sábado, 5 de junho de 2010

# 1



Achei que seria mais fácil, mas não está sendo... pelo menos, não foi hoje. Ou eu pensava ou a lembrança me tomava de assalto. Já no meio da tarde, comecei a sentir meu exterior gelado (apesar do ar condicionado quente) e meu interior tremendo de quente: anúncios de uma febre. Febre de abstinência? Pode ser, pensei. Baixei minha cabeça, tive devaneios... percebi que a febre estava bem alta, estava quase num estado de delírio. Vim para casa.


Lembrei de como foi a minha manhã: acordei dois segundos antes do celular tocar; parecia combinado. Vieram-me os sonhos que tive, agitados, dos quais não tenho mais lembranças, acredito que por defesa.


A cada toque seu, o coração pulsava mais firme, mais vivo. Mas esse impulso não foi mai dado, sei a razão. E, como o passar do tempo, meu sangue foi parando de circular naquela velocidade e tornou-se monótono, grosso, lento e enfadonho.


Em estado de torpor, meu corpo e minha alma lamentam com febre e abstinência, respectivamente... e eu os assisto de fora, pois não tenho coragem de me aliar a eles. Simplesmente os observo, esperando tudo isso se esvair com o tempo, para eu, então, unir-me novamente a eles.


Sou a fria e a analítica que constato essa situação e sei que medidas tomar para superá-la. Porém, vencê-la seria extinguir algo tão pleno e belo que está em nós três, corpo, alma e eu. Talvez, por isso, a superação não seja de toda boa... ainda penso sobre, impulsionada pelo seu pedido e pelo que eu quero e pelo que minha alma sente. Mas nada poderei fazer eu, fria, se minha alma, por si só, reagir ou se omitir, como está fazendo.

# 01 – anexo

São os mundos diferentes, distantes e separados por um grande abismo. Amigos diferentes, ofícios desiguais, sons variados, consumo (apesar de mínimo em ambos) diferenciado.


O que nos une é nossa identidade, nossa individualidade... nossas idéias principais de vida, nossos princípios, nossa visão do mundo lato que engloba nossos habitats, nossa explicação variável acerca de (quase) tudo e de (quase) todos (pois igualmente, não generalizamos), nossa verdade relativa, nossa necessidade do real e da ciência de todas as alternativas possíveis, nossa fuga das ilusões, nossas destruições, construções, razões e munições.


Somos unidos, apenas, por nós mesmos, pelos que realmente somos na essência de ser humano. E isso, para mim, ao menos, é o bastante: creio que é o que há de mais pleno entre as pessoas, pois, se nos tiramos tudo o que “temos” (pessoas, produtos, status, [pseudo] poder, instrumentos, etc.) remanescerá o que não é etéreo, o que relativamente consideramos eterno, que é o “ser” de cada um... ficará o que somos.


Agora, diante do contexto em que cada um de nós vivemos, tens coragem de arriscar e abandonar a comodidade do mundo que cada um de nós tem e lançar-nos à “aventura” (só porque será algo novo, já que a novidade causa medo em muitos) de abrir a porta e reescrever o mundo de um com as fontes e as cores do outro, unindo as universalidades de ambos? Vale a pena?


Frente ao que sou e ao que defendo, sabes que tenho minha resposta.

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