quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Whatever


Você cai de paraquedas em um contexto experimental e regrado, mutilador e opressor, moralista e indiferente às suas necessidades reais.
Recebe alimento e água, quando muito, e ainda ouve que é muito e que seu coração não pode se inspirar no desejo de querer um amor familiar terno e firme, nem uma afetividade relacional verdadeira entre seus (ím)pares.
Você cede. Associa-se às estratégias, aos jogos, a como o mecanismo social é engrenado na sua própria manutenção. Você sobrevive, simplesmente. Obscurece seus desejos e seus ideais. Você se molda de acordo com as condições que lhe são dadas. E não espere mais nada, pois sofrerá por ser idealista, um neófito à margem da realidade.
Não lute, não resista, é o que você ouve. Aceite tudo sem questionar, permita-se levar pelos manejos desse todo inconsciente que venera a competição e as neuroses individuais.
Não acredite em você, acredite no que lhe dizem e dance instável à música do tendencial.
Não sinta, não resista, não sinta.
Não tenha medo, não chore, não ame, não se importe. Não sinta.
Apenas exista; e no canto mais recolhido possível para que eventuais sussuros oprimidos de sua alma não perturbem a sonoridade monocromática do ritmo enfadonho social - que segue religiosamente o que lhe dizem.
É uma voz invisível que comanda. São laços penetráveis ao seu coração que o empedram.
Mas isso nem importa mais, já que você não viu outro caminho além de se anestiar com insobriedades seculares e máculas físicas.

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