segunda-feira, 10 de maio de 2010

O dia de hoje é o da traição



O dia de hoje é o da traição. Da traição mais oculta à traição mais parva, aquela na cara, mas que não vemos. E não é uma questão de semântica, de conceitos, de discrepância entre os entendimentos. Não. E, igualmente, não houve ilusão ou erro. Não. É uma questão de perversidade, maldade, de egoísmo e de individualismo.

É o dia em que as traições foram descobertas e se entrelaçaram, formando a tão falada cama-de-gato, em que se deitam os não tão puros de coração, os que acreditam um pouco na solidariedade e os que creem na parceria e, tolos, no outro. E nós, que cremos quando conveniente e que estávamos desatentos, olhando para frente, observando o próximo passo a ser dado e não nos atentamos para o chão.

É um dia de clareza de fatos, em que o silêncio se revelou barulhento em outra dimensão - a encoberta.

Nesse caminhar do sol, que ilumina quase tudo que está sobre a face do mundo, o que estava oculto e preparando o bote deslizou por pernas e picou nossa pele, fazendo-nos olhar para isso, para o que rastejava, o que estava embaixo de nossos pés se escondendo de forma vil.

À luz do meio-dia, a traição mostrou a sua face, encarando-nos e perturbando-nos com um sorriso parcial e macabro. Incitava à nossa reação, mas mantivemo-nos no susto, na inércia, no wtf?!?

Eles sabiam o que era pretendido; elas articularam a tomada de decisões e manipularam o convencimento para tanto. Elas propuseram uma mudança inesperada e desnecessária; eles se omitiram quanto à participação. Silenciaram-se, no ontem, perante o sol e brindavam às sombras e agiram e obtiveram êxito, de fato. Nessas horas, a cabeça dele rolou, mas a dela será posta num troféu - e ela não está nem aí. A importância dele baseou uma atitude. A dela, num pedido.

Com isso, fomos colocados na bandeja, com uma maçã na boca, impedindo-nos os nossos brados, com as mãos amarradas, obstando nossos gestos, com as pernas imobilizadas, sem espaço para correr, fugir, socorrer-se. E o pior: com a alma paralisada com a ação do veneno.

A traição mostrou sua forma e plantou indignação. Mas não importa mais o que pensemos, o que façamos contra seu modo, o quanto vociferemos: apesar da descoberta das jogadas, dos secretos, dos contatos mantidos no obscuro, teve êxito. Atingiu o seu objetivo e ainda nos imobilizou.

Mas, não houve paralisação total: os pensamentos mantêm-se livres. A imaginação desbrava qualquer limite. Uma estatégia se monta como consequência, meio que sem querer, meio que por instinto, por sobrevivência, por vingança.

Uma vingança não de re*ação, mas de ação: expurgam-se os obscuros, primando pelos que amam à luz, mesmo que traga descoberta de juízo negativo, pois são os raios que ajudam a focar mais o que já é desfocado: a nossa percepção - não precisamos de mais engodos; temos os nossos próprios (somos sombras por dentro). Por isso, andamos à luz e para a luz.

Uma ação diferente, no momento propício, se a claridade assim a quiser. Senão, não perdemos nada. Mas, de todo modo, mantemos a nossa fé, a nossa integridade sincera, nossos atos firmes.

Uma ação própria, porque vamos à luz, pois conhecemos bem o escuro.

O dia foi de vocês.
Mas a noite é nossa.

3 comentários:

  1. Belo texto Grazi! Me fez refletir...
    Há males que vem para o bem. No momento oportuno isso fica claro :))))))
    beijobeijo e uma semana cheia de emoções!!

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  2. Ainda pensando sobre seu texto. Até amanhã! Bj, Leilane

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