sábado, 28 de maio de 2011

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Decidimos nosso caminho com base em nossas conveniências.
E essa decisão, feita cotidianamente, representa, de um lado, a aceitação de determinadas circunstâncias e implica, por outro, a negação de outras. É preciso coragem para enxergar essa inexorabilidade. É preciso fé em si mesmo para que sua escolha se mantenha, apesar de todo o reverso que o estado das coisas pode dar. Se isso acontecer e, no entanto, reconhecermos que tomamos o caminho errado, é preciso caráter para a reconstrução de um novo caminho.


Muitas pessoas se iludem e mentalizam que podem permanecer na dúvida, que não precisam e não vão tomar um rumo. Muitas pessoas se enganam com a mentira de que aceitar ou negar algo não representa, concomitante e respectivamente, aceitar ou negar outra coisa. Confundem-se. E no centro das convulsões iradas, não sabem o que aconteceu. Procuram inutilmente diversas justificativas para explicar tal "complexidade" - a base polar desse mundo é um dos fundamentos para o início de seu entendimento. E, nessa busca enlouquecida por alguma resposta lógica, muitos de nós não veem que permanecer na dúvida já é um escolha; que a aceitação de alguma coisa diretamente contraposta a outra significa a negação clara desta.

As conveniências, então, se perdem; os interesses são questionados. Debatemo-nos com as contradições daqui de dentro.



Mas, reconhecer a nossa contradição como parte de nossa existência é um primeiro passo para um caminho mais acertado, pois ignorar a realidade é um suicídio lento: impede que estado das coisas seja percebido com o discernimento necessário para que se possa realizar uma mudança ou um desenvolvimento.

O caminho mais acertado é o que a realidade descortina-se em nossa frente sem fantasias ou ilusões. Diante disso, enxergamo-nos nus. Não para um momento de vida, como para o banho ou para o amor. Enxergamo-nos nus em vergonha, despidos de nossas máscaras e falcatruas.

Nus, podemos saber que, em muitos momentos, perdemo-nos de nós mesmos e daqueles quem amamos. Que fomos ou somos contra eles, fomos ou somos contra nós mesmos. Agimos como se não nos importássemos com nossa imagem (perante nós e aqueles de estima), com nosso caráter e, em último degrau, nem com a nossa vida. Percebemos que brincamos conosco e com os outros, não de uma forma divertida, mas de um forma desonrosa.

Nus, tomamos conhecimento de tudo isso.

E, diante do reconhecimento dessa nudez, o que faremos?








Tomaremos um banho purificador e faremos amor ou
 procuraremos outra fantasia para encobrir nossa suposta vergonha
(considerando que vergonha é o próprio ato de esconder quem somos)?

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