A máscara da autenticidade
Por Sandro Sell
Sem máscaras, somos bem mesquinhos, simplesinhos, despreziveisinhos - quase nojentos.
[quem quer ter ídolos, deve deles manter distância
[E quem quer eternizar um amor, jamais deve concretizá-lo...]
As coisas sem disfarces raramente valem a pena.
[nunca chegue antes horário combinado]
Mas
Com algumas pinturas, leituras, disfarces, gestos calculados, detalhes não contados e gentileza ritual somos até bem apresentáveis...
[o melhor de nós é o que não somos habitualmente...]
Devidamente preparados para o encontro, dá para nos admirar, sentir empatia e até nos amar
[sobretudo pelo que o outro não viu, mas que supõe ser o melhor em nós...]
[o amor vive de mistérios que supomos guardados no outro]
[o segredo é a prova da sobrevivência do mim em nós]
Manter algumas portas fechadas, histórias guardadas, cantos que só se entra com licença, pistas a se seguir, numa opacidade ética, é o que mantém o interesse dos admirantes
[a plena transparência é ideal político, não receita de felicidade íntima]
Mas
Alguns infernais bem-intencionados pensam que, para serem autênticos, devem
a) falar verdades aviltantes na cara alheia;
b) jamais levar desaforos para casa, despejando toda a sua animalidade "natural" em quem, as vezes apenas por descuido, atrapalhou o seu caminho;
c) não usar pinturas, tinturas, modas e polidez;
d) identificar a pintura, tintura, gafes e disfarces no mundo humano ao seu redor;
e) assumir pública e notoriamente identidades sexuais fixas e definitivas (sair do armário, ou provar que jamais nele entrou);
f) contarem seus fracassos em qualquer ocasião, como se eles fossem mais verdadeiros que seus sucessos.
A autenticidade pura é para macacos: os humanos disfarçam-se, lavam a cara e escovam os dentes
[não traga o meu café na cama que isso aqui não é novela]
[mas fique ao meu lado mais um pouco: e dane-se o café]
Por tudo isso,
Não quero para amigos, para amores, para colegas os que vivem descobrindo meus defeitos, minhas infâmias, meus complexos
[quem revira o lodo nunca vai considerar potável a água]
Pois eles não podem apontar em mim nada que eu já não houvesse descoberto
E que contava com a ritual gentileza dos amores e dos amigos para continuar ignorando.
_________________________________________________________
Concordo.
Assim como concordo com Schopenhauer, quando afirmou:
"Visto que com o aumento da intimidade diminui o respeito, já que as naturezas ordinárias costumam desprezar tudo o que não lhes é difícil obter, então,contrariando a inclinação natural à sciabilidade, temos d nos esforçar por economizar ao máximo possível tal sociabilidade" (A arte de conhecer a mim mesmo).
com Gracián, quando proferiu a sua regra 177:
"Evitar demasiada intimidade no trato" (Oráculo manual y arte de prudencia).
com William Shenstone, quando asseverou que:
"Virtudes, assim como essênicas, perdem sua fragrância quando são expostas. São plantas sensiveis que não suportam o contato demasiado íntimo" (Essays on Men and Manners).
Eis a razão.
Mas há um quê em mim que ainda não segue o bom zelo da razão e quer mesmo é devassar toda intimidade, destruir todas as máscaras e manter somente a "sociabilidade" com os que conhecem a minha lama e não veem problemas em se sujar nela.
Lembro-me, então, da música Lama, postada abaixo
[ALTAMENTE RECOMENDADA!!!!]
E feliz seja o dia dos namorados S2
:)Dê uma chance pra vida te mostrar
Um jeito menos doloroso de se despedir.
Não seja assim tão duro amor com as palavras.
Lave bem as suas mãos antes de se decidir.
Tira essa lama das botas
Antes de me dar as costas.
Genial, Grazy! Só não concordei mto com o café na cama, porque A-DO-RO!!! E, embora hoje tenha sido tomada por uma onda romântica, contribuo:
ResponderExcluir“Quando apaixonada, a pessoa sempre começa enganando a si mesma e sempre termina enganando os outros. É isso o que o mundo chama de romance.” (Oscar Wilde).
Beijos!
Ah, Lu, mas daí tem que se ver é com Sandro Sell, que foi quem falou sobre o café, hohoho.
ResponderExcluirBjão, linda:***
Hahaha!!! Muito bom, Sandro :)
ResponderExcluirMetafísica do Amor? Bah, tomei-me de assombro quando o li, como se tivesse encontrado a última peça de um dos tantos quebra-cabeças que me debrucei a montar.
Mas, com o tempo, passei a duvidar da forma mecânica descrita pelo Schopenhauer (que fora descrita, em outros termos, numa edção recenta da SuperInteressante). É complicado pensar no amor como um mecanismo manipulado pela "Vontade da Vida" para a procriação. Por mais forte que seja a argumentação de que o amor seria a única maneira de o ser humano sair de seu egoísmo, resisto a acreditar que seja só isso.
:D
Então vou deixar vcs discutindo filosofia e vou colocar um pijaminha de seda pra esperar o café na cama!!! Com poema original e tudo, até me animou!
ResponderExcluirSerá que se eu mandar pra mim mesma tem graça?! rs
Beijos!
Huahsuhasuhaushuahs!!!
ResponderExcluirOlha, Lu... se vc tiver coragem de se revelar fã de si mesma, tem toda a graça e vale a pena!!!
Eu que ainda não me auto-revelei: por vergonha, já deixei de me confessar, ao espelho, o quanto eu gosto de mim. Fugi, vermelha e pensado "que boba me declarar".
Bah, isso dá um post de "minhas revelações para mim mesma".
Hahahhaha
:**
Poema para o dejejum da Lu:
ResponderExcluirNas mil faces de Luíza
Há uma que não se mostra
Enquanto ela espera o café,
A Grazy cem vezes posta
O pijaminha era de seda
O da Grazy de algodão
E o coelhinho da Páscoa
Esse ano não vem mais não
O Sandro com essa poesia
Pelo menos fez compreender
Que se depender da Luíza,
Café na cama nunca vai ter.
AUSHUAHSUAHUSHAUHSUAHSUUASHUAS!!!
ResponderExcluirMuito bom!
HAHHAHAHHA!!!
Tá bom, tá bom... semana que vem já serão menos posts :P
:D