Havia uma época em que ela não tinha raízes: o que fazia era só procurar um solo fértil para descansar e germinar. Consequentemente, ela não produzia frutos.
O solo procurado era um específico: sem pedras, sem ervas daninhas, totalmente fofo e fertilizado. Numa busca idealizada, um solo perfeito, enfim.
Saía em busca das promessas anunciadas aos ventos: amigos melhores, famílias felizes, relacionamentos eternos, momentos de êxtase e curtição. Encontrou amizades instantâneas, mas não espontâneas; familiares sempre sorridentes, mas, paradoxalmente, não felizes. Isso lhe causou relacionamentos intensos, mas falhos. Momentos de intensa decepção, pois sempre considerou que os atos devem partir do que a pessoa conhece de si mesmas, e o que presenciara eram comportamentos disfuncionais que representavam a busca por respostas pessoais nos outros.
Nada daquilo era dela. Nada daquilo era ela. Pretendeu retornar, antes que perdesse mais tempo e não descobrisse que tipo árvore seria.
Voltou, com receio, pensando que nada mais poderia fazer, já que tinha dado as costas para seu arado. Mas não, para sua surpresa: chegou à sua parcela de terra, viu os estragos que o tempo fizera e percebeu que, se estivesse ali, poderia não só ter protegido o solo, mas também incentivado-o a ser melhor.
Resignou-se a consertar os danos, a sentir novamente aquele chão e a esperar, pacientemente, que aquele solo a recepcionasse, como fizera quando era ainda uma semente.
Para sua felicidade, as forças ocultas daquela terra se envolveram em suas raízes e a forçaram a aprofundar-se e a ver aquela realidade local: era triste, mas feliz, era intensa e promissora, era fiel e sensível. Tinha suas falhas de alguns nutrientes, mas que ela não precisava necessariamente: com a fuga anterior, aprendeu a viver com o essencial e a ensinar como se sobrevive assim.
A sua integração com seu solo fez perceber que suas raízes eram fortes, simpáticas e sinceras - o que nunca havia percebido em outro local. De sua raiz, (re)conheceu seu tronco. Separou-se do ambiente e identificou-se. (Re)conheceu-se. E conseguiu gerar felicidade, para si e para seu solo.
E, agora, ela brota, floresce e dá frutos. Perpetua-se.
Entende, portanto, que a perfeição nunca existirá: mas que sua proximidade só será possível em seu meio somente com a ajuda de seu esforço.
Acho que és meio nova para ter assistido ao filme 'E o vento levou'... mas como sempre me surpreendes...
ResponderExcluirEsse post me fez lembrar Scarlett O'Hara no retorno à força da terra vermelha de Tara (local onde ela nasceu) - ápice do filme!
Mto bonito!
Beijos e bom finde!
Eu lembro de, há alguns anos, ter iniciado a ver esse filme, mas peguei no sono =x
ResponderExcluirHehe.
Obrigada, Lu
Ótimo findi pra ti =*
Coisa boa ler estas tuas palavras de otimismo, esperança...doces palavras amiga! Coisa linda!!! hahahhaa. beijoca Grazy querida:)
ResponderExcluirObrigada, gatona =***
ResponderExcluirXD