Minha racionalidade não consegue, agora, impedir a chuva dos olhos, nem a pressão no peito, nem o nervoso da nuca. Tento, inutilmente, classificar, sedimentar, argumentar, separar... quem dirá concluir o que acontece!
Sei que amanhã verei isto de longe, mas não importa: este tipo de momento me toma por inteira, como numa susto que acorda para a vida e me abre para uma nova realidade: a ilusão do que eu estava sentindo e pensando.
De fato, já aceito meus erros de forma branda - impor-me o perfeccionismo é me sabotar até implodir - já que nossos sentidos são imperfeitos a ponto de não notarem o que de mais sutil nos revela a essência de uma situação. Aceito a maioria das (des)ilusões, igualmente, porque a perfeição (ou a nossa projeção), igualmente, não está nos outros.
Mas há uma caixinha de joia em que se escondem as ilusões mais duras (as que são sentidas somente na queda); aquelas em que projetamos intimidade, alteridade, identidade, na expectativa não do que poderíamos ser ou do que alguém fosse para mim, mas na esperança do que eu poderia ser para a outra pessoa, para os outros, e, principalmente, para mim mesma.
Ninguém me sabe, ninguém me protege. Como sempre, por preferência. Torno-me em pedaços.
É a projeção do meu eu do futuro, de como eu gostaria de estar amanhã, assim como a menina de 6 anos brincava de professora imaginando sua futura turma e como a de 11 anos decidiu cursar Direito para dizimar as mazelas do mundo. É a possibilidade de mudança, de crescimento mútuo, de empatia praticada em comum.
Como todas as outras vezes em que essas joias fizeram-se presentes em minha vida, lembro que há outros caminhos e que o que eu imaginei era, mesmo, só imaginação. Uma imaginação gostosa, por sinal, mas como o vento, que existiu, mas não existiu.
Próximo passo da juntada dos cacos é: posso fazer algo para concretizar minha imaginação? Vale o esforço?
Vale. Mas não vejo espaço para agir - e não sou de forçar passagem: espero ser convidada.
Termino, então, quem sabe amanhã, de catar minhas partes no chão, tomo um tempo para reconstrução e, por fim, procuro a direção mais conveniente e prazerosa para a caminhar, ciente de que a minha (re)construção e transformação só depende de mim mesma.
Mas que valeria a pena e que é uma pena, isso é.
Admiro sua coragem de submergir às camadas mais escuras de sua alma... É por isso que você sempre volta mais forte e sobe ainda mais alto!
ResponderExcluirGrande beijo.
Bah, Violene... mas tem vezes que eu cometo cada erro estúpido, hahaha.
ResponderExcluirObrigada, querida :*