domingo, 7 de fevereiro de 2010
That's all folks
Não temos mais retorno.
Sou pessimista.
Não acredito mais que possamos nos esforçar para nos dar um mundo livre de uma implosão.
Sou cética.
Estamos fadados a nos perder em nossas próprias ignorâncias e egoísmos, e só acordaremos quando a situação nos atingir diretamente. Conveniente.
Nossas arrogâncias nos condenam a consideração de que somos melhores que os outros animais, melhor que os outros seres, melhor que nós mesmos:
Digladiamo-nos, invertemos ideais, trocamos princípios por numerários, tudo em nome de uma hierarquia de valores convencionalizada promovida pelo consumismo irracional, pela ostentação material, pela desarrazoada necessidade de poder.
Nossas vidas são guiadas, reguladas, manipuladas por interesse de outros de nós, por suas visões distorcidas (para não dizer ridículas) da vida, por padrões que não aceitamos conscientemente.
Em nome de um deus rico, lançamo-nos contra nosso lar, contaminando o berço do que vamos ingerir, a nascente daquilo que necessitamos para sobreviver, depredando aquilo que mantém as condições normais para sentirmos nosso cotidiano sem preocupações.
Em busca de espaço, porque precisamos de muito (¬¬), invadimos mais que o necessário para nossa existência. Sobrepomos os limites do que nos é razoável e, na ostentação e na urgência de responder aos nossos anseios imperialistas, reduzimos o campo de vida de outros seres a uma reserva ecológica legal, a um zoológico, a uma jaula, a uma gaiola. Ninguém pode nos parar, o poder de nos conduzir e de conduzir os demais é nosso. Queremos irracionalmente. E fazemos acontecer. Soframos as conseqüências, portanto.
Nossas ruas rasgam antigos campos, florestas, mostrando que nossa força de conveniência é grande, é forte, é absoluta. Antigos e inexistentes habitats de outros animais nos mostram quem é o rei da selva contemporâneo, pois o antigo está preso ou, em breve, será o próximo em ameaça de extinção.
Seríamos empreendedores de sucesso na implantação do caos negativo se não fôssemos tolos inconscientes, gozadores irracionais dos prazeres capitais, ingratos para com tudo e dependentes de nossas criações. Só teríamos sucesso, pode-se dizer, se sobrevivêssemos aos efeitos de nossos atos. Mas se objetivamos nos corromper até nos degenerar, atingiremos certeiramente nosso alvo. O êxito é relativo. Como o são nossos sentimentos e juízos.
Mas, como apontado, somos inconscientes, embriagados pelas nossas tormentas fúteis diárias. Não sabemos, holisticamente, o que fazemos e para onde nos dirigimos quando praticamos um simples ato que, como uma sucessão de queda de pedras de dominó, significará um jogo inteiro na mesa, uma seqüência de conseqüências falhas, parvas, incoerentes. Assim o somos: incoerentes; damos os frutos da árvore que somos.
Queremos tanto o poder que não enxergamos que já o temos e o utilizamos mal, à nossa própria morte. Cegamo-nos com diversões fugazes, medidas paliativas de sobrevivência, discussões inférteis, relacionamentos frívolos. Esquecemo-nos do que somos, esquecemo-nos de ser. Queremos aparecer e parecer uma figura admirada e invejada: tornamo-nos uma caricatura inventada, falsa, manipulada.
Nossa inconsciência inconseqüente incoerente nos fadou ao fim. Fadamo-nos ao fim. É tudo para um tudo inexistente, criado, mentiroso. E, coitados ou não de nós, somos ignorantes. Alguns, embora cientes do mal, desconhecem a potência de todo o mal.
Não deveríamos existir antes de sabermos lidar conosco.
Alguém, algo nos pare, por favor, acorde-nos. Para que possamos, ao menos, findar com dignidade.
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