quinta-feira, 4 de novembro de 2010

F a N t A s I a


 Você pretende brincar comigo por causa da minha ludicidade:  eu lhe dou um dado e digo escolha jogar e tentar a sorte ou escolha sem jogar.
Você se diverte com isso, como numa brincadeira. Ri, pega o dado, diz que joga, mais não joga; joga, mas não deixa o dado parar e pega-o novamente. Guarda o dado no bolso, faz de conta que nunca existiu e subverte o diálogo.
Jogar com a liberdade, contudo, não é brincadeira. Para mim, ao menos. Articular a liberdade é a própria vida. A minha vida. E, por vezes, enquanto o vejo jogando, engano-me pensando que brinca sem o meu assentimento. Mas, enquanto o olho e perco meu tempo, você brinca com minha autorização... até que eu, então, recolho meu tempo, pego meu dado e vou-me, fazendo a minha escolha - que, sem dúvida, é a melhor.
Enquanto você se vê com uma cor opaca em seu dia, eu venho lhe trazer as cores de uma paleta de sombras que ficam ótimas em meus olhos. E você acha isso ótimo e incrível, porque não consegue ver a coloricidade do teu redor. Mas isso é o meu cotidiano. São os meus olhos normais,  do modo que eu quiser, com as cores que me forem convenientes.



Você me tem como íntima porque eu inspiro sua alma lúdica, que habita insoldável e adormecida em seu viver. Crê que eu o conheço em sua intimidade e vice-versa. Não: não o conheço nem você me conhece. Eu só conheço a liberdade lúdica, enquanto você a soterra em suas dúvidas e lógicas de mercado.
Não obstante contemplar a minha excentricidade, tacha-me de fantasiosa. Minha fantasia de futuro-pretérito de compromissos que tenho ou que não tenho. Minha fantasia, contudo, detém todas as cores que meus olhos e, na minha vida, é real e presente, pois assim a escolhi.
Enquanto a você, minha fantasia é apenas uma miragem, pois não trata sua (des)ilusão como algo possível, mas se contenta com a forma com a qual os outros jogam.
Meu dado. Minha liberdade. Meu contexto e minha saciedade.
Ache os seus e permita-se escolher, realmente, e verá que o meu lúdico e o meu colorido é mais real que a sua fantasia monocolor.


3 comentários:

  1. alguns escolhem com a determinação ditada pelo anseio de resultados imediatos e que sejam da forma como ele(a) sonha...gostam de jogar, mas não sabem perder, muito menos ganhar...

    ''A sorte do egoísta é viver sem preocupações; o seu castigo é morrer sem afetos''.

    Niceto Zamora

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  2. POFT! Como diria a Lú!

    Ache os seus e permita-se escolher, realmente, e verá que o meu lúdico e o meu colorido é mais real que a sua fantasia monocolor.[2]

    "Finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio..." Caio F. Abreu

    Beijão flor *-*

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  3. Oi, Celo; oi, Ju *-*

    É, tudo é escolha...

    :*

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