terça-feira, 17 de agosto de 2010

Caos meu aqui



Tenho sérios problemas com pessoas que demonstram algum tipo de carência ou que buscam intimidade logo de cara.

Excetuando, lógico, os casos em que a identificação é escancarada e não há como negar uma amizade quase que instantânea, na maioria das vezes demoro para criar laços - apesar de adorá-los e, com eles,enfeitar a vida de quem estiver por perto. Não é por demasiada desconfiança, mas por realidade mesmo: já abri muitos (a)braços sem a devida correspondência. E o que fiz? Bem, aproveitei a brisa que pôde, assim, chegar ao meu peito. "O abraço correspondente", pensei, "deixa para outra hora ou para outra pessoa".
Muitas vezes, transvisto minha realidade com purpurinas rosas, coraçõezinhos, estrelinhas douradas e prateadas - tudo por conta do que estou sentindo aqui dentro - o que me faz desconsiderar o que se passa ali fora.

E, ali fora, normalmente, não existe um arco-íris emotivos e arraigado na alma: há apenas interesses. E não vou negar que todos temos interesses em tudo. Mas os que abalam a estrutura policromática da alma são os que não são lealmente recíprocos, em que há surdinas e coisas embaixo do pano. Consigo, com certa facilidade, farejar essa espécie de aproximação. Nas oportunidades em que tenho dúvidas, no entanto, prefiro restar paciente para firmar algum laço.
Ainda mais porque, como disse meu irmão (quando eu tinha 10 anos e cheguei chorando da escola porque algumas coleguinhas não eram legais comigo), em alto e tom retumbante: Grazy, fique feliz se você tiver um amigo em sua vida!!! A vida é dura e traiçoeira se você não estiver com os olhos bem abertos!!!

Há ocasiões diferentes, ainda, em que tenho problemas com as outras pessoas: as vezes em que já tenho um certo tipo de laço formado e não ajo como as pessoas gostariam que eu agisse. Por conta disso, alguns já me chamaram de imprevisível e outros já pararam de conversar comigo. Não, não faço nada grave: apenas não entro na internet porque tenho outros compromissos ou ignoro uma piada infame, por exemplo.

Ora, volto à raiz do que defendo: já busco encontrar a inconsciência dos meus atos para lutar contra o que não me for racional, vou procurar algo fora que me obrigue a agir de tal forma a nutrir a carência agradar os outros? Não, oras bolas. Carência traz relação parasitária, doentia. Já correspondência, ah, a correspondência soma e alegra, porque advém de espontaneidade dos envolvidos.

Ah, existe, ainda, uma espécie de falta que faz com que uma pessoa, de cara e superficialmente, já se alie a mim e me veja como a melhor pessoa do mundo. Mas ela não sabe NADA sobre mim. NADA. Apenas se encantou porque eu ri de um jeito legal para uma amiga ou porque eu comprei chocolate na cantina. Não sei, parece que alguma atitude ou qualidade minha preenche, de certa forma, o vazio de alguém e bum: quero ser teu amigo eternamente. E não é bem por aí, mesmo porque amizade e relacionamento não é um convite para ser amigo como no orkut ou uma simples clicada na mudança de status de solteiro para namorando. A vida não é imediata como apertar o enter.

O pior, no entanto, é quando ouvem "não será possível porque tenho compromisso com trabalho e/ou estudo". Eu, sinceramente, não sei direito porque me olham torto depois que digo isso. Não sei se é porque talvez não acreditem na minha resposta, se é porque não me veem como alguém que se importa com trabalho/estudo (só por que sou mulher e loira, mané?), se é porque as pessoas não estão muito acostumadas em ver uma garota se preocupar com seu futuro e deixar de lado festas, baladas, barezinhos, cantadas e pegações. Não entendo muito bem a razão para a estranheza e a indiferença, não mesmo.

A única resposta que posso imaginar, no momento, é que são pessoas imediatistas e de egoísmo descontrolado. Digo isso porque, ao contrário, tenho outras poucas pessoas ao meu lado que, ao saberem da minha indisponibilidade temporária, alegram-se e ainda falam "quando puder fugir, me dá um toque... se eu também puder, fazemos alguma coisa". Ou então: "bom, mas final do ano você vai para a praia, né?".

Vejo que, essas do meu lado, projetam seus planos e relacionamentos e não vivem no desvairado imediatismo que nada edifica, como aquelas que me fecham a cara do nada. E agradeço muito por eu pertencer a um grupo de pessoas cujos laços envolvem dias, meses, anos, e não somente momentos passageiros e estéreis de uma noite.

Não sei, mas ainda pareço uma peça deslocada de um quebra-cabeças diferente no qual estou inserida.

8 comentários:

  1. ...""Não sei, mas ainda pareço uma peça deslocada de um quebra-cabeças diferente no qual estou inserida.'''
    não é fora, não veio de fora, é o jogo que não faz parte de ti mas quer que seja inserida...
    não é costumes nem zumbis emotivos que vão conseguir sugar ou confundir teus pensamentos, pois é assim que se vive, acreditando e tendo fé no que se faz e no que se quer pro futuro...

    ''...cujos laços envolvem dias, meses, anos, e não somente momentos passageiros e estéreis de uma noite.''

    ;)

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  2. Grazy, mais uma das milésimas vezes que me transporto para o teu texto. Belas palavras amiga! As pessoas estão cada vez mais superficiais, imediatistas..enfim, vivem de (puta)aparência! És uma peça única!! te admiro cada vez mais :))))
    *_*

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  3. Grazy, mais uma das milésimas vezes que me transporto para o teu texto. Belas palavras amiga! As pessoas estão cada vez mais superficiais, imediatistas..enfim, vivem de (puta)aparência! És uma peça única!! te admiro cada vez mais :))))
    *_*

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  4. Grazy, mto interessante como mudou o tom do teu discurso... Ficou mais intimista, com o olhar pra dentro, suave... Gostei mto!
    :**

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  5. nhiiiimmmmmm *-*
    brigada, meninas =***
    amooo ^^

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  6. Fico empressionado com a clareza e coerência que tu expõe idéias, é sempre enrriquecedor acessar teu blog, aprendo muito com essa experiência,...parabéns e muito obrigado....
    Aaaaahh, e quanto a ser uma peça difícil de encaixar no quebra-cabeças, isso é normal quando se busca uma realidade construitiva, a maioria das peças não compreendem nada que vá além de seus braços, pois têm seus valores ditados pelas mídias.
    Bjão, o blog ta lindo...!!!

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  7. Obrigada, Betinho :)
    Buscar essa realidade construtiva parece, mesmo, um esforço contra a corrente :|
    Bjçao :***

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