa aos berros, com aura etílica, com socos nas costas e chutes nas pernas. Mancando, abriu a porta dos fundos e olhou para o céu, que era sempre cinza. Não pensava há muito tempo; só conseguia sentir medo, solidão, fraqueza.
- Mulher!!! Cadê a bost* da minha blusa? - gritou do banheiro.
- Es-está passada no sofá...
Resmungando algo como "ainda mato uma inútil como essa", atravessou a cozinha, foi à sala, vestiu a blusa e saiu. Era domingo, (mais um) dia de bar.
Ela o seguiu com os olhos como um cachorro acoado e suspirou aliviada ao ouvir o portão se fechar. Mais um dia de paz.
Na fraqueza de si, cuidou-se como pôde, cozinhando, lavando-se, assistindo à televisão.
Dezenove horas. O ranger do portão anunciava algo que ela já ouvira da esquina: aquele homem chegava novamente, às gargalhadas de bêbado com seus companheiros.
Ao entrar em casa, nada de risos. A abertura repentina da porta cava mais ainda o buraco na parede.
- Tem comida, mulher?
- Está na geladeira.
- E por que não está quente?? - bradou enfurecido - Tu sabe que eu quero comer quando chego de noite!!! Mas tu não presta pra nada mesmo, sua cretina!!! É hoje que eu te mato!!!
Ela o venceu na corrida até o quarto, mesmo não entendendo o que a fez reagir daquele jeito, e pegou a arma que tantas vezes serviu de roleta russa no divertimento do marido.
- Sua puta!!! Atira!!! Se tu não me matar, eu te mato!!!

Dois tiros. Um no rosto, de raspão, outro no pescoço. Sangue. Sem morte. Um torpor de alívio a invade inexplicavelmente.

Vozes lá fora. Vizinhança em polvorosa. Sirene. Algemas. Muita gente. 

Prisão. Por trás das grades, a lua e estrelas. Noite sem dormir, dia a raiar.
O sol nasce e não é quadrado. O sol brilha e o céu é azul. Ela volta a pensar.

Cinco dias na prisão. Liberdade Provisória. Hospital. Sem data para alta. 

Mais alguns dias de paz. Até que ele volte, até que o sistema jurídico subverta novamente os valores, até que outra arma seja apontada ou outra agressão desferida.

________________________________________________________________________________

Essa é uma história verídica. Nomes e certos dados omitidos para preservar os (A) envolvidos (A).

Somos todos animais. 
Uma hora, voltamos a pensar.

Nada justifica uma agressão.
Nem um copo quebrado, nem uma palavra dita equivocadamente, nem um pensamento diferente, nem uma ação inesperada.

Tapinha dói. Envergonha. Subestima. Maltrata.
Nada justifica. Nada.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Caos dialogado

  
- Você não parecer ser quem és...
- Por quê?
- Porque tu tens porte imponente, mas és simples... tens poder, mas não o usa para se impor... tens grandes  responsabilidades, mas não vomitas isso aos ventos... sabes até onde podes ir - e é longe, se comparado a tantas pessoas resignadas -, mas não sentes necessidade de afirmar seu destino a cada segundo. És uma paradoxo.
- Não concordo, pois partes de premissas equivocadas. A imponência não impede a simplicidade; nem o poder, a humildade; ou as responsabilidades, a desnecessidade de vomitar tudo que faço; nem onde vou chegar, o silêncio acerca do que quero e penso. Aprendeste errado sobre os extremos dessas situações e posso te afirmar que tudo que dizes que não faço, não o faço porque é condizente ou contraditório ao que posso ser. Simplesmente não o faço porque não preciso que outras pessoas me tomem por "importante" (que é a qualificação que se extrai dos fatores citados), pois eu sei o meu valor.
- E quanto vales?
- Não valho nada que seja mensurável: valho o que permanece quando me tiram os cargos, as responsabilidades, as condições para agir às minhas pretensões. Valho como um ser humano, com a dignidade e a singularidade de tal. Infelizmente, muitos me veem somente em minha historicidade e me reduzem a isso. Mas eu sou mais que em meu contexto e menos, por enquanto, do que posso ser.
- Ah, uma nota de prepotência!
- Não, uma nota de verdade que há em cada ser humano. Todo ser humano pode ser mais. Mas muitos preferem perder seu tempo cuspindo essa eventualidade do que, de fato, empreendendo sua concretização. Normalmente são os que não sentem essa verdade e a veem como algo distante: precisam trazer para perto de si tal ser mais para, somente, jogar supérfluas palavras, no lugar de ir até o ser mais.
- E há diferença? 
- Sim. Os primeiros não acreditam em si, afastam os outros porque demonstram narcisismo exagerado pela falta de alteridade e real subjetividade; os últimos, calam-se, pois não precisam sacudir os outros ao berros ao afirmar do que são capazes.
- Mas ambos são egocêntricos, certo?
- Certo. Assim como todo ser humano. A diferença é que os últimos procuram o melhor para si a favor dos outros, caminhando com aqueles (que o quiserem) para o melhor como ser humano; os segundos procuram o melhor para si em detrimento dos outros - conspurcando a verdade dos outros e guiando-os ao contrário do que podem ser - apontam-lhes o menos.


sábado, 18 de setembro de 2010

i.n.t.e.n.s.o

  
Dentro de quatro paredes, um encontro de vontades imensas, maiores do que o próprio ser individual do casal. Em proporção de um Ser maior cujo desejo é a realização de sua experiência.
Deixados de lado os pensamentos viciados e os hábitos (redundantemente impensados e) repetitivos, criou-se um só. Uma unidade compromissada de ritmo, harmonia, companheirismo, profundezas, intensidade e intimidade, atingindo o seu maior objetivo: descobrir-se no outro, que, por vários momentos, era si mesmo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

  Quais são as condições necessárias para que tu expresses e faças tudo que queres?

Somos ou não somos - acolá está a questão

 
Somos ilimitados e reconhecemo-nos quando nos delimitamos. Ou melhor, o reconhecimento de nosso ser advém da limitação do outro: aquele alguém é assim; aquele alguém é como não sou.
Somos definidos etereamente, portanto, por o que não somos.
Somos tudo que o que não somos delimita.

Em visão ampla abrangendo somos e não somos, contudo, todos não somos se não houver limites - apenas indiferentes.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010



E há alguns que decretam: "ela pensa isso sobre aquilo que disse" ou "ela afirmou tal por conta daquilo que fiz".
É até engraçado.
Se estes soubessem o quanto me abstraio dos outros para escrever para mim, pensariam corretamente: "ela não está nem aí para minhas besteiras".
De fato :D



Não sei o que é, mas tem gente que precisa de (re)afirmação dos outros apavoradamente.
Vish... 

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A pessoa mais amorosa é aquela que é egocêntrica*

  
 "O seu primeiro relacionamento deve ser como seu Eu. Antes de tudo, deve aprender a honrar e amar a si mesmo.
Você deve reconhecer a sua dignidade e santidade antes de reconhecer a dignidade e a santidade de outras pessoas.
Se colocar o carro diante dos bois - como a maioria das religiões lhe pede que faça - e reconhecer a santidade de outra pessoa antes da sua, um dia se ressentirá disso. Se há uma coisa que nenhum de vocês pode tolerar é ser superado em santidade. Todavia, suas religiões os forçam a considerar outras pessoas mais santas do que vocês. e então fazem isso, durante algum tempo. Depois as crucificam.
Vocês crucificaram (de um modo ou outro) todos os Meus mestres, não apenas Um. E o fizeram não porque eles eram mais santos do que vocês, mas porque imaginaram que eram.
Todos os meus mestres transmitiram a mesma mensagem. Não "Eu sou mais santo do que vocês", mas "Vocês são tão santos quanto eu".
Essa foi a mensagem que vocês não cosneguiram ouvir; a verdade que não conseguiram aceitar. E é por isso que nunca conseguem amar verdadeiramente e puramente uns aos outros. Nunca amaram verdadeiramente e puramente a si mesmos.
E então Eu lhe digo isto: centre-se agora e sempre em seu Eu. Veja o que está sendo, fazendo e tendo em todos os momento, não o que está acontecendo com as outras pessoas" (Walsch, in Conversando com Deus, Livro I, p. 150).

Simplesmente impossível respeitar e amar os outros sem, antes, não amar e respeitar a si próprio.






* Eu lhe digo que se colocar em primeiro lugar no 
sentido mais elevado nunca leva a um ato terrível.
Assim sendo, se você se viu praticando um ato terrível 
como um resultado de ter feito o que era melhor para si próprio,
a confusão não foi causada por ter se colocado em primeiro lugar,
mas por ter compreendido mal o que era melhor para você 
(op. cit., p. 156). 

domingo, 12 de setembro de 2010


 “Nenhum homem ou mulher que tente perseguir um ideal ao seu próprio modo, 
nunca o faz sem angariar inimigos”.
                                                    Daisy Bates

 “O homem que experimenta êxtases e visões, que confunde sonho com realidade, é um entusiasta. 
O homem que alimenta sua loucura com assassinato é um fanático.”
                                                                                                            Voltaire     
A crença em uma fonte sobrenatural do mal não é necessária.
O homem, por si só, é capaz de toda maldade.
                                                                    Joseph Conrad

sábado, 11 de setembro de 2010

Realmente, cansei de ser idiota!

  
Tua birra só comprova quem tu és.

Tuas ofensas só comprovam quem eu não sou e o quanto sou e serei feliz por te deixar com tuas manhas, com teus enganos, com tuas imaginações.
Eu deveria ter ouvido TODOS quando remei contra a maré e insisti nessa amizade: falavam-me do teu caráter (ou da ausência dele), da tua personalidade irritante e do teu instinto de vingança falida, repetida e clichê. Aliás, eu experimentei isso na pele e passei por cima, sempre te perdoando e voltando a falar contigo.

Mas, agora, chega! Cansei de ser, realmente, a idiota por acreditar numa falsa amizade com alguém que é capaz de ofensas tão absurdas e infundadas quanto tu foste capaz de fazer.

Como eu estava enganada, realmente.

E o que passo, hoje, foi por uma ignorância de ter insistido no nosso relacionamento. Dessa vez, eu que fantasiei: criei uma fantasia do que você não é e, assim, impedi-me de te ver realmente. Mas, quando ousei duvidar do que minha fantasia era, eu te vi e, puxa!, como eu me enganei.

Mas um mito que se cai porque, de fato, eu te considerava de fé. Mas essa era uma fé cega, que me implantou negações da verdade e sensações obscuras que havia entre nós. Se até hoje te tratei com carinho, com respeito de irmão, com parceira e companheirismo, foi porque eu não via a sua real essência, que pode ser boa, não sei, mas não é boa para sim.

Se eu fui parceira até hoje, foi porque o que vi em seu interior foi a ilusão que eu tinha criado: a ilusão de uma pessoa limpa, sincera, incondicional. Eu via seus erros, mas eu desconsiderava: "o interior vale a pena".

Vale a pena o caralh*!!! O que valia a pena era a minha ilusão, que não existe mais. Principalmente porque tu insistes em ofensas desmedidas e atitudes infantis, como contar para um amigo em comum o que aconteceu - o qual, por sua vez, por óbvio, vem conversar comigo para apaziguar as coisas.

Apaziguar carambolas! São mais de anos SEMPRE passando o pano em suas ofensas, em suas patadas de pessoa ogra, em seu comportamento impensado. Afastava-me porque doía, e muito, pois sempre te quis bem. Mas SEMPRE perdoava e retornava a ser tua amiga.

Mas chega uma hora, como falei, que a pessoa cansa de ser IDIOTA, né? Realmente, uma hora a pessoa tem que parar de se enganar, erguer a cabeça e dizer "não, em mim, você não bate mais".  Amor próprio.

Perdoar? Perdoo. Mas sempre me falaram uma coisa muito sábia: perdoar é uma coisa, confiar novamente é outra. E eu não confio em ti. Não quero me aproximar de ti. Tu não és uma pessoa que eu quero perto de mim e ponto. Já me basta a proximidade nesses anos todos: foi o suficiente.


Nada acontece por acaso.
E eu, sinceramente, sou muito grata por esse NÓ desatado.



Caos masculino XIV - Zumbis, o retorno

Senta, que lá vem a história...

  

Tiveram um breve affair por volta de 2003, 2004. Separaram-se por conveniências de ambos. Num dia inesperado, após terminar um noivado de cinco anos, ele manda-lhe um email todo adocicado  relatando saudades. Ela mantém sua sobriedade e deixa claro sua intenção: somente amizade. Mas não é o bastante: ele lhe envia sms's amorosos, que, claro, não são respondidos (se fossem respondidos, seria na base da grosseira, o que ela não queria fazer por consideração àquela suposta amizade). Pela internet, igualmente, ele se antecipava, falava de planos e encontros, como o seguinte:
               Ele: ai, quero tanto conversar contigo... a gente poderia ir num cinema, né?
        Ela: Fulano... se vc quer conversar comigo, não concordas comigo que o cinema é um dos lugares MENOS indicados?
Tudo como se ela fosse ainda aquela pessoa que ele conhecera outrora. Engano que fora desvendado da seguinte forma:


Ele:
Oi, Gra
Tudo certinho?

Ela:
Oi, Fulano
Tudo bem. e com vc?





Ele:
Blz
Está em aqui na cidade?





Ela:
Hoje, sim





Ele:
É empenho, né?
Mas olha: torço muito por vc





Ela:
Obrigada :)
Digamos que a correria já era algo previsto no momento da minha escolha...





Ele:
Aham. Essas suas fotos são de um book seu?





Ela:
Não





Ele:
Ficaram boas, né?





Ela:
:) 
Acho-as legais também.





Ele:
Tenho uma pergunta...
Peço sinceridade
Que tipo de pessoa vc acha q sou?





Ela:
...?
Como assim?
Essa é uma pergunta muito ampla...





Ele:
Bom... geralmente converso com vc, digo qualidades suas, mas vc nunca comenta nada de mim...





Ela:
...
O que vc sobre mim diz é pelo que vc sabe das respostas que eu te dou
Na verdade, o que vc fala de mim não representa que vc saiba que "tipo de pessoa" que sou... só pelo fato de vc argumentar isso, dá pra ver que vc não me conhece, Fulano
E desculpa, mas não sou o tipo de pessoa que fico rasgando elogios pros outros só porque fui eventualmente elogiada.
E por que vc quer que eu comente algo sobre vc?





Ele:
Entendo... realmente não a “reconheço”
Mudamos e isso me é estranho, entende?
Mas enfim...
Deixa pra lá





Ela:
Eu falei para ti que aquela pessoa que você conheceu não existia mais





Ele:
Rsrsr
Falou, sim





Ela:
Digo isso falando sobre uma garota cujos interesses se restringiam em conversas ao léu, sobre escola, facu, aulas de dança e só.
Desde então, meus conceitos mudaram, meus principios de fortaleceram. Sou, praticamente, outra pessoa, pois aprendi o que realmente valorizar (coisa que eu sempre me esforcei para identificar).
E, me desculpe, Fulano, mas não valorizo elogios do nada.





Ele:
Que bom conversar com vc assim.
Sinceridade: eu prefiro assim.
Eu gosto de vc e te agradeço por ser verdadeira comigo...
Hoje em dia é difícil encontrar verdade nas pessoas





Ela:
Obrigada, Fulano
Não consigo travar conversas falsas... se for para isso, prefiro me afastar.
Mas não estou dizendo que sua conversa é falsa, mas como te falei, tu não sabes nada de mim, sabe um pouco do que fiz há alguns anos, de algum hobby meu e talz.
Mas não sabes quem eu sou atualmente... e nao me conhecerás em uma ou duas semanas conversando por msn
Como eu também não te conheço, por isso, não posso afirmar nada sobre ti... apesar de que vc me parece querer lutar por seus objetivos e etc.. mas é só.





Ele:
Sim, sim... temos que lutar
Já sendo sincero, também, eu não escondo meu encanto por ti, entende?





Ela:
Entendo... mas penso que esse encanto é uma fantasia, pois tu se baseia numa "garota" que existiu há 6 anos e não existe mais





Ele:
Sim, a empolgação toma conta da gente... as lembranças e tal...
Mas tudo bem...





Ela:
Eu percebi isso desde o inicio, ainda mais com suas mensagens... por isso, nem te respondia porque esperava um momento oportuno para esclarecer as coisas. Eu só não podia era incentivar o seu comportamento.





Ele:
Eu sei... bom, eu acho q a vida nos traz muitas surpresas e oportunidades.
Talvez, a gente tenha algo de novo... por que não? Mas sou uma pessoa de respeitar...
Tanto por mim, a gente nunca teria parado de nos ver
Mas as vida nos leva por caminhos diferentes, né?





Ela:
Fulano
Tu vai me perdoar, mas faz muitooo tempo que isso aconteceu
Vc viveu outras histórias, eu vivi outras histórias
NADA vai voltar como era antes
E desculpa se estou te decepcionando, mas isso só está acontecendo porque você projetou em mim algum desejo seu que não condiz com a realidade.
Eu não posso te dizer sobre o dia de amanhã, Fulano
Mas. HOJE, acho difícil termos alguma coisa... pela diferença dos nossos pensamentos, dos nossos caminhos, objetivos, gostos, etc..
Sem falar que a um envolvimento, para mim, sempre foi imprescindível sentimento...





Ele:
Aham
Entendo





Ela:
Só estou te pedindo para não fantasiar
E, por favor, me considere como uma pessoa que vc nao conhece, que talvez, um dia, sim, vc chegue a conhecer, mas que nossas vontades estao bem distantes uma da outra.







Ele:
Ok, Grasy
Gosto de conversar com pessoas inteligentes como vc... eu gosto de aprender
Claro q não sou nenhuma criança ou burro, apenas observador
E sei q vc tem algo bom a me oferecer... seja num relacionamento de amizade, namoro, casamento ... pq eu tb penso bastante em familia... por favor, entenda
Eu não gosto de brincar com sentimento de ninguém
Nem ficar por ficar faz meu tipo...





Ela:
Eu sei disso
Mas, Fulano, por favor, entenda
Esse é o tipo de conversa para pessoas que estão prestes a começar um relacionamento
O que não é o nosso caso
Eu só sinto uma simpatia de amizade por vc... só.
Então, por gentileza, nao fantasie





Ele:
Rsrs....
Ta Grasy...
Eu sei não sente nada além de amizade
Só estou citando as coisas como exemplo
Não fica nervosa...
Hehe..





Ela: 
Não estou nervosa
Apenas falo pq é DESNECESSÁRIO falar sobre isso





Ele: 
Ai ai ai... Rsrs...





Ela:
Olha, Fulano
Creio que não tenha mais nada pra falar contigo sobre isso
Quer falar mais alguma coisa?
Ah, só te agradeço por ter começado essa conversa, porque assim deu pra esclarecer muita coisa





Ele:
blz Grasy
tudo certo





Ela:
Ok, então
Boa noite





Ele:
Pra vc também.









E, carambolas!!! Não é “Grasy”: é GraZy!!!
  
Acho engraçado como algumas pessoas se dizem ser as únicas capazes de nos dar felicidade.

Ou possuem uma mente muito fantasiosa, ou muito megalomaníaca, ou muito triste
- reflexo da ausência de DESCONFIÔMETRO e de SEMANCOL.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

R A I Z


Havia uma época em que ela não tinha raízes: o que fazia era só procurar um solo fértil para descansar e germinar. Consequentemente, ela não produzia frutos.

O solo procurado era um específico: sem pedras, sem ervas daninhas, totalmente fofo e fertilizado. Numa busca idealizada, um solo perfeito, enfim.

Saía em busca das promessas anunciadas aos ventos: amigos melhores, famílias felizes, relacionamentos eternos, momentos de êxtase e curtição. Encontrou amizades instantâneas, mas não espontâneas; familiares sempre sorridentes, mas, paradoxalmente, não felizes. Isso lhe causou relacionamentos intensos, mas falhos. Momentos de intensa decepção, pois sempre considerou que os atos devem partir do que a pessoa conhece de si mesmas, e o que presenciara eram comportamentos disfuncionais que representavam a busca por respostas pessoais nos outros.

Nada daquilo era dela. Nada daquilo era ela. Pretendeu retornar, antes que perdesse mais tempo e não descobrisse que tipo árvore seria.

Voltou, com receio, pensando que nada mais poderia fazer, já que tinha dado as costas para seu arado. Mas não, para sua surpresa: chegou à sua parcela de terra, viu os estragos que o tempo fizera e percebeu  que, se estivesse ali, poderia não só ter protegido o solo, mas também incentivado-o a ser melhor.

Resignou-se a consertar os danos, a sentir novamente aquele chão e a esperar, pacientemente, que aquele solo a recepcionasse, como fizera quando era ainda uma semente. 

Para sua felicidade, as forças ocultas daquela terra se envolveram em suas raízes e a forçaram a aprofundar-se e a ver aquela realidade local: era triste, mas feliz, era intensa e promissora, era fiel e sensível. Tinha suas falhas de alguns nutrientes, mas que ela não precisava necessariamente: com a fuga anterior, aprendeu a viver com o essencial e a ensinar como se sobrevive assim.

A sua integração com seu solo fez perceber que suas raízes eram fortes, simpáticas e sinceras - o que nunca havia percebido em outro local. De sua raiz, (re)conheceu seu tronco. Separou-se do ambiente e identificou-se. (Re)conheceu-se. E conseguiu gerar felicidade, para si e para seu solo.

E, agora, ela brota, floresce e dá frutos. Perpetua-se. 

Entende, portanto, que a perfeição nunca existirá: mas que sua proximidade só será possível em seu meio somente com a ajuda de seu esforço.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Você pode facilmente perdoar uma criança por ter medo do escuro.
A real tragédia da vida é quando os homens tem medo da luz. 
                                                                                                Platão

Enquanto é mais fácil enxergar a realidade despida de desculpas injustificáveis e argumentos infundáveis,  de modo que os equívocos pessoais fiquem mais aclarados, 
tantos se perdem em agarrar desesperadamente suas justificativas, 
culpam os outros,
e ainda pensam dizem:
"paiê, foi fulano/a quem começou", "eu só falei isso porque você disse aquilo",
"o meu osso justificado (para a minha conveniência) eu não largo".
Assim, seguem felizes, pensando em como foram injustiçadas,
em como são alvos do destino, em como não poderiam mudar as circunstâncias...
afinal, são vítimas... vítimas da própria ignorância de si mesmas.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Viagem

Abro os olhos, num susto... apenas miro a direção do meu olhar: ainda estou na estrada.
Tenho mais tempo para descansar.
Novamente, abro os olhos - mais suave dessa vez.
A cada despertar, parece que é um dia que se passou.
E, em cada viagem, são uns seis despertares.

Por enquanto, esse ano é o mais comprido e o mais rápido para mim.
As coisas de ontem são tão passado. Tão distante, tão longe.
Situações que não me machucam, fatos que pouco me emocionam.
Aprendo a conviver melhor com as idas e vindas de metáfora e literais da vida.
O eu de três meses atrás não existe mais. Nem o da semana passada.
O que há é uma renovação constante, não para melhor ou para pior, mas para o diferente: aperfeiçoa-se o que de bom que acontece, extingue-se o que não trará frutos proveitosos.
Por que a morte está sempre ao lado, lembrando do que a vida é - e do que ela pode ser.

terça-feira, 7 de setembro de 2010


De repente, acorda-se e se vê que nada mais faz sentido. As justificativas para atos e comportamentos são tão dissipadas que se tem dificuldade em enxergá-las.
É a chance do renovo. Encontrar novas razões, novas motivações, novos cenários, novas pessoas, novas situações, com base em experiências passadas que parecem que foram outros quem viveram, que parecem histórias de sabedoria que devem ser guardadas com todo cuidado e lembradas diuturnamente.

Déjà vu intenso. Algo que se tem a lembrança, mas sente que não aconteceu na pele.

Nova oportunidade de escolhas. Selecionar pensamentos, sentimentos, pessoas, lugares, oportunidades. Esperança.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

LL

Sua simples presença me fez bem. Não que ela seja parca: ela foi suficiente.
Seu sorriso me confortou. Mais do que seus esforços em me auxiliar, foi na sua risada que eu relaxei.
Seu toque me assustou. Mas fiquei feliz e desejei maior intimidade.
Sua proteção fez-me uma criança: nada poderia me fazer mal.

Depois da despedida, por dias fiquei indagando o que me incomodava. 

Sinto sua falta. É cruel experimentar algo bom e depois não poder senti-lo novamente.

All I need

Música do Shock.
Peguei emprestada.
Porque é bonita.


E porque tudo que eu preciso é o ar que respiro e um lugar para descansar a minha cabeça.

 

Por oportuno: o grafite que eu ganhei desse meu querido :*

Sim, soy yo o// 
XD 

 Caras e bocas só mascaram uma estrutura misteriosa, mas não de incentivo ao conhecimento:
de incentivo à repulsa.

domingo, 5 de setembro de 2010

Caos cotidiano II



Ele não espera mais nada da última garota com que se envolveu. Aliás, ele não espera mais nada de nenhuma mulher.

Suas mais sensíveis lembranças mostram que a mulher (qualquer mulher) é capaz de fazer tudo para conseguir o que quer. E, infelizmente, ele ostentativamente fora um indivíduo quase que indiferente para as mulheres que conheceu. Mãe, professoras, colegas, namoradas, amantes, peguetes, todas desconsideram suas expectativas e, simplesmente, ignoraram-no. Abandonaram, não olharam, não conversaram, não se interessaram. Esqueceram, riram, usaram, abandonaram. O ciclo se fecha, sempre.

Em suma: passaram por sua vida os piores exemplares do feminino.

E, hoje, assustou-se: "não conheço nada do que dizem ser o melhor da mulher. Nada. E como desejo conhecê-lo".

Mas, para isso, sabe que deverá expurgar todas as defesas que criou em suas outras experiências.